Aplicação Intramuscular (IM)

Cuidados na administração de medicamentos por via intramuscular

Este material incorpora evidências e dicas práticas para uma execução segura da técnica intramuscular, com intuito de gerar conforto e uma assistência eficaz ao paciente.

A aplicação intramuscular é a injeção de uma substância diretamente nas fibras musculares. Esse método permite a administração de substâncias oleosas e aquosas que são absorvidas devido à vascularização muscular.

Deve-se observar o cuidado de não aplicar inadvertidamente em um vaso sanguíneo. Assim, é de fundamental importância tracionar o êmbolo antes de injetar o medicamento para avaliar se há retorno sanguíneo.

Cuidados na
aplicação intramuscular

Leitura da prescrição médica
e Identificação do produto a ser injetado

· Ativo/formulação
· Apresentação
· Dose
· Via de administração

· pH
· Volume total a ser injetado
· Validade do produto

Exemplo de escolha do material adequado

· Seringas
· Agulha de aspiração
· Agulha de aplicação

· Algodão
· Fita microcopore
· Álcool ou Clorexidina

Definição do tamanho ideal da agulha

É de extrema importância a escolha correta das agulhas, a fim de garantir o alcance adequado da musculatura de acordo com o biotipo de cada paciente e com a solubilidade do líquido a ser injetado, como nos casos de pacientes obesos em que é importante considerar agulhas mais longas.

Usualmente são utilizadas:

– 25×0,7mm (pacientes adultos, idosos, soluções aquosas)
– 30X0,7mm (pacientes adultos, soluções aquosas)
– 25X0,8mm (pacientes adultos, soluções aquosas e oleosas)
– 30X0,8mm (pacientes adultos, soluções aquosas e oleosas)

A escolha inadequada da agulha pode permitir que a medicação atinja inervações, estruturas ósseas ou que fique retida no tecido adiposo podendo ocorrer nodulações ou outras reações adversas locais.

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Definição do local de aplicação

Recomendamos a aplicação IM preferencialmente nas regiões ventroglútea e dorsoglútea, de acordo com a individualidade do paciente e prática da equipe de enfermagem. A região ventroglútea é a mais segura para a administração por via IM, pois é uma região livre de vasos e nervos importantes.

O músculo deltóide possui limitações em seu uso, devido à sua pequena margem de segurança para lesões dos nervos radial e axilar, e também pelo fato de possuir pouca massa muscular, admitindo volume máximo de injeção de 0,5 a 1 mL. O músculo deltóide constitui o último a ser utilizado para aplicações intramusculares, devendo portanto ser evitado.

Seguimento das normas
de biossegurança

Um dos fatores mais importantes quando falamos de injetáveis é a capacitação da equipe de profissionais responsáveis pela preparação e aplicação das medicações. Existem técnicas e conhecimentos essenciais para executar uma administração segura, como:

  • Técnicas de higiene das mãos e antissepsia do local de aplicação.
  • Cuidados com riscos de contaminação microbiológica no preparo das soluções e no manuseio dos utensílios.

Como fazer a correta higienização das mãos:

1. Deposite na palma da mão uma dose de produto suficiente para cobrir toda a superfície a tratar.

2. Friccionar as palmas das mãos entre si.

3. Friccionar a palma direita sobre o dorso da esquerda, entrelaçando os dedos e viceversa.

4. Friccionar palma contra palma, entrelaçando os dedos.

5. Friccionar o dorso dos dedos contra a palma da mão oposta, agarrando os dedos.

6. Friccionar com um movimento de rotação o polegar com a palma da outra mão e vice-versa.

7. Friccionar a ponta dos dedos de uma mão contra a palma da outra, fazendo um movimento de rotação e vice-versa.

8. As mãos já estão seguras.

Habilidade técnica
para realização da injeção

Recomenda-se o uso da técnica em Z para administrar injeções intramusculares com o intuito de minimizar possíveis intercorrências, como a irritação local, uma vez que essa técnica bloqueia o medicamento dentro do tecido muscular.

Técnica em Z: Depois de fazer a antissepsia da região, puxar lateralmente a pele e os tecidos subcutâneos aproximadamente 2,5cm a 3,5cm. Segurando a pele esticada com a mão não dominante, introduzir a agulha profundamente no músculo.

Segurar a seringa e aspirar com uma mão; não havendo retorno de sangue na aspiração, injetar o medicamento devagar. A agulha deve permanecer por 10 segundos no músculo para permitir que o medicamento seja disperso de maneira homogênea.

Após a retirada da agulha, a pele é solta, o que cria um caminho em ziguezague, promovendo um tampão que ocluirá o ponto de introdução no músculo, de modo que a solução não refluirá no tecido subcutâneo, o que poderia provocar irritação.

Essa técnica resulta em menor desconforto e diminui a ocorrência de lesões na região da injeção.

Agulha

A troca da agulha de aspiração do medicamento por outra para a administração no músculo é recomendada para garantir que nenhuma solução permaneça do lado de fora da haste da agulha, o que pode provocar uma irritação local.
Sem a troca das agulhas também é possível ocorrer alterações na fiação do bisel, podendo causar um aumento da sensação de dor pelo paciente, além de elevar o risco de contaminação da agulha de aspiração pelo profissional de saúde durante a sua manipulação.

Quando a superfície do bisel encosta na superfície da ampola, altera sua fiação.
Como exemplo nessa imagem:

Volume máximo recomendado
para a aplicação IM em adultos

Solução aquosa:

de 4 a 5mL em cada músculo – de acordo com a avaliação do paciente
(musculatura, idade e peso)

Solução oleosa:

até 2mL em cada músculo de aplicação, de forma lenta e profunda.
O veículo oleoso proporciona a formação de um depósito do produto no músculo, e a velocidade de absorção do medicamento depende de diversos fatores, sendo algo muito individual de cada paciente.

Rodízio do local da aplicação

Ao administrar as injeções intramusculares é importante considerar o rodízio do local de aplicação durante sequências de injeções a fim de evitar complicações decorrentes de administrações intramusculares sucessivas no mesmo local. Por exemplo, pode ser que ainda contenha depósito do fármaco proveniente de alguma outra aplicação, sendo interessante o espaçamento mínimo de 1 semana ou mais entre as aplicações no mesmo músculo.

O ideal é que seja anotado no prontuário do paciente em qual lado do músculo foi aplicada a injeção IM com a respectiva data, para controle das aplicações.

É possível minimizar a dor na aplicação?

Sim. A utilização de um anestésico pode minimizar a sensibilidade de dor na aplicação. Pode-se associar, como exemplo, a Lidocaína, para aplicações intramusculares de produtos com veículo aquoso.

Exemplos de produtos intramusculares com pHs ou osmolaridade mais extremos, os quais podem causar desconforto na aplicação e podem ser associados à Lidocaína:

· Ácido lipóico 10mg/2mL; 100mg/5mL; 300mg/10mL
· L-Arginina (50%) 1g/2mL
· PQQ 5mg/2mL
· Acetil L-Carnitina 800mg/2mL
· D-Ribose 500mg/2mL

IMPORTANTE: Não é recomendada a associação de veículos oleosos com aquosos juntos na seringa. Também não são recomendadas aplicações de diferentes veículos na mesma região com menos de 1 semana de espaçamento, pois são veículos incompatíveis e, quando administrados de forma associada, podem resultar em dificuldade de absorção nas fibras musculares.

Exemplos de produtos oleosos para aplicação exclusiva intramuscular que não podem ser associados com Lidocaína na aplicação: Vitamina A, D3, K2, K1, ADEK2 e Coenzima Q10.

Dicas práticas

  • Após a retirada da agulha é possível realizar uma leve pressão no local para evitar o extravasamento e diminuir a possibilidade de hematomas.
  • É importante não massagear o local após a aplicação, permitindo que o músculo absorva naturalmente os fármacos que foram administrados.
  • Durante a introdução da agulha, o bisel deve estar lateralizado ou no sentido da fibra muscular e perpendicular à pele ou formando um ângulo de 90º.
  • Nos casos de alergias, com sintomas de calor ou prurido, podem ser colocadas compressas frias no local para aliviar os sintomas.

Possíveis erros na técnica
de aplicação Intramuscular

A injeção IM é um procedimento complexo. É imprescindível habilidade e conhecimento do profissional que realizará a aplicação.

Estudos relatam possíveis complicações relacionadas à má técnica de aplicação de medicamentos por essa via, tais como abscesso, eritema, embolia, celulite, necrose tecidual, contratura muscular, fibrose e perda de amplitude de movimento articular, possível lesão de nervos, músculos e vasos sanguíneos.

Para uma administração segura, é importante ressaltar que é de responsabilidade do médico e de sua equipe a correta manipulação do produto e sua aplicação, sendo de máxima importância observar previamente o produto, o tipo de ativo, concentração, validade, via de administração e a presença de alguma instabilidade no produto ou mistura.

Vantagens da via
injetável Intramuscular

  • Permite formação de depósito das vitaminas lipofílicas no músculo, com liberação lenta e gradativa
  • Otimização de resultados e melhora da resposta terapêutica
  • Excelente opção para pacientes com dificuldade de absorção dos ativos por via oral
  • Ideal para pacientes com baixa adesão à via oral (como dificuldade de deglutição de cápsulas, por exemplo)
  • Opção facilitada para pacientes com dificuldade de disciplina para o uso diário via oral
  • Acompanhamento de aplicações por um profissional de saúde.

É de suma importância que as aplicações intramusculares sejam realizadas da maneira mais segura possível, a fim de evitar reações e intercorrências, e assim possibilitando que pacientes e médicos possam usufruir ao máximo dos diversos benefícios que essa via possibilita.

IMPORTANTE

Este material é de apoio técnico para prescritores e é proibida a sua divulgação
para consumidores, nos termos do item 5.14 da RDC 67/2007.

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