Entenda a importância da suplementação de fibras para a saúde mental

Olhar para a saúde intestinal de um paciente e fazer a ligação entre as condições psíquicas tem sido cada vez mais constante. Isso nos faz questionar como funciona essa relação e como podemos auxiliar no tratamento quando a situação é um quadro de melancolia, depressão ou ansiedade. Veja quais são os impactos da inflamação intestinal na saúde cerebral, qual a relação entre as bactérias e a produção de neurotransmissores e o importante papel da suplementação de fibras.

Fibras solúveis e insolúveis

Para contextualizar este artigo, é importante retomar que as fibras alimentam e estimulam a produção de grupos de bactérias benéficas que habitam o intestino.
Esse nutriente tão importante auxilia na manutenção da microbiota intestinal saudável, relacionada à proteção contra a colonização e proliferação de bactérias patogênicas, além de auxiliar na absorção adequada de nutrientes e no bom funcionamento do sistema imune. As fibras são classificadas de acordo com sua solubilidade:

SOLÚVEIS

Inulina, FOS (Frutooli- gossacarídeos), gomas (goma arábica e goma guar) pectinas, mucilagens, betagluacana, psyllium e hemicelulose tipo A.

Apresentam efeito metabólico no trato gastrointestinal:

  • Proporcionam o crescimento ou atividade de certas bactérias benéficas do intestino (prebióticos)

  • tempo de esvaziamento gástrico tornando mais lenta a digestão e absorção dos nutrientes = postergando a sensação de fome

  • Auxiliam na redução da absorção de açúcares e gorduras.

 

INSOLÚVEIS

Celulose (fibras vegetais), hemicelulose tipo B, amido resistente e lignina.

Inulina, FOS (Frutooli- gossacarídeos), gomas (goma arábica e goma guar) pectinas, mucilagens, betagluacana, psyllium e hemicelulose tipo A.

  • Reduzem a constipação:

  • massa fecal

  • maciez das fezes

  • frequência de evacuações

Cranberry

Recomendação x realidade

Se olharmos as doenças num âmbito geral, são poucas as que não estão relacionadas ao bom funcionamento do intestino.

A ingestão adequada de fibras é fundamental para manter a saúde intestinal. No entanto, o consumo diário está abaixo dos níveis recomendados em todo o mundo, com consequências importantes para a saúde pública.

A recomendação de ingestão diária é de 25 a 40g de fibras, mas a realidade é diferente: no Brasil, por exemplo, o consumo habitual é inferior a 15 gramas ao dia; por isso, a suplementação de fibras é primordial.

Os suplementos à base de prebióticos precisam conter fibras solúveis e insolúveis em proporções adequadas para o bom funcionamento do organismo. Ou seja, cerca de 75% mais solúveis do que insolúveis.

Além da saúde intestinal, estudos apontam que o consumo de fibras e a produção de bactérias gerada por elas tem influência também em outros.

Barreira protetora e saúde mental

O intestino é revestido com uma parede dupla protetora chamada de endotélio. É um sistema que possui múltiplas camadas, como uma barreira “física” externa e uma barreira “funcional” imunológica interna. Se este sistema sofre agressões e desequilíbrios (disbiose) a sua permeabilidade é atingida com reflexos múltiplos. Um dos principais efeitos é o aumento da translocação bacteriana. A microbiota translocada tende a ativar uma resposta inflamatória. O estado inflamatório crônico a nível gastrointestinal tem sido relacionado à ativação de áreas cerebrais associadas com a saúde mental, como o hipotálamo. Este quadro conduz ainda a amplificação de respostas imunológicas, que tem papel fundamental para fisiopatologia da depressão. Este desequilíbrio — a disbiose — interfere também no eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, levando a liberação do hormônio cortisol e das catecolaminas e dessa forma, desencadeando diversas reações neurológicas como irritabilidade, ansiedade e humor deprimido.

Além disso, a disbiose pode desencadear:

  • alergias;

  • intolerâncias alimentares;

  • doenças autoimunes;

  • prejuízos na absorção de diversos nutrientes que são necessários para a produção de neurotransmissores e outros impactos também na parte cerebral.

Bactérias e neurotransmissores

Uma maneira simplificada de compreender como o intestino pode estar envolvido com distúrbios comportamentais, é observar que as bactérias presentes no intestino podem influenciar na secreção de inúmeros neurotransmissores. Isso significa que um intestino em desarmonia pode representar uma mente em desequilíbrio. A comunicação das células no sistema nervoso se dá através dos neurotransmissores. Muitos deles são produzidos por bactérias que habitam nosso intestino. Dependendo da seleção e disponibilidade destas bactérias no nosso intestino, pode ocorrer uma redução na produção de neurotransmissores que exercem influência sobre o humor, a irritabilidade e a ansiedade.

Produção de neurotransmissores

Acompanhe abaixo a relação das bactérias e dos neurotransmissores produzidos por cada uma delas.

Lactobacillus, BifidobacteriumGABA
Escherichia, Bacillus, SaccharomycesNORADRENALINA
Streptococcus, Echerichia, EnterococcusSEROTONINA
Bacillus, SerratiaDOPAMINA
LactobacillusACETILCOLINA

Fibras e a flora intestinal

A combinação sinérgica de prebióticos (fibras) com probióticos (bactérias benéficas) é simbiótica. Esta conexão favorece a integridade da mucosa e uma comunidade de bactérias intestinais mais saudáveis.

Fibras prebióticas são substratos na manutenção do equilíbrio da flora intestinal, garantindo assim que as bactérias benéficas consigam efetivar a produção de neurotransmissores. Ainda, possibilitam a absorção de nutrientes e protegem a integridade da barreira intestinal. Por isso, em muitos casos, a suplementação de fibras é essencial.

Uma alimentação rica em fibras tem se mostrado importante para a manutenção de bactérias como as bifidobactérias, que compõem a barreira intestinal de maneira benéfica, inibindo a disbiose.

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