Essential Atual

 

Histórico da Essential Atual.
Nossa newsletter quinzenal com novidades científicas nas áreas de nutrição e saúde.
Aqui estão as versões que enviamos até agora, fique à vontade para ler os artigos, links e referências.

Essential Atual

05 DE OUTUBRO DE 2023 | EDIÇÃO 69

Olá!

Nesta edição, a Essential Atual traz dois ensaios clínicos randomizados potencialmente úteis para a prática clínica, onde um confirma achados anteriores sobre o efeito de uma formulação com a presença do óleo de krill para a saúde articular. Já o segundo estudo, sobre a N-acetilcisteína (NAC), traz um possível benefício ainda pouco explorado para pacientes com obesidade ou até mesmo excesso de peso. 

Boa leitura!

Krill, astaxantina e ácido hialurônico na saúde articular

Um ensaio clínico multicêntrico, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo avaliou a eficácia e a segurança de um complexo oral contendo óleo de krill, astaxantina e ácido hialurônico na saúde das articulações em pessoas com osteoartrite leve do joelho ou do quadril.

O ensaio de Hill et al. (2023), publicado na Nutrients, durou 12 semanas. Os participantes (idade média, 58,0±11,06) receberam diariamente ou o complexo krill (FlexPro MD®; 600mg; n=48) ou o placebo (mix de óleos de palma e de soja, azeite de oliva e cera de abelha; 600mg; n=45).

No score de dor nas articulações, os participantes que receberam o complexo krill tiveram uma redução média estatisticamente maior em relação ao valor basal na Escala Visual Analógica de Dor Coreana (K-VAS) na semana 12 em comparação com os participantes do grupo placebo (20,8 ± 16,16 mm vs. 10,6 ± 17,58; p=0,0105). A pontuação total do Índice Coreano de Osteoartrite de Western Ontario e McMaster (K-WOMAC) também melhorou significativamente no grupo complexo krill na semana 12 em comparação com o placebo (-13,0 ± 13,62 vs. -5,5 ± 18,08; p=0,0489), especialmente no escore de dor (-2,5 ± 2,92 vs. -1,3 ± 3,94; p=0,02635).

Adicionalmente, o grupo intervenção apresentou melhora na pontuação da função articular, através das avaliações realizadas pelo investigador (p=0,0127) e pelos participantes (p=0,0070), incluindo melhor tolerabilidade.

O racional para a união dos nutrientes é que o óleo de krill fornece ácidos graxos ômega-3 ligados a fosfolipídios, facilmente absorvíveis, potencializando os efeitos anti-inflamatórios através da modulação dos eicosanoides pró-inflamatórios e da geração de compostos mediadores lipídicos de pró-resolução, como as resolvinas, protetinas e maresinas. A presença de astaxantina confere o efeito antioxidante e imunomodulador de maneira estável, e o ácido hialurônico de baixo peso molecular atua na melhora da lubrificação das articulações, atuando na redução da dor. É digno de nota que a presença dos fosfolipídios do krill melhora a absorção do ácido hialurônico.

N-acetilcisteína contra complicações da obesidade

Estudos vêm encontrando que a N-acetilcisteína (NAC), um aminoácido sulfurado derivado da cisteína acetilada, provê efeitos antioxidantes, melhora da secreção de insulina após a regulação da sua atividade receptora, na redução do tecido adiposo, na prevenção e melhora do dano endotelial e da isquemia, além da regulação do processo de liberação de citocinas pró-inflamatórias, entre outros efeitos.

Considerando que há muitas evidências sobre o papel da senescência na resistência à insulina e na inflamação como problemas na obesidade e distúrbios relacionados, e até mesmo na resistência à perda de peso, Sohouli et al. (2023) investigaram a suplementação de NAC sobre o envelhecimento celular e nas complicações da obesidade em homens e mulheres (25-50 anos; IMC ≥ 35 kg/m²).

Publicado na Frontiers in Nutrition, o estudo randomizado e duplo-cego foi executado no período anterior à cirurgia bariátrica dos participantes, e, durante a cirurgia, o tecido adiposo visceral foi usado para examinar a expressão gênica e as células senescentes através da β-galactosidase (SA-β-gal), que está associada à senescência.

A suplementação diária de 600 mg de NAC (n = 20) ou placebo (amido em pó; n = 20) foi ministrada durante 4 semanas, junto ao almoço. Ambos os grupos receberam as mesmas recomendações dietéticas, e a distribuição da ingestão calórica foi estimada em 30% de gordura, 50% de carboidratos e 20% de proteína.

Os achados mostraram que a intervenção com NAC reduziu significativamente a atividade da SA-β-gal e a expressão dos genes p16 e interleucina 6 (IL-6) no tecido adiposo visceral em comparação ao placebo. Além disso, outros efeitos foram observados, como a redução dos níveis de fatores inflamatórios, como a proteína C reativa de alta sensibilidade (hs-CRP), a glicemia em jejum, o modelo de avaliação da homeostase da resistência à insulina (HOMA-IR) e a insulina após ajuste em relação aos fatores de confusão. Como provável consequência da recomendação dietética a todos os participantes, em comparação com a linha de base, ambos os grupos apresentaram melhoras significativas nas características antropométricas e marcadores laboratoriais.

Fonte:

A Multicenter, Randomized, Double-Blinded, Placebo-Controlled Clinical Trial to Evaluate the Efficacy and Safety of a Krill Oil, Astaxanthin, and Oral Hyaluronic Acid Complex on Joint Health in People with Mild Osteoarthritis - PMC

Effects of N-acetylcysteine on aging cell and obesity complications in obese adults: a randomized, double-blind clinical trial

Krill Oil
Essential Atual

22 DE SETEMBRO DE 2023 | EDIÇÃO 68

Olá!

As vitaminas do complexo B atuam como cofatores de enzimas muito importantes em vias metabólicas de produção de energia e da manutenção adequada das funções nervosas.

Tendo em vista que a sua suplementação vem sendo associada a muitos desfechos na saúde, esta edição da Essential Atual traz dois ensaios clínicos randomizados que investigaram o papel benéfico da suplementação do complexo B em diferentes contextos: na enxaqueca pediátrica e no desempenho físico/fadiga em adultos saudáveis.

Boa leitura!

Suplementação de complexo B em diferentes contextos

Enxaqueca pediátrica

Dado que a deficiência de vitaminas do complexo B pode levar ao acúmulo de homocisteína, e a hiper-homocisteinemia pode estar associada à enxaqueca, Sadeghvand et al. (2023) avaliaram o efeito da suplementação de vitaminas do complexo B no alívio da enxaqueca em crianças.

O estudo prospectivo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo contou com a participação de noventa crianças (<15 anos) que apresentavam enxaqueca típica, com pelo menos um episódio por semana. As crianças foram divididas em dois grupos, recebendo diariamente ou complexo B ou placebo (não especificado). As cápsulas do complexo B (EuroVital) continham 9,3 mg de vitamina B1; 9,2 mg de vitamina B2; 31 mg de vitamina B3; 9,2 mg de ácido pantotênico (B5); 10 mg de vitamina B6; 411 μg de biotina (B7); 416 μg de ácido fólico (B9) e 9 μg de vitamina B12. A intervenção teve duração de seis meses.

No grupo intervenção, após a administração do complexo B, a frequência mensal da dor de cabeça (12,42 ± 3,67), a gravidade da dor [4 (4-5)] e a incapacidade pela dor (28,31 ± 7,95) diminuíram significativamente (p<0,05) em comparação com a linha de base [14,69 ± 5,06; 5 (5-6); 32,69 ± 9,23, respectivamente].

Além disso, ao comparar os grupos experimental e placebo ao final da intervenção, houve diminuição estatisticamente significativa (p<0,05) na frequência mensal da dor de cabeça, na severidade, duração e incapacidade pela dor [-3 (-4,5-0,5) vs. -1 (-3-2); -1 (-2-0) vs. 0 (-1-1); -4 (-8,5-2) vs. -1 (-2-2), respectivamente]. Por fim, os níveis de homocisteína também diminuíram significativamente (p<0,05) no grupo intervenção em comparação ao placebo [-2,45 (-5,34-1,72) vs 0,1 (-1,86-1), respectivamente].

Fadiga e desempenho físico em adultos

As vitaminas B desempenham um papel crucial na manutenção das funções celulares fundamentais e de várias vias metabólicas essenciais no corpo. Embora não forneçam energia diretamente, cada vitamina B atua como cofator nos processos do metabolismo energético. Assim, um grupo de pesquisadores investigou a hipótese de que a suplementação do complexo B melhoraria o desempenho físico e reduziria a fadiga física em adultos saudáveis.

O estudo randomizado duplo-cego e cruzado contou com a participação de trinta e dois indivíduos, que foram aleatoriamente designados para o grupo "B" (Ex PLUS®: vitamina B1 (33,6 mg), B2 (10 mg), B6 (50 mg), B12 (750 µg), vitamina E (16,8 mg), inositol (20 mg ), cálcio (18,9 mg) e taurina (20 mg), ou grupo placebo (não especificado). Eles ingeriram 1 cápsula ao dia, durante 28 dias consecutivos.

Após esse ciclo, houve um período de 14 dias no qual os indivíduos não receberam suplemento. Isso foi seguido por um segundo ciclo de intervenção de 28 dias, onde aqueles que receberam placebo durante o primeiro ciclo receberam o suplemento e vice-versa. Antes de cada fase experimental foram medidas a composição corporal, parâmetros bioquímicos sanguíneos e a tolerância ao exercício dos voluntários.

O grupo B apresentou uma melhora estatisticamente significativa de 1,26 vezes no tempo até a exaustão em comparação com as medidas iniciais (p<0,0001) e com o grupo placebo (p<0,0001). Não foi observada alteração significativa na composição corporal entre os grupos. Comparado ao placebo, o grupo B apresentou nível significativamente reduzido de produção de lactato do exercício nos 5 minutos até 30 minutos após o exercício, com recuperação acelerada do repouso aos 20 minutos até o término do teste (p<0,05). Os níveis de amônia se apresentaram de maneira semelhante aos do lactato (p<0,05).

Fontes:

The Effects of Vitamin B-Complex Supplementation on Serum Homocysteine Levels and Migraine Severity in Children A Randomized Controlled Trial.

A functional evaluation of anti-fatigue and exercise performance improvement following vitamin B complex supplementation in healthy humans, a randomized double-blind trial

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Essential Atual

05 DE SETEMBRO DE 2023 | EDIÇÃO 67

Olá!

O colágeno tipo II não desnaturado (UC-II®) tem se mostrado um nutriente promissor na melhora da dor em casos de doenças articulares, como a osteoartrite (OA). Sua capacidade de modulação da resposta imunológica, levando à restauração das articulações inflamadas explicaria seus benefícios.

A vitamina C é um potente antioxidante e seus efeitos benéficos na glicemia já vêm sendo mostrados na literatura, devido a sua capacidade de regular o estresse oxidativo, diminuir a produção de substâncias inflamatórias e aumentar a sensibilidade à insulina.

Nesta edição da Essential Atual trazemos os resultados de uma recente pesquisa europeia que investigou os efeitos da suplementação de UC-II® nos níveis de dor de adultos com diagnóstico de OA de joelho, além de uma recente metanálise que avaliou a exposição à vitamina C durante a gravidez e o surgimento de diabetes mellitus gestacional (DMG).

Boa leitura!

Colágeno UC-II: redução da dor na osteoartrite

Um grupo de investigadores envolvidos com a pesquisa médica esportiva na Espanha e Inglaterra publicaram o resultado de seu estudo longitudinal e retrospectivo, no qual testaram a suplementação diária de 40 mg de colágeno tipo II (CondroArtil®) não desnaturado para a redução da dor na osteoartrite (OA). O estudo contou com a participação de 100 pacientes (62 homens, 38 mulheres) com idade média de 46,3 ± 13,8 com OA no joelho, e o tempo de intervenção foi de seis meses.

O colágeno tipo II não desnaturado (UC-II®) é uma forma de colágeno que retém sua estrutura de hélice tripla nativa. Ele modula a resposta imune, induzindo a restauração das células e das articulações.

Fernández-Jaén et al. (2023) utilizaram a escala visual analógica (VAS) para medir os níveis de dor antes de iniciar a suplementação com UC-II e 6 meses depois. A maioria dos pacientes (60%) apresentava OA de leve à moderada (grau I ou II).

Os investigadores descobriram que a suplementação com UC-II® demonstrou reduzir significativamente os níveis de dor (p <0,001), estando em linha com o achado de Sadigursky et al. (2022), que também investigaram a mesma dose (40 mg) para a mesma condição (OA) e local afetado (joelho), em brasileiros de 60 a 80 anos durante 3 meses, juntamente com exercícios de cadeia cinética fechada, duas vezes por semana.

O estudo atual que aguarda a revisão por pares (preprint) sugere que o UC-II® é um tratamento eficaz para reduzir a dor em pacientes com OA de joelho. Adicionalmente, a fisioterapia e a suplementação de outros nutrientes, previamente, em parte dos participantes também mostrou um impacto significativo na redução da dor (p=0,017 e p=0,012, respectivamente), aumentando o leque de terapêuticas não farmacológicas potencialmente complementares, conforme as necessidades dos pacientes.

Vitamina C na prevenção do diabetes gestacional

O diabetes mellitus gestacional (DMG) tradicionalmente se refere à intolerância à glicose com início ou primeiro reconhecimento durante a gravidez. A prevenção é fundamental, desde que o DMG está associado a complicações obstétricas e neonatais e ao risco de futuras doenças cardiometabólicas maternas e infantis.

Como a suplementação de vitamina C já mostrou poder influenciar na redução dos níveis séricos de glicemia e de insulina em jejum e HbA1c em pacientes com diabetes tipo 2, investiga-se se o aumento dos níveis de vitamina C poderia também beneficiar as mulheres em período gestacional, ajudando a prevenir o DMG.

Agora, recém-publicada em Medicine (Baltimore), uma meta-análise nos auxilia nesse aprendizado ao encontrar que as mulheres com níveis baixos de vitamina C apresentaram maiores chances de desenvolver o DMG (OR: 2,72, IC 95%: 1,24–4,19). Para a análise, Zhou et al. (2023) contaram com dados de 10.131 pacientes, com 1.304 casos diagnosticados de DMG. Como as exposições à vitamina C ocorrem via dieta e/ou suplementação, eles consideraram somente os níveis séricos da vitamina, minimizando potenciais confundidores, como a absorção e o metabolismo pessoais.

Na discussão, os autores relatam resultados de estudos que poderiam elucidar como a baixa exposição à vitamina C aumentaria o risco de DMG. Primeiro, estudos em animais indicam que a sua ingestão pode reduzir os níveis de glicose, insulina e triglicerídeos plasmáticos. Em segundo lugar, a vitamina C pode melhorar a resistência à insulina induzida pelo fator de necrose tumoral-α em células HepG2, regulando a via de sinalização do substrato do receptor de insulina/proteína-quinase B/glicogênio sintase quinase 3β, aumentando assim a expressão da proteína transportadora de glicose 2 (GLUT2). Em terceiro, uma baixa concentração de vitamina C pode interferir no transporte de glicose pelos eritrócitos, levando à hiperglicemia. Por fim, a vitamina C pode aumentar a sensibilidade à insulina e reduzir os níveis de moléculas de adesão endotelial ao atenuar o estresse oxidativo.

Embora as evidências sustentem que o aumento dos níveis de vitamina C pode ajudar a reduzir o risco de DMG, é importante observar que ela por si só não substitui um plano de saúde pré-natal abrangente.

Fonte:

Pain Reduction and Tolerance of Type Ii Undenatured Collagen (Uc-Ii) in Patients With Knee Osteoarthritis[v1] | Preprints.org

UNDENATURED COLLAGEN TYPE II FOR THE TREATMENT OF OSTEOARTHRITIS OF THE KNEE - PMC

A comprehensive meta-analysis on the association between vitamin C intake and gestational diabetes mellitus: Insights and novel perspectives - PMC

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Essential Atual

11 DE AGOSTO DE 2023 | EDIÇÃO 66

Olá!

São inúmeros os estudos que protagonizam o ômega-3 e apresentam seus diversos benefícios multifatoriais, inclusive com propriedades anti-inflamatórias. As meta-análises de estudos randomizados contribuem para que seja possível acompanhar essa demanda de novas publicações.

Esta edição da Essential Atual traz três meta-análises recém-publicadas sobre o ômega-3, apresentando sua contribuição para a saúde cardiovascular, a saúde articular e a saúde metabólica, incluindo para gestantes com diabetes.

Boa leitura!

Resultados de três meta-análises de estudos clínicos sobre o ômega-3

Continua crescente o número de publicações científicas sobre as ações do ácido graxo poli-insaturado ômega-3 em diversos sistemas biológicos. Com isso, o acúmulo de evidências clínicas vai dando suporte ao aumento da realização de meta-análises, uma metodologia da pesquisa que, quando bem executada, ajuda a fornecer um panorama geral dos achados. Aqui, resumimos duas recém-publicadas:

1- A suplementação de ômega-3 melhora a síndrome metabólica e as doenças cardiovasculares relacionadas?

Publicada no Critical Reviews in Food Science and Nutrition, a revisão sistemática e meta-análise de 48 ensaios clínicos randomizados (n=8.489) demonstrou que a suplementação com ômega-3:

  • reduziu significativamente os triglicerídeos (WMD: −18,18 mg/dl; 95% CI: −25,41, −10,95; p < 0,001), colesterol total (WMD: − 3,38 mg/dl; 95% CI: −5,97, −0,79; p = 0,01), pressão arterial sistólica (WMD: −3,52 mmHg; 95% CI: −5,69, −1,35; p = 0,001), pressão arterial diastólica (WMD: −1,70 mmHg; 95% CI: −2,88, −0,51; p = 0,005), interleucina-6 (WMD: −0,64 pg/ml; 95% CI: −1,04, −0,25; p = 0,001), fator de necrose tumoral-α (WMD: −0,58 pg/ml; 95% CI: −0,96, −0,19; p = 0,004), proteína C reativa ( WMD: −0,32 mg/l; 95% CI: −0,50, −0,14; p < 0,001) e interleucina-1 (WMD: −242,95 pg/ml; 95% CI: −299,40, −186,50 ; p < 0,001);
  • aumentou significativamente a lipoproteína de alta densidade (HDL) (WMD: 0,99 mg/dl; IC 95%: 0,18, 1,80; p = 0,02);
  • não afetou a lipoproteína de baixa densidade (LDL), a proteína quimioatraente de monócitos-1, a molécula de adesão intracelular-1 e a selectina endotelial solúvel.

2- A suplementação de ômega-3 melhora os sintomas e a função articular de pacientes com osteoartrite?

Publicada no Journal of Orthopaedic Surgery and Research, a revisão sistemática e meta-análise de 9 ensaios clínicos randomizados (n=2.070), todos duplo-cegos, demonstrou que a suplementação com ômega-3:

  • pode aliviar significativamente a dor da artrite em comparação com o placebo (SMD: − 0,29, 95% CI − 0,47 a − 0,11, p = 0,002);
  • uma melhora mais notável na dor da artrite foi observada em pacientes < 65 anos do que em pacientes mais velhos;
  • melhorou a função articular de maneira significativa (SMD: − 0,21, IC 95%: − 0,34 a − 0,07, p = 0,002);
  • nenhuma reação grave relacionada ao tratamento com ômega-3 foi relatada nos estudos incluídos.

3- A suplementação de ômega-3 pode ajudar o metabolismo lipídico de mulheres com diabetes mellitus gestacional?

Publicada no Journal of Diabetes and its Complications, uma meta-análise de seis ensaios clínicos randomizados (331 gestantes com diabetes gestacional; duração da intervenção: 6 semanas; doses de 1.000 mg a 2.000 mg/dia) encontrou que, em comparação com os grupos placebos, a suplementação de ômega-3:

  • reduziu os níveis de triglicerídeos (WMD = −0,18 mmol/L; 95% CI: −0,29, −0,08) e colesterol de lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL) (WMD = −0,1 mmol/L; 95% CI: −0,16, −0,03), enquanto as lipoproteínas de alta densidade (HDL) (WMD = 0,06 mmol/L; IC 95%: 0,02, 0,10) aumentaram;
  • reduziu o fator inflamatório proteína C reativa (SMD = −0,68mmol/L; IC 95%: −0,96, −0,39).
  • Em conclusão, os achados sugerem que o ômega-3 pode reduzir a glicose plasmática em jejum enquanto melhora a resistência à insulina, o metabolismo lipídico (níveis mais baixos de TG e VLDL) e a resposta inflamatória (PCR) em mulheres com diabetes gestacional.

Fonte:

Wang, Yongjin; et al. Does omega-3 PUFAs supplementation improve metabolic syndrome and related cardiovascular diseases? A systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials

Deng, Wen; et al. Effect of omega-3 polyunsaturated fatty acids supplementation for patients with osteoarthritis: a meta-analysis | Journal of Orthopaedic Surgery and Research

Liu, Weixia; et al. Effects of omega-3 supplementation on glucose and lipid metabolism in patients with gestational diabetes: A meta-analysis of randomized controlled trials - ScienceDirect

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Essential Atual

19 DE JULHO DE 2023 | EDIÇÃO 65

Olá!

Após a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançar nova diretriz sobre o uso de adoçantes, o assunto passou a ser amplamente difundido. A Essential Atual traz algumas considerações sobre a meta-análise encomendada pela OMS por meio das quais será possível compreender aspectos relevantes para avaliar o uso desse ingrediente dietético.

Partiremos do ponto que cada adoçante sem açúcar possui uma estrutura química única e, portanto, é de extrema importância que especificações e cuidados comparativos estejam bem pontuados, a fim de facilitar compreensões sem que ocorram confusões interpretativas.

Boa leitura!

Abrindo a meta-análise encomendada pela OMS sobre "adoçantes sem açúcar"

Os adoçantes dietéticos, substitutos do açúcar, podem ser chamados por diferentes nomes e maneiras, incluindo "adoçantes sem açúcar", como foi denominado na revisão sistemática e meta-análise de Rios-Leyvraz e Montez (2022), encomendada pela OMS para a sua atualização. No entanto, mesmo que todos os adoçantes ativem os receptores de sabor doce em concentrações baixas, cada adoçante sem açúcar possui uma estrutura química única e, portanto, são extremamente importantes a especificação e os cuidados comparativos em uma investigação científica. Com esse cuidado, evita-se uma confusão interpretativa gerada a partir do compartilhamento dos resultados pela mídia e pelas redes sociais, especialmente ao considerarmos as necessidades dos pacientes com diabetes, pré-diabetes e condições associadas à resistência insulínica ou com protocolos que buscam evitar picos glicêmicos.

Os resultados do relatório de Rios-Leyvraz e Montez sugerem que, em estudos controlados randomizados de curto prazo, aqueles que consumiram adoçantes sem açúcar apresentaram menor peso corporal, menor IMC e menor ingestão de energia no final dos ensaios do que aqueles que não os consumiram, principalmente quando comparados com os que consumiram açúcar ou água. Isso mostrou que o uso de adoçantes sem açúcar pode ser uma ferramenta eficaz na perda de peso em curto prazo, quando seu uso acompanha uma redução na ingestão total de energia.

Já entre os resultados de estudos de coorte prospectivos, foram observados danos em longo prazo na forma de aumento do risco de obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e mortalidade e, em gestantes, um risco aumentado de parto prematuro.

Especificando os "adoçantes sem açúcar" analisados

Na análise de 50 estudos clínicos randomizados, lê-se que os compostos sintéticos investigados foram a sucralose, o acessulfame de potássio, o aspartame, o Advantame (adoçante artificial não calórico e análogo ao aspartame da Ajinomoto), o ciclamato, o neotame (derivado do aspartame) e a sacarina. Entre os adoçantes derivados de plantas ou bactérias (fermentação), os investigadores só incluíram na análise o adoçante derivado da planta Stevia rebaudiana. Nenhum açúcar de álcool (poliol) foi mencionado.

Como são moléculas diferentes, ao equiparar a estévia – um adoçante (de fonte natural) sem açúcar – com um adoçante (sintético) sem açúcar, os pesquisadores podem ter gerado um elemento confundidor extra dentre os vários resultados obtidos. Isso porque a grande maioria dos estudos clínicos randomizados publicados e usados nesta meta-análise até esta data sobre a estévia mostraram resultados favoráveis ao seu consumo humano. Assim, com o objetivo de esclarecimento, separamos os estudos que os investigadores incluíram na sua meta-análise sobre a estévia, fazendo um resumo de seus resultados:

  • Stamataki et al. (2020): o consumo de bebida adoçada com estévia antes do almoço reduziu o apetite e a ingestão total de energia sem afetar a glicemia ou o viés de atenção aos estímulos alimentares.
  • Stamataki et al. (2020): o consumo diário de estévia em doses reais não afeta a glicemia em indivíduos saudáveis ​​com peso normal e pode ajudar na manutenção do peso e na moderação da ingestão de energia.
  • Stamataki et al. (2020): este terceiro estudo de Stamataki et al. não encontrou diferença significativa nas respostas de glicose ou insulina em indivíduos saudáveis e encontrou ajuda da estévia na manutenção de peso e na moderação da ingestão de energia
  • Mayasari et al. (2018): o consumo de um chá adoçado com estévia reduziu significativamente o nível de glicemia de jejum (de 111,25 ± 7,20 mg/dL para 88,58 ± 13,19 mg/dL; p < 0,01), mas não o nível de glicemia pós-prandial de 2 horas (de 123,25 ± 37,61 mg/dL para 106,92 ± 18,82 mg/dL) em mulheres com pré-diabetes.
  • Maki et al. (2008): 1.000 mg/dia de estévia por 4 semanas não produziu alterações clinicamente importantes na pressão arterial em adultos saudáveis.
  • Barriocanal et al. (2008): 250 mg (3x/dia), tomado durante 3 meses, não provocou mudanças na HbA1c, glicose ou pressões arteriais (PAS E PAD) de indivíduos com diabetes, e o adoçante foi bem tolerado.
  • Barraj et al. (2021): encontraram o consumo brasileiro de estévia abaixo da ADI.
  • Durán et al. (2015): em estudantes universitários chilenos, foi encontrada associação positiva entre menor peso e consumo de estévia.
  • Kassi et al. (2016): "Conclusão: A introdução de lanches de baixa carga glicêmica à base de estévia em uma dieta de baixa caloria em pacientes com síndrome metabólica é segura e pode levar a uma redução adicional na PA, glicemia de jejum, LDL-ox e leptina em comparação com uma dieta hipocalórica sozinha".
  • Al-Dujaili et al. (2017): mostraram que a ingestão de estévia em curto prazo produziu um aumento pequeno, mas significativo, na PA, e o efeito no peso corporal e no IMC não foi significativo.
  • Sanchez-Delgado et al. (2019): estudo piloto, sucralose versus estévia: "Nossos resultados mostraram que, em comparação com a linha de base, houve um aumento modesto, mas significativo, de peso (p = 0,0293) no grupo da sucralose, enquanto o grupo dos glicosídeos de esteviol reduziu sua massa gorda (p = 0,0390). Não foram observadas diferenças na glicemia; no entanto, houve um aumento significativo nos triglicerídeos séricos (77,8-110,8 mg/dL) e colesterol (162,0-172,3 mg/dL) no grupo sucralose, enquanto o grupo esteviol apresentou triglicerídeos (104,7-92,8 mg/dL) e concentrações de TNF-α (51,1-47,5 pg/mL) mais baixos. (...) Nossos resultados sugerem que, mesmo em um curto espaço de tempo, a ingestão frequente de esteviol pode ter efeitos positivos em parâmetros metabólicos que podem ser relevantes para a saúde humana".
  • Dois estudos sobre a estévia estavam focados na saúde bucal e ambos concluíram favoravelmente ao uso da estévia (Vandana et al. 2017; Cocco et al. 2019). (Na seção "saúde oral", observa-se uma necessidade de revisão por pares para a devida correção do relatório.)
  • Alguns estudos citados na análise encomendada pela OMS não foram localizados, ou seja, os estudos aparentemente foram realizados, mas os resultados não foram postados abertamente ao público ou não foram postados até esta data.

É importante pontuar que:

  • Nenhum estudo sobre a estévia foi incluído na análise da mortalidade por todas as causas, mortalidade cardiovascular, eventos cardiovasculares, doença coronária, AVC isquêmico, AVC hemorrágico e hipertensão. Assim, os resultados desfavoráveis (p< 0,01; p< 0,01; p< 0,01; p = 0,09, p=0,02, p=0,03, p<0,01) são exclusivos dos adoçantes (sintéticos) sem açúcar.
  • Da mesma forma, nenhum estudo sobre a estévia encontrou resultado associado à obesidade; nenhum estudo sobre a estévia foi incluído na análise que encontrou associação com o diabetes; e, entre outros achados, estudos sobre os cânceres foram majoritariamente baseados nos adoçantes (sintéticos) sem açúcar.

Fechando o estudo

Esta breve leitura da revisão sistemática e meta-análise encomendada pela OMS serve para nos lembrar que a leitura na íntegra de um estudo científico é importante, pois mesmo estudos de autores ou instituições de renome, revisados por pares, podem apresentar lapsos confundidores, falhas e/ou viés interpretativo.

O uso de adoçantes sem açúcar deve ser considerado no contexto da saúde integral do paciente. De maneira geral, recomenda-se o uso em moderação de qualquer adoçante, incluindo até mesmo a estévia. Sobre os adoçantes sintéticos sem açúcar, mais conhecidos como adoçantes artificiais, há anos que os resultados de estudos alertam para a sua toxidade e possíveis malefícios à saúde humana no longo prazo.

Fonte:

Lacombe, Julie; et al. Rios-Leyvraz, Magali; et al. Health effects of the use of non-sugar sweeteners: a systematic review and meta-analysis

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Essential Atual

28 DE JUNHO DE 2023 | EDIÇÃO 64

Olá!

O crescente número de pesquisas sobre a diabetes tem possibilitado novas descobertas e melhorado a compreensão sobre essa doença multifatorial. Centrados nesse tema, abrimos esta edição da Essential Atual com uma análise publicada no Advances in Nutrition, que investigou os efeitos do ômega-3 na prevenção de doenças cardiovasculares em pacientes com diabetes.

No segundo destaque, um estudo publicado no Cell Reports descobriu uma nova proteína dependente da vitamina K - ERGP (proteína gla do retículo endoplasmático) -, mais uma possível via de prevenção contra a diabetes tipo 2.

Boa leitura!

Meta-análise: ômega-3 na diabetes

Uma meta-análise de estudos randomizados investigou o efeito dos ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 nos resultados cardiovasculares em pacientes com diabetes. Esses lipídios mostram ter efeitos protetores nos processos fisiopatológicos de várias doenças e síndromes, como inflamação e disfunção endotelial. Recentemente (2022), uma revisão sistemática de ensaios clínicos mostrou que a suplementação com ômega-3 pode reduzir os produtos finais de glicação avançada, que estão associados ao aumento de eventos cardiovasculares em pacientes com diabetes tipo 2.

Na meta-análise atual de Huang et al. (2023), todos os estudos (n=57.754) foram duplo-cegos, controlados por placebo, exceto o JELIS, que foi um estudo aberto. Deles, seis estudos testaram formulações de EPA + DHA em doses, variando de 850 a 4000 mg/dia, enquanto o "Japan EPA Lipid Intervention Study" (JELIS) e o REDUCE-IT testaram EPA sozinho em doses, variando de 1800 a 4000 mg/dia. Apenas o estudo VITAL-HF incluiu explicitamente pacientes com diabetes tipo 2, e os demais estudos não especificaram o tipo de diabetes.

Como resultado, os investigadores encontraram que a suplementação com ômega-3 reduziu o risco de doença cardiovascular (DCV) em pacientes com diabetes (RR=0,93, 95% CI=0,90-0,97, P=0,0009). Mesmo nos estudos cujos resultados não alcançaram significância estatística, foi encontrada uma tendência favorável aos grupos suplementados com ômega-3, sendo que o ácido eicosapentaenoico (EPA) por si só (sem o ácido docosahexaenoico, DHA) atingiu redução estatisticamente significativa para o risco de DCV em pacientes com diabetes [EPA (RR=0,81, 95% CI=0,73-0,90, P=0,0001)]. No entanto, devido à ocorrência de variáveis entre os estudos e entre os participantes, como a dose utilizada, diferenças nos fatores dietéticos, clínicos e ambientais, além da variação dos genes dessaturase de ácido graxo 1 (FADS1 e FADS2), os investigadores declaram que ainda é prematuro afirmar que o uso isolado de EPA seja mais vantajoso do que o uso de EPA + DHA para a prevenção de DCV em pacientes com diabetes.

Fonte:

Huang, Linlin; et al. Effect of Omega-3 Polyunsaturated Fatty Acids on Cardiovascular Outcomes in Patients with Diabetes: A Meta-analysis of Randomized Controlled Trials - ScienceDirect

Mendes, Nélia P; et al. Does dietary fat affect advanced glycation end products and their receptors? A systematic review of clinical trials

Vit K na proteção contra a diabetes 2

Ao tentar responder se a vitamina K afeta diretamente a função das células β e sob quais mecanismos, estudo publicado no Cell Reports identificou a proteína gama-carboxilada ERGP (proteína gla do retículo endoplasmático) com um papel importante na manutenção dos níveis fisiológicos de cálcio nas células β. A vitamina K (VK) é conhecida por seu papel na coagulação do sangue, em particular na gama-carboxilação, uma reação enzimática essencial para o processo.

Usando uma combinação de ferramentas genéticas, celulares e bioquímicas desenvolvidas para estudar a γ-carboxilação, Lacombe et al. (2023) descobriram que a VK (através da γ-carboxilação) é essencial para a ERGP desempenhar seu papel, evitando um distúrbio na secreção de insulina.

Anteriormente, a carboxilação dependente de VK demonstrou desempenhar um papel crítico no fígado, onde é essencial para a ativação de uma série de fatores de coagulação, e nas artérias, cartilagens e ossos, onde controla a atividade de duas pequenas proteínas Gla: proteína gla matrix (MGP) e osteocalcina. Mas vários estudos sugeriam uma ligação entre uma ingestão reduzida de vitamina K e um risco aumentado de diabetes tipo 2. Os achados atuais, portanto, estabelecem pela primeira vez um papel crítico da VK no pâncreas, onde ela se mostra ativa nas ilhotas pancreáticas, e, mais especificamente, sobre as células β.

Essa descoberta significa um avanço bem-vindo na compreensão dos mecanismos subjacentes à diabetes, uma doença que vem afetando uma em cada 11 pessoas no mundo.

Fonte:

Lacombe, Julie; et al. Vitamin K-dependent carboxylation regulates Ca2+ flux and adaptation to metabolic stress in β cells

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Essential Atual

14 DE JUNHO DE 2023 | EDIÇÃO 63

Olá!

Abrindo esta edição da Essential Atual com um estudo recém-publicado no Journal of Dietary Supplements, onde foi observada a eficácia da curcumina com biodisponibilidade aprimorada no tratamento dos sintomas do resfriado.

Paralelamente, em um compilado de estudos publicado no The American Journal of Clinical Nutrition, os investigadores também encontraram benefícios da curcumina biodisponível, nesse caso para a perda de peso e redução de índices antropométricos.

O segundo destaque apresenta uma revisão de estudos publicada no Molecular Nutrition & Food Research, tendo como foco a Coenzima Q10. A publicação trata sobre a eficácia e a dosagem ideal da suplementação de CoQ10 com relação a indicadores inflamatórios na população em geral.

Boa leitura!

Efeitos da curcumina biodisponível no resfriado

Há muito que se pensa que a curcumina poderia atuar contra o resfriado comum, de acordo com achados in vitro e in vivo. Agora, publicado no Journal of Dietary Supplements, um primeiro estudo controlado e randomizado demonstrou a eficácia da curcumina com biodisponibilidade aprimorada ("enhanced"), o que a torna mais absorvível, no tratamento dos sintomas do resfriado comum em japoneses saudáveis.

A curcumina, um tipo de polifenol que apresenta forte característica anti-inflamatória, já mostrou poder inibir a produção de bradicinina e prostaglandinas, suprimir a liberação de citocinas inflamatórias, como o fator de necrose tumoral (TNF)-α e as interleucinas IL-1β, IL-6 e IL-8, e possuir propriedades antivirais.

Kuwabara et al. (2023) testaram duas formas de curcumina biodisponível contra um placebo em 90 adultos (> 20 anos). Durante doze semanas, um total de 150mg de curcumina foi ministrado em duas tomadas, diariamente: 10-15 minutos antes do café da manhã e antes do jantar.

Entre os achados positivos, a média ± DP do número cumulativo de dias para os quais os sintomas do resfriado comum persistiram e a frequência entre os afetados foi de 38,6 ± 33,8 dias e 45,7 ± 40,1% nos grupos suplementados com curcumina versus 56,8 ± 32,0 dias e 67,0 ± 37,7% no grupo placebo, respectivamente.


Paralelamente, uma revisão e meta-análise de 50 estudos randomizados e controlados, publicada no The American Journal of Clinical Nutrition, também encontrou superioridade da curcumina biodisponível para a perda de peso e redução de índices antropométricos. Nela, Unhapipatpong et al. (2023) reportam que os efeitos se mantiveram significativos mesmo em adultos com obesidade e diabetes.

Fonte:

Kuwabara Y, et al. Effects of Highly Bioavailable Curcumin Supplementation on Common Cold Symptoms and Immune and Inflammatory Functions in Healthy Japanese Subjects: A Randomized Controlled Study.

Unhapipatpong C, et al. The effect of curcumin supplementation on weight loss and anthropometric indices: an umbrella review and updated meta-analyses of randomized controlled trials.

Dose da CoQ10 na inflamação: meta-análise de RCTs

A coenzima Q10 (CoQ10) vem se popularizando devido à sua ampla gama de efeitos biológicos benéficos e à sua segurança de uso, demonstrada há décadas. Agora, uma revisão sistemática e meta-análise de estudos controlados e randomizados publicada no Molecular Nutrition & Food Research traz uma avaliação sob o sistema GRADE sobre a eficácia e a dose ideal da suplementação de CoQ10 sobre indicadores inflamatórios na população em geral.

Hu et al. (2023) incluíram na análise 30 estudos (n=1506). A dose diária de CoQ10 variou de 30mg a 500mg e a duração do tratamento variou de 2 a 48 semanas. Os investigadores encontraram que a suplementação oral de CoQ10 foi significativamente eficaz na diminuição da circulação da proteína C reativa (CRP), da interleucina-6 (IL-6) e do fator de necrose tumoral-α (TNF-α):

PCR circulante (SMD: -0,40, 95% CI: [-0,67 a -0,13], p = 0,003). A suplementação com CoQ10 reduziu significativamente as concentrações de PCR em pessoas saudáveis (p < 0,001) e também mostrou uma tendência decrescente em pacientes com DCV;
• IL-6 (SMD: -0,67, 95% CI: [-1,01 a -0,33], p < 0,001). A redução significativa ocorreu em pacientes com DCV e outras doenças, bem como pessoas saudáveis;
• TNF-α (SMD: -1,06, IC 95%: [-1,59 a -0,52], p < 0,001). Entre todos os participantes com diferentes estados de saúde, a diminuição significativa nos níveis de TNF-α existiu nos subconjuntos de pacientes com dislipidemia, DHGNA e outras doenças, mas não nos indivíduos saudáveis.

A dose encontrada para a sua superior eficácia de inibição de fatores inflamatórios foi de 300-400mg/dia, concluíram os investigadores 

Fonte:

Hou S, et al. Efficacy and Optimal Dose of Coenzyme Q10 Supplementation on Inflammation-Related Biomarkers: A GRADE-Assessed Systematic Review and Updated Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials

Lançamentos: Omega Clarity e Omega Golden
Essential Atual

03 DE MAIO DE 2023 | EDIÇÃO 62

Olá!

Bastante popular em suplementos "energéticos", onde atua para favorecer a concentração, a taurina vem ganhando atenção crescente da comunidade científica. 

No destaque de abertura desta Essential Atual trazemos pesquisas recentes, publicadas em Biomedical Human Kinetics e Nutrients, que indicam potenciais benefícios do aminoácido na redução do lactato muscular e na prevenção da fadiga visual. 

No segundo artigo, noticiamos uma revisão sistemática, publicada em Antioxidants, que investigou os antioxidantes efetivos mais estudados, e suas doses, no tratamento da infertilidade masculina.

Boa leitura!

Taurina: novos achados ampliam aplicações

Com um aprofundamento da pesquisa em torno da taurina, por vezes, tem-se a sensação que ela espelha os efeitos da creatina e, portanto, vem entrando mais e mais nos protocolos esportivos e de saúde.

No campo esportivo, prevê-se que a taurina possa aumentar a força e a resistência muscular e causar uma diminuição nos tempos de recuperação após o exercício, bem como apoiar a hipertrofia muscular ao absorver água na célula muscular.

Na construção desse conhecimento, um estudo recém-publicado no Biomedical Human Kinetics encontrou que o consumo de 0,1 g/kg de taurina (versus 18 mg de aspartame como placebo) antes do exercício de resistência pode afetar positivamente o desempenho do exercício, aumentando o volume do exercício e reduzindo os níveis de lactato.

O estudo de Akalp et al. (2023) contou com a participação de somente dez adultos do sexo masculino treinados em resistência (idade 21,4 ± 2,01 anos; IMC: 23,6 ± 2,5 kg/m2), no entanto, chamou a atenção pela redução significativa de lactato (p < 0.05), um feito não comumente encontrado com outras moléculas.


Na saúde, uma nova potencial funcionalidade do aminoácido foi demonstrada por pesquisadores chineses através do seu estudo de revisão publicado em Nutrients. Nele, Duan et al. (2023) demonstram o progresso na pesquisa sobre o mecanismo de ação da taurina no alívio da fadiga visual – através de seus efeitos antioxidantes e neuroprotetores, favorecendo uma melhor sobrevivência dos fotorreceptores retinianos.

Fonte:

Akalp K, et al. Effects of acute taurine consumption on single bout of muscular endurance resistance exercise performance and recovery in resistance trained young male adults.

Duan H, et al. Taurine: A Source and Application for the Relief of Visual Fatigue.

Antioxidantes na fertilidade masculina

Uma crescente coleção de pesquisas confirma que a saúde da fertilidade dos homens é tão importante quanto a das mulheres quando os casais estão tentando engravidar. O estresse oxidativo pode desempenhar um papel cada vez mais importante dentre os fatores ambientais quando a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) excede a capacidade de neutralização antioxidante natural do corpo e, portanto, o suporte nutricional é essencial no período periconcepcional.

Publicada em Antioxidants, uma revisão sistemática de cinquenta estudos identificou os nutrientes mais testados para ajudar na infertilidade masculina. Dimitriadis et al. (2023) investigaram o benefício da suplementação de antioxidantes sobre os parâmetros do sêmen, como concentração de esperma, morfologia, dano ao DNA, motilidade e taxa de fertilidade.

Em alguns estudos, os pesquisadores descobriram que a suplementação de antioxidantes pode ser benéfica na reversão da disfunção espermática relacionada ao excesso de estresse oxidativo e na melhora das taxas de gestação. As preparações mais comumente utilizadas, seja em monoterapia ou em combinação (múltiplos antioxidantes), foram: vitamina E (400 mg), carnitina (500–1000 mg), vitamina C (500–1000 mg), CoQ10 (100–300 mg), NAC (600 mg), zinco (25–400 mg), ácido fólico (0,5 mg), selênio (200 mg) e licopeno (6–8 mg).

Fonte:

Dimitriadis F, et al. Antioxidant Supplementation on Male Fertility—A Systematic Review

Lançamentos: Omega Clarity e Omega Golden
Essential Atual

06 DE ABRIL DE 2023 | EDIÇÃO 61

Olá!

O magnésio é um elemento crucial para vários processos celulares, incluindo mais de 600 reações enzimáticas. Porém, ao mesmo tempo, baixos níveis de magnésio são observados em grande parte da população.

No Brasil, em especial, se registra solos pobres de magnésio. Isso se deve tanto ao material de origem, com baixas concentrações do nutriente, quanto aos processos da formação dos solos. Nesse cenário, selecionamos para esta Essential Atual dois estudos focados no mineral.

No destaque de abertura, uma revisão sistemática e meta-análise publicada em Nutrients traçou relações entre baixas concentrações séricas de magnésio e o risco de fraturas. 

No segundo texto, um estudo randomizado e controlado analisou os efeitos da suplementação com magnésio ou vitamina B6 nos sintomas de  pacientes diagnosticados com síndrome das pernas inquietas.

Boa leitura!

Magnésio na prevenção da saúde óssea

Uma grande parte dos déficits leves a moderados de magnésio é subestimada e não reconhecida. Muitas vezes, isso ocorre porque, como um íon principalmente intracelular, o magnésio se encontra fundamentalmente presente em cerca de 67% no tecido ósseo. Em contraste, apenas 1% dele está presente no sangue. Assim, o exame de magnésio sérico pode não refletir o seu estado global no corpo, desde que sua redução no sangue ocorre somente quando os depósitos teciduais se esgotam.

Com o objetivo de examinar o impacto do magnésio sérico no risco de fratura incidente, Dominguez et al. (2023) realizaram uma revisão sitemática e meta-análise (n=119.755; idade média, 62 anos; 33% mulheres) de estudos observacionais com análises ajustadas para uma média de 15 possíveis fatores de confusão.

Publicada em Nutrients, a análise encontrou que concentrações séricas mais baixas de magnésio foram associadas a um risco significativamente maior de fraturas incidentes (RR = 1,579; IC 95%: 1,216–2,051; p = 0,001; I2 = 46,9%), adicionando à já conhecida evidência clínica de sua associação com a densidade óssea.

Considerando que dois dos estudos incluídos na análise foram realizados em pacientes em diálise, vale ressaltar que ultimamente mais atenção tem sido dada ao importante papel desempenhado pelo rim na homeostase do magnésio, bem como do magnésio nas comorbidades associadas à doença renal crônica.

Fonte:

Dominguez L, et al. Association between Serum Magnesium and Fractures: A Systematic Review and Meta-Analysis of Observational Studies.

Magnésio e vitamina B6 nos sintomas da síndrome das pernas inquietas

A síndrome das pernas inquietas (SPI) é um dos distúrbios do sono mais prevalentes, girando em torno de 7 a 10% entre a população em geral e de 20 a 30% entre pessoas com diabetes. Como implicações da síndrome, observa-se sonolência ou cansaço diurnos, declínio na qualidade de vida, tristeza e transtornos de ansiedade, além de ser um fator de risco para doenças cardiovasculares.

Dentre os nutrientes associados a melhorias dos sintomas, o ferro é o mais conhecido. Não tão conhecido é o fato de que pacientes com a SPI muitas vezes podem estar com baixos níveis de magnésio e algumas vitaminas do complexo B, como a B12, folato e a B6, e cujas suplementações já mostraram reduzir os sintomas.

Publicado no BMC Complementary Medicine and Therapies, um estudo randomizado e controlado dividiu 75 pacientes (idade média, 40,06 ± 8,6 anos) em três grupos que receberam diariamente ou vitamina B6 (40mg) ou óxido de magnésio (250 mg) ou placebo, juntamente com o medicamento pramipexol.

Um mês depois, a gravidade da doença e a qualidade do sono melhoraram nos três grupos, no entanto, no segundo mês, os grupos B6 e magnésio superaram o grupo de controle (P 0,05). Ao comparar ambos nutrientes em separado, a qualidade média do índice do sono de Pittsburgh e os escores do questionário da SPI no grupo de intervenção com óxido de magnésio foram significativamente mais baixos (P 0,05), o que mostrou uma certa superioridade do magnésio.  Se a integração de magnésio + B6 junto ao medicamento padrão poderia ajudar de maneira aditiva, isso ainda não foi investigado.

Fonte:

Jadidi A, et al. Therapeutic effects of magnesium and vitamin B6 in alleviating the symptoms of restless legs syndrome: a randomized controlled clinical trial

Aminolift Tangerina - 9 aminoácidos essenciais + magnésio + vitamina B6
Essential Atual

22 DE MARÇO DE 2023 | EDIÇÃO 60

Olá!

O estímulo ao bom funcionamento mitocondrial é algo que, por sua importância para a saúde em geral, já passou por esta Essential Atual. Nesta edição, no entanto, trazemos como destaque de abertura um estudo que analisou os efeitos da combinação de astaxantina e exercícios físicos para o estímulo à flexibilidade metabólica.

Entre os achados, destaca-se uma redução na oxidação de carboidratos, que pode ser interessante para indivíduos com sobrepeso, entre outros.  

No segundo destaque desta edição, uma pesquisa sobre os efeitos da vitamina E na insônia crônica pós-menopáusica.

Boa leitura!

Astaxantina e exercício para a flexibilidade metabólica

A inflexibilidade metabólica é comumente observada em indivíduos que sofrem de disfunção cardiometabólica, como resistência à insulina ou diabetes mellitus tipo 2. Neles, geralmente ocorre uma dependência predominante da oxidação de carboidratos e uma capacidade diminuída de oxidar gorduras para a obtenção de energia.

Uma vez que a oxidação de nutrientes depende em grande parte da saúde e função mitocondrial, a flexibilização para a oxidação de gorduras e uma redução subsequente do lactato pode demonstrar, de maneira indireta, mitocôndrias mais robustas e mais saúde geral.

Investigando achados positivos anteriores obtidos via animais, Wika et al. (2023) suplementaram dezenove indivíduos, que completaram testes de exercício, com 12 mg de astaxantina ou placebo por 4 semanas, para examinar as mudanças nos níveis de glicose e lactato, taxas de oxidação de gordura e carboidrato (CHO), frequência cardíaca e avaliação do esforço percebido (RPE).

Publicado no International Journal of Exercise Science, o estudo não encontrou alterações nas taxas de oxidação de gordura, lactato e glicose sanguíneos, ou RPE (todos p > 0,05). No entanto, foi encontrada uma diminuição significativa na oxidação de CHO apenas no grupo astaxantina. Além disso, o grupo astaxantina demonstrou uma diminuição de 7% na frequência cardíaca durante o teste de exercício graduado. 

Esses achados sugerem que 4 semanas de suplementação de astaxantina podem oferecer alguns benefícios cardiometabólicos para indivíduos com sobrepeso, em especial, favorecendo aqueles iniciantes de um programa de exercícios.

Fonte:

Wika A, et al. Astaxanthin Reduces Heart Rate and Carbohydrate Oxidation Rates During Exercise in Overweight Individuals.

Vitamina E na insônia crônica pós-menopáusica

Os principais resultados de um estudo prospectivo, duplo-cego, randomizado e controlado, publicado em Nutrients, indicam que a suplementação de vitamina E por um mês pode melhorar a qualidade do sono e reduzir o uso de drogas sedativas em mulheres na pós-menopausa com transtorno de insônia crônica.

O estudo recrutou 160 mulheres na pós-menopausa com transtorno de insônia crônica, divididas aleatoriamente em dois grupos. O grupo vitamina E recebeu 400 UI de um mix de tocoferóis (20% delta-tocoferol, 1% beta-tocoferol, 62% gama-tocoferol e 10% alfa-tocoferol) uma vez ao dia. Em contraste, aquelas no grupo placebo receberam cápsulas idênticas de placebo uma vez ao dia.

Ambos os grupos apresentavam características basais semelhantes, com exceção da pontuação mediana do Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (PSQI), que se apresentou ligeiramente maior (indicando qualidade de sono inferior) no grupo estabelecido para receber a vitamina E em comparação com o placebo (p=0,019).

Após um mês de suplementação, a pontuação do PSQI se tornou significativamente menor (indicando melhor qualidade do sono) no grupo da vitamina E em comparação com o placebo (p=0,012). O escore de melhora também foi significativamente maior no grupo da vitamina E em comparação com o placebo (p < 0,001). Além disso, houve redução significativa no percentual de pacientes em uso de sedativos no grupo vitamina E (15%; p=0,009), enquanto essa redução não foi estatisticamente significativa no grupo placebo (7,5%; p=0,077).

Fonte:

Thongchumnum W, et al. Effect of Vitamin E Supplementation on Chronic Insomnia Disorder in Postmenopausal Women: A Prospective, Double-Blinded Randomized Controlled Trial

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Essential Atual

02 DE MARÇO DE 2023 | EDIÇÃO 59

Olá!

O estudo clínico escolhido para abrir esta edição da Essential Atual traz as vantagens do consumo de whey protein antes de refeições, sendo uma alternativa para controle glicêmico de pessoas com diabetes tipo 2.

A pesquisa publicada por The Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism reporta que esse consumo pode reduzir a glicemia pós-prandial (GPP), retardando o esvaziamento gástrico e aumentando as concentrações plasmáticas de insulina. Tais resultados são interessantes não só para portadores de diabetes, como também para pessoas saudáveis e que buscam mais qualidade de vida.

No segundo destaque desta edição, um estudo sobre os benefícios da canela ou de seus componentes - eugenol, ácido cinâmico e cinamaldeído - para melhorar a memória e o aprendizado.

Boa leitura!

Whey protein antes das refeições

Mitigar as excursões hiperglicêmicas pós-prandiais pode ser eficaz não apenas para melhorar o controle glicêmico de pessoas com diabetes tipo 2, mas também para reduzir o aparecimento de complicações relacionadas ao próprio diabetes. No longo prazo, essa mitigação também tem sido considerada por indivíduos saudáveis, adeptos de ações para uma longevidade qualitativa, desde que os níveis glicêmicos podem servir como um biomarcador de saúde.

Um pequeno estudo cruzado simples-cego, randomizado e controlado por placebo, publicado no The Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism, confirma achados anteriores importantes nesta área: o consumo de whey protein (WP) pré-refeição reduz a glicemia pós-prandial (GPP), retardando o esvaziamento gástrico e aumentando as concentrações plasmáticas de insulina.

No entanto, Smith et al. adicionaram o conhecimento que o WP reduz a GPP ao coordenar um aumento na função das células β com uma redução na depuração da insulina. Isso significa que um perfil insulinêmico pós-prandial eficiente foi alcançado sem a necessidade de estimulação adicional das células β.

Dezoito adultos com diabetes tipo 2 (HbA1c, 56,7 ± 8,8 mmol/mol) consumiram WP (15g de proteína) ou placebo (0g de proteína) 10 minutos antes do café da manhã com macronutrientes mistos. Dentre os achados positivos, a função das células β resultou 40% maior após o WP (p=0,001) e foi acompanhada por uma redução de -22% na depuração da insulina pós-prandial, em comparação com o placebo (p<0,0001).

Fonte:

Smith K, et al. Pre-Meal Whey Protein Alters Postprandial Insulinemia by Enhancing β-Cell Function and Reducing Insulin Clearance in T2D | The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism | Oxford Academic.

Canela e cognição: revisão da literatura

Uma revisão sistemática de quarenta estudos pré-clínicos e clínicos, publicada no Nutritional Neuroscience, reporta que o uso da canela ou de seus componentes – eugenol, ácido cinâmico e cinamaldeído – podem melhorar a memória e o aprendizado, diminuindo a placa amiloide no hipocampo e a fosforilação da proteína tau.

Nakhaee et al. (2023) relatam que esse efeito é realizado por diferentes mecanismos e vias, incluindo as atividades antioxidante, anti-inflamatória e anticolinesterásica, bem como através do efeito neurotrófico, da manutenção neural e da melhora da sinalização da insulina – características presentes em tratamentos de doenças relacionadas com a idade.

Os pesquisadores fazem a hipótese de que a ineficácia encontrada por alguns estudos pode ser devida à curta duração de seu experimento, à via administrada, à menor dosagem ou subcategoria da canela/suas substâncias utilizadas. Uma canela em pó ou extrato proveniente do Cinnamon cassia (canela chinesa / Cinnamomum aromaticum) não é equiparável à superioridade antioxidante e de compostos bioativos encontrados no extrato padronizado da canela "verdadeira" (Cinnamomum verum / Cinnamomum zeylanicum), por exemplo. Adicionalmente, entre os ativos contendo o composto eugenol, a maioria dos resultados foi relatada como positiva.

Curiosamente, Yan et al. (2022) reportaram no Molecules que, dentre 5.022 extratos de plantas pesquisados, o Cinnamomum verum se mostrou como um dos mais ricos em mononucleotídeo de nicotinamida (NMN), um importante intermediário e precursor do NAD+, que participa do processo metabólico, mas cujo conteúdo nos tecidos e células diminui com o avanço da idade.

Fonte:

Nakhaee S, et al. Cinnamon and cognitive function: a systematic review of preclinical and clinical studies

Yan J, et al. Cinnamomum verum J. Presl Bark Contains High Contents of Nicotinamide Mononucleotide - PMC

Proteínas - Uma delas combina com seus objetivos
Essential Atual

16 DE FEVEREIRO DE 2023 | EDIÇÃO 58

Olá!

Dois estudos recém-publicados investigam os efeitos da suplementação de algumas vitaminas do complexo B, em parceria com a betaína ou não, na modulação da concentração plasmática da homocisteína. Considerado um marcador pró-aterogênico e pró-trombótico, esse aminoácido pode estar também associado à síndrome metabólica.

Confira, no destaque de abertura desta Essential Atual, um resumo contextualizado desses estudos.

Indo além, enquanto os oito membros do complexo B – tiamina (B1), riboflavina (B2), niacina (B3), ácido pantotênico (B5), piridoxina (B6), biotina (B7), folato (B9) e cobalamina (B12) – possuem funções próprias, eles também atuam de maneira estreitamente inter-relacionada em várias funções ligadas à homocisteína.

No segundo destaque desta edição, uma investigação sobre os benefícios da creatina para a saúde vascular.

Boa leitura!

Complexo B na regulação da homocisteína

Dois estudos recém-publicados lembram a importância do complexo B na redução de níveis elevados de homocisteína, associados a muitas condições, como aterosclerose, doenças cardiovasculares, eventos cerebrais adversos, câncer, vitiligo e diabetes, além do aumento do risco de mortalidade por todas as causas. Muitos fatores, como deficiência enzimática congênita, avanço da idade, sexo e dieta com níveis inadequados do complexo B, aumentam o nível de homocisteína no sangue.

O estudo clínico randomizado, duplo-cego e controlado, publicado por Lu et al. (2023) no European Journal of Nutrition, investigou se a suplementação com baixas doses das vitaminas B6, B9 e B12 + betaína conseguiria reduzir as concentrações de homocisteína entre adultos chineses (18-65 anos) com hiper-homocisteinemia.

Após 12 semanas, o grupo suplementado apresentou uma redução significativa nas concentrações plasmáticas de homocisteína (P < 0,001 ajustado por covariável), em comparação com o grupo placebo.

Já o estudo prospectivo de Zhu et al. (2023), publicado no JAMA, se baseou em evidências emergentes que sugerem que o baixo status dessas vitaminas B pode levar à adiposidade, dislipidemia, disfunção endotelial vascular, intolerância à glicose e resistência à insulina – condições essas implicadas na síndrome metabólica.

A análise que acessou os níveis de homocisteína dos participantes (n=4.414) descobriu que a ingestão e as concentrações séricas das vitaminas B6, B9 (folato) e B12 se mostraram inversamente associadas à incidência da síndrome metabólica entre adultos jovens nos EUA.

Importante observarmos que mesmo que as investigações epidemiológicas e de ensaios controlados em humanos e os comentários científicos resultantes geralmente concentraram-se no subconjunto B6/B9/B12, esses membros do complexo B não são exclusivos no metabolismo da homocisteína.

As oito vitaminas do complexo B possuem funções estreitamente inter-relacionadas, e as evidências sugerem que níveis adequados de todos os membros são essenciais para o funcionamento fisiológico ideal.

Fontes:

Lu X, et al. Effects of low-dose B vitamins plus betaine supplementation on lowering homocysteine concentrations among Chinese adults with hyperhomocysteinemia: a randomized, double-blind, controlled preliminary clinical trial.

Zhu J, et al. Folate, Vitamin B6, and Vitamin B12 Status in Association With Metabolic Syndrome Incidence

Investigando a creatina para a saúde vascular

A partir de um estudo piloto de 2020, onde Clarcke et al. encontraram potencialidade fisiológica da creatina monohidratada (CM) para a saúde vascular, agora temos um estudo follow up sobre esse racional, realizado pelo mesmo time de pesquisadores e publicado no International Journal of Exercise Science.

Embora as propriedades metabólicas da creatina sejam bem conhecidas, pesquisas recentes expuseram uma aplicação muito mais ampla desse aminoácido – que também pode atuar de maneira antioxidante e anti-inflamatória. Assim, o conjunto de aplicações cada vez mais sinaliza a creatina no alívio ou na desaceleração das deteriorações da saúde relacionadas com o avanço da idade, como a perda de energia, do tamanho muscular, da força e consequente performance das atividades diárias.

No estudo atual, com foco vascular, doze adultos mais velhos (média: 58 ± 3 anos) consumiram CM ou um placebo por 4 semanas em um projeto randomizado, duplo-cego e cruzado. Tanto pré quanto pós-suplementação, os participantes foram submetidos a medições de ultrassom Doppler de dilatação fluxo-mediada (FMD) para determinar a significância do nutracêutico sobre a função endotelial macrovascular.

Após a suplementação com CM houve melhorias significativas na FMD% (p < 0,005), mudança absoluta no diâmetro (p < 0,05) e FMD% normalizada (p < 0,05), em comparação com suplementação de placebo.

Fonte:

Clarke H, et al. Impact of creatine monohydrate supplementation on macrovascular endothelial function in older adults

B Complex: 8 vitaminas do complexo B + magnésio quelado.
Essential Atual

25 DE JANEIRO DE 2023 | EDIÇÃO 57

Olá!

Um ativo slow release pode oferecer seus efeitos benéficos por um período de tempo mais longo e de maneira mais ponderada que o mesmo ativo na sua forma comum. Nesta edição Essential Atual trazemos os resultados de um estudo que comparou a cafeína de liberação lenta com a cafeína comum sobre as funções mentais, como memória, motivação e atenção.

A pesquisa incluiu ainda fatores especialmente pertinentes para pacientes mais sensíveis ao ativo, como cansaço, nervosismo e tensão.

No segundo destaque, um estudo que avaliou os efeitos do extrato da casca do pinheiro marítimo Pinus pinaster (Pycnogenol®) no tratamento da queda capilar.

Boa leitura!

Cafeína de liberação lenta versus rápida

Um pequeno estudo cross-over aberto, randomizado e controlado, avaliou a biodisponibilidade relativa de cápsulas de cafeína slow release (liberação lenta) contra a cafeína de liberação rápida, comumente encontrada, em adultos saudáveis em condições de jejum. Nele, os pesquisadores Thanawala et al. (2023) avaliaram os efeitos da cafeína slow release sobre as funções mentais, incluindo memória, motivação, concentração e atenção, usando o questionário Caff-VAS.

Em contraste com a cafeína de liberação rápida, o consumo da forma slow release resultou em pontuações significativamente aumentadas para estado de alerta e humor geral, e pontuações significativamente mais baixas para parâmetros de sensação de cansaço, nervosismo e tensão.

Como a cafeína é o estimulante cerebral mais amplamente consumido, presente em cafés, bebidas carbonatadas e suplementos, fazendo parte do suprimento de alimentos e dos sistemas de medicina por gerações, estudos como esse ajudam a solidificar resultados de estudos publicados anteriormente que mostraram desempenhos cognitivos, vigilância e humor aprimorados, incluindo indivíduos privados de sono com concentração plasmática de cafeína de apenas 12,50 mg/L.

Uma cafeína slow release, portanto, amplia a possibilidade de usos e estende o seu potencial aos pacientes que não se adaptam bem à cafeína comum, cuja liberação rápida pode provocar o fenômeno conhecido como "crash da cafeína".

Fonte:

Thanawala S, et al. Comparative Bioavailability and Benefits on Mental Functions of Novel Extended-Release Caffeine Capsules against Immediate-Release Caffeine Capsules: An Open-Label, Randomized, Cross-over, Single-Dose Two-Way Crossover Study.

Pycnogenol®, microcirculação e melhora capilar

O tipo mais comum de queda de cabelo em mulheres é a calvície de padrão feminino, também conhecida como alopecia androgenética - uma queda e afinamento generalizado e difuso do cabelo no couro cabeludo central, que geralmente aumenta com a idade. Para muitos profissionais da área da saúde, incluindo nutricionistas, a queixa sobre essa fragilidade capilar pode ser frequente entre pacientes a partir dos 40 anos de idade.

Com evidências de que o extrato da casca do pinheiro marítimo Pinus pinaster (Pycnogenol®) tem a capacidade de ajudar a saúde endotelial e circulatória geral, incluindo a capilar, investigadores da Suíça, China e Alemanha realizaram um estudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, perguntando se a administração oral do extrato afetaria: (i) a densidade total do cabelo e (ii) a microcirculação do couro cabeludo. As 63 mulheres (chinesas, média 54 anos) que completaram o estudo de seis meses estavam na menopausa.

O grupo que recebeu a dose de 50mg do extrato de P. pinaster (3 x dia) apresentou um aumento significativo da densidade do cabelo em 30% e 23% após 2 e 6 meses de tratamento, respectivamente, conforme detectado pela avaliação Trichoscan® de fotografias digitais.

Curiosamente, a fotopletismografia revelou que esse efeito benéfico estava associado a uma diminuição do fluxo de repouso da pele do couro cabeludo, o que pode indicar uma melhora da microcirculação. Nenhum desses efeitos foi observado no grupo que tomou placebo. Além disso, uma diminuição transitória significativa da perda transepidérmica de água foi observada na pele do couro cabeludo sob tratamento com Pycnogenol®, mas não com placebo.

Fonte:

Cai C, et al. An oral French maritime pine bark extract improves hair density in menopausal women: A randomized, placebo‐ controlled, double blind intervention study

B Complex: 8 vitaminas do complexo B + magnésio quelado.
Essential Atual

10 DE JANEIRO DE 2023 | EDIÇÃO 56

Olá!

Um dos suplementos alimentares mais consumidos do mundo, o ômega-3 teve confirmados seus relevantes efeitos benéficos na prevenção de doenças não transmissíveis causadoras de morte precoce. É o que apontam dois estudos publicados recentemente, que resumimos nesta Essential Atual.

No segundo destaque desta edição, um estudo sobre a técnica de dessensibilização a alimentos nos traz a reflexão de que, perante um alérgeno, o termo "assintomático" pode estar minorando a realidade.

Boa leitura!

Maior consumo de ômega-3, menos mortalidade prematura

Iniciada há mais de 5 décadas, a pesquisa sobre os componentes do ômega-3 (especialmente, EPA e DHA) não para de crescer. Iniciamos o ano de 2023 com dois estudos recém-publicados que confirmam achados humanos anteriores: a suplementação de ômega-3 reduz o risco de mortalidade por todas as causas, incluindo a doença cardiovascular (DCV).

O estudo de An et al., publicado no Journal of the American College of Cardiology, teve como objetivo pesquisar as suplementações de micronutrientes que mais reduzem o risco cardiovascular. Vários micronutrientes mostraram evidência de moderada à alta qualidade. Especificamente, a suplementação com ômega-3 reduziu a mortalidade por DCV (risco relativo [RR]: 0,93; 95% CI: 0,88-0,97), infarto do miocárdio (RR: 0,85; 95% CI: 0,78-0,92) e eventos de doença cardíaca coronária (RR: 0,86; IC 95%: 0,80-0,93). Dentre outros, a suplementação com ácido fólico também mostrou diminuir o risco de AVC (RR: 0,84; IC 95%: 0,72-0,97), e a suplementação com CoQ10 diminuiu os eventos de mortalidade por todas as causas (RR: 0,68; IC 95%: 0,49-0,94).

Já o estudo prospectivo de Xie et al., publicado no Acta Diabetologica, teve foco específico sobre o ômega-3 na redução dos riscos de mortalidade por todas as causas e mortalidade por causa específica em pessoas com diabetes (n=4.854; idade média, 57,92 anos).

Em análises de regressão multivariada com ajuste de fatores de confusão, a conclusão foi que uma maior ingestão de ômega-3 foi significativa e linearmente relacionada à menor mortalidade por todas as causas – mais precisamente, 25% de redução.

Fonte:

An P, et al. Micronutrient Supplementation to Reduce Cardiovascular Risk.

Xie J, et al. Intakes of omega-3 fatty acids and risks of all-cause and cause-specific mortality in people with diabetes: a cohort study based on NHANES 1999–2014.

Pesquisa em andamento sobre alérgenos: a cessão de sintomas pode não significar sinal verde para todos

Raramente trazemos estudo realizado em camundongos ou estágio pré-clínico. Mas, considerando a mente investigativa do profissional de saúde, o achado do estudo de Brishti et al. levantou uma possível questão sobre o racional da dessensibilização alimentar (imunoterapia oral) e, de modo geral, uma certa reflexão sobre o termo "assintomático".

A dessensibilização a alimentos é praticada para a indução da tolerância oral. Espera-se que a oferta de doses ínfimas e crescentes dos alimentos alérgenos – especialmente leite e ovo – em intervalos regulares ajude a condicionar o organismo a não reagir a determinadas porções dos alimentos que causam alergias.

No entanto, o estudo publicado no Frontiers observou que os camundongos, que já não apresentavam mais sintomas frente ao consumo de pequenas quantidades do alérgeno lactoblobulina (IgE reduzidos), continuavam a apresentar neuroinflamação e dificuldades associadas. Esse achado sugere que o efeito nocivo dos alérgenos pode persistir no cérebro de maneira silenciosa, o que poderia ser importante, e em especial para pacientes com fragilidades inflamatórias mentais.

Considerando que o estudo foi realizado em animais, investigações adicionais aprofundadas para diferentes tipos de pacientes alérgicos são necessárias antes que qualquer recomendação clínica possa ser proposta. Seguimos acompanhando o desenvolvimento desta área da pesquisa, assim, mantendo o leitor atualizado.

Fonte:

Brishti A, et al. Asymptomatic sensitization to a cow’s milk protein induces sustained neuroinflammation and behavioral changes with chronic allergen exposure.

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Essential Atual

16 DE DEZEMBRO DE 2022 | EDIÇÃO 55

Olá!

O fígado é considerado o órgão central no metabolismo da creatina, o que pode levantar questões em tempo de conscientização da população sobre a importância do aminoácido.

No entanto, estudo recente, que contou com a participação de quase 6.000 pessoas, não encontrou diferença na ocorrência de fibrose hepática, cirrose e esteatose hepática entre os participantes que consumiam baixa ou alta creatina na dieta.

Confira detalhes no primeiro destaque desta Essential Atual. O segundo artigo selecionado traça uma relação entre a ingestão proteica e o risco de fratura de quadril em mulheres.

Boa leitura!

Segurança da creatina na saúde do fígado

A creatina é um composto nutricional que desempenha um papel significativo em várias vias do corpo humano, atuando como uma facilitadora intracelular do metabolismo de fosfato de alta energia, como agente neuroprotetora e como imunomoduladora. A creatina monohidratada é a que possui evidências substanciais de biodisponibilidade, eficácia e segurança, e a sua suplementação tem servido de base para estabelecer diretrizes profissionais e recomendações gerais.

Recém-publicado em Food Science & Nutrition, um estudo transversal de base populacional avaliou a associação entre a ingestão dietética de creatina e manifestações de doenças hepáticas, incluindo fibrose hepática e esteatose hepática, entre indivíduos com 12 anos ou mais, usando dados de código aberto da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição dos EUA (NHANES 2017–2018). Um estudo importante, desde que o fígado é considerado o órgão central no metabolismo da creatina, além de trazer uma ideia do consumo médio de creatina na dieta.

Os participantes (n = 5.957; idade, 44,7 ± 21,0 anos; 50,1% feminino) forneceram dados por meio de entrevistas dietéticas, dados de exame de elastografia transiente de ultrassom hepático e dados laboratoriais. Como o consumo de creatina através dos alimentos é pensado ser 1-2 gramas/dia, a análise foi feita sobre a baixa ingestão (<1,00 g/dia) versus a ingestão mais alta (≥2,00 g/dia).

A ingestão dietética média de creatina na população do estudo ficou em 0,88 ± 0,71 g/dia. Geralmente, quem ingeria ≥ 2 g por dia de creatina eram os homens, com maior teor calórico.

Não foram encontradas diferenças entre a ocorrência de fibrose hepática, cirrose e esteatose hepática entre os participantes que consumiam baixa ou alta creatina via dieta regular (p > 0,05). Além disso, os pesquisadores observaram que a ingestão mais alta de creatina (média, 2,68 g/dia) pode estar relacionada a níveis mais baixos de ALP e relação AST-ALT, talvez sugerindo efeitos hepatoprotetores.

Fonte:

Todorovic N, et al. Creatine consumption and liver disease manifestations in individuals aged 12 years and over.

Nutrientes no risco de fratura de quadril

Pesquisadores da Universidade de Leeds, Inglaterra, descobriram que aumentar a ingestão de proteínas ajuda as mulheres a reduzir o risco de fratura de quadril. Muitos alimentos e nutrientes estão associados ao IMC, que está positivamente associado ao risco de fraturas; entre eles, cálcio, vitaminas A, Bs, D e K. Menos conhecido é o papel da proteína na saúde óssea.

O "UK Women's Cohort Study" é um estudo de coorte prospectivo que incluiu 26.318 mulheres de meia-idade (idades 35 a 69 anos na inscrição), recrutadas em todo o Reino Unido entre 1995 e 1998. Como análise de sensibilidade, foi aplicado modelo com e sem ajuste para peso corporal para determinar possíveis associações.

Após ajustes, os pesquisadores encontraram que um aumento de 25 gramas/dia em proteína foi associado, em média, a uma redução de 14% no risco de fratura de quadril. Essa redução foi mais pronunciada nas mulheres com baixo peso. Descobriram também que cada xícara adicional de chá ou café que as participantes tomavam estava associada a uma redução de 4% no risco.

A proteína tem sido positivamente associada diretamente à DMO ao estimular a produção do fator de crescimento semelhante à insulina 1 (IGF-1), que aumenta a formação de osteoblastos. Chá e café contêm polifenóis e fitoestrogênios, que podem aumentar a atividade osteoblástica e suprimir a atividade osteoclástica reduzindo o estresse oxidativo.

Fonte:

Webster J, et al. Foods, nutrients and hip fracture risk: A prospective study of middle-aged women.

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Essential Atual

27 DE NOVEMBRO DE 2022 | EDIÇÃO 54

Olá!

Vista anteriormente como um "hormônio" associado ao controle do ciclo sono-vigília, a melatonina continua a surpreender pela abrangência das funções exercidas por ela no organismo.

É o que mostram estudos recentes, que trazemos na abertura desta Essential Atual, sobre seus efeitos na síndrome do intestino irritável, na saúde mitocondrial e até no combate aos efeitos da Covid-19.

No segundo destaque, novas descobertas sobre o ácido úrico como marcador de saúde para várias áreas da saúde.

Boa leitura!

Ampliação no potencial de uso da melatonina

Uma meta-análise recente, publicada em outubro de 2022, indicou eficácia do suplemento de melatonina na melhora da gravidade da síndrome do intestino irritável (SII). Esta é mais uma descoberta que reforça uma crescente revisão de conceito sobre esta molécula multifuncional.

A meta-análise de 4 ensaios clínicos randomizados (n=115; média, 39 anos) revelou que a melatonina exógena foi associada a uma melhora significativamente melhor na gravidade geral da SII do que o placebo (p < 0,001 ). Chen et al. (2022) também encontraram uma associação da melatonina com uma melhora significativamente melhor na gravidade da dor da SII (p < 0,001) e na qualidade de vida (p=0,007) do que o placebo, mas não na distensão abdominal (p=0,111) ou na qualidade do sono (p=0,142). A média de tempo do tratamento foi de 11.5 semanas, e a melatonina foi associada a perfis de segurança semelhantes ao placebo.

Compreendida anteriormente como um "hormônio" pineal noturno associado ao controle do ciclo sono-vigília, a pesquisa emergente sobre a melatonina continua a surpreender com a abrangência de funções exercidas por ela no organismo. Por exemplo, dando voz ao emergente conceito de protetora mitoncondrial, uma recém-publicada revisão literária, após análise comparativa das propriedades antioxidantes das vitaminas C, E, carotenoides e D versus melatonina, concluiu que a melatonina oferece um maior espectro sequestrante de ROS tóxico.

Mukhopadhyay et al. (2022) apontam a melatonina como uma opção aliada às vitaminas e que essa combinação pode trazer resultados mais assertivos no sentido de oferecer proteção contra o excesso de estresse oxidativo encontrado em várias condições, incluindo doenças degenerativas e covid-19.

Sobre esta última, foi publicada mais uma revisão sistemática e meta-análise sobre o uso da melatonina adicionada ao tratamento básico da Covid-19. Seis estudos foram incluídos (n=338) para as análises comparativas. Xin-Chen et al. (2022) encontraram uma taxa de melhora do grupo de intervenção com melatonina significativamente maior que a do grupo controle.

Fontes:

Chen K, et al. The efficacy of exogenous melatonin supplement in ameliorating irritable bowel syndrome severity: A meta-analysis of randomized controlled trials.

Mukhopadhyay M, et al. A comparative overviewon the role of melatonin and vitaminsas potential antioxidants against oxidative stressinduceddegenerative infirmities:An emerging concept.

Xin-Chen W, et al. The safety and efficacy of melatonin in the treatment of COVID-19: A systematic review and meta-analysis.

Ácido úrico: necessidade de monitoramento

Entramos em um novo período na história científica do ácido úrico. Anteriormente considerado um marcador para o diagnóstico de gota e cálculo renal, o ácido úrico vem despontando na pesquisa em várias áreas da saúde. Dentre os muitos estudos publicados semanalmente, trazemos um mini resumo de repetidos achados que trazem uma atualização da prática clínica, aqui, exemplificado mais diretamete para pacientes com sobrepeso, resistência à insulina e/ou hipertensão, questões essas que abrigam a disfunção mitocondrial.

Confirmando achados anteriores, Wang et al. (2022) acabam de publicar um estudo transversal com 18.473 participantes dos EUA que descobriu que níveis elevados de ácido úrico sérico se correlacionaram positivamente com um IMC mais alto em homens e mulheres de variadas raças (todos, P <.0001).

Contextualizando esta evidência, a pesquisa vem indicando que a gordura corporal extra pode estar associada tanto à produção elevada de ácido úrico quanto sua excreção insuficiente devido à resistência à insulina, resultando em metabolismo prejudicado do ácido úrico e até hiperuricemia.

Enquanto isso, o ácido úrico tem o potencial de causar o acúmulo de gordura ao aumentar a sua produção periférica e no fígado, formando assim um ciclo vicioso de hiperuricemia-obesidade e outras condições associadas como a hipertensão. Halengbiekea et al. (2022), ao analisar os dados de 5.276 indivíduos, encontraram uma relação causal entre o ácido úrico sérico e a pressão arterial anormal.

Nos protocolos de gota, um racional comum é a retirada da proteína da dieta para a redução do ácido úrico (catabolismo das purinas). No entanto, pesquisadores vêm mostrando que entre os elementos da dieta com real poder de elevar esse nível estão a frutose, a glicose (que contém frutose) e o excesso de sal. Quanto mais frutose e sódio, menos utilização de energia (menos biogênese e função mitocôndrial). O sódio induz a glicose em frutose (através da via poliol). É como se o organismo entrasse no modo de sobrevivência, como em épocas antigas de escassez intermitente de alimentos.

Curiosamente, a gota pode ser também considerada uma doença fúngica. Fungos prosperam em ambientes ricos em carboidratos/açúcares, bem como produzem ácido úrico. Antifúngicos reduzem o ácido úrico.

De acordo com dezenas de estudos recém-publicados, uma discussão pertinente atual é sobre a urgente necessidade de atualização dos valores laboratoriais de referência para o ácido úrico. Os valores laboratoriais lidos como "normais" foram estipulados com o racional de evitar o depósito de cristais de ácido úrico, observados na gota.

No entanto, efeitos adversos já podem estar ocorrendo bem antes desse acúmulo se manifestar. O monitoramento dos níveis de ácido úrico pode ajudar o profissional não somente como um marcador, mas também como um importante preditor da saúde.

Fontes:

Huashuai W, et al. Correlation of uric acid with body mass index based on NHANES 2013–2018 data: A cross-sectional study.

Halengbieke A, et al. Causal relationship between serum uric acid and abnormal blood pressure based on the panel model study A 5-year Cohort Study

Hernández-Ríos R, et al. Low fructose and low salt diets increase mitochondrial DNA in white blood cells of overweight subjects.

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Essential Atual

27 DE OUTUBRO DE 2022 | EDIÇÃO 53

Olá!

Após abordarmos os potenciais benefícios da melatonina para a memória na edição anterior, seguimos focados no funcionamento cerebral, trazendo agora estudos que apontaram os efeitos positivos da suplementação com multivitamínicos-minerais para a cognição.

Estudo clínico publicado por Alzheimers & Dementia mostrou que três anos dessa suplementação estão ligados a melhoras na cognição global, memória episódica e função executiva de adultos mais velhos.

No segundo destaque desta Essential Atual, uma meta-análise que encontrou efeitos positivos da ingestão de resveratol na melhora do perfil lipídico sanguíneo.

Boa leitura!

Multivitamínico na cognição de adultos

Embora não haja uma única terapêutica comprovada e/ou que sirva a todos para a prevenção do declínio cognitivo, a ciência vai se formando através de incrementos. Nesse sentido, estudo recém-publicado no jornal Alzheimers & Dementia funciona como um passo para reforçar como as otimizações dietéticas diárias podem ajudar no longo prazo. Nele, Baker et al. (2022) descobriram que a suplementação diária de um multivitamínico-mineral por 3 anos melhorou a cognição global, a memória episódica e a função executiva de adultos mais velhos.

Um total de 2.262 participantes foram inscritos (média = 73 anos; 60% mulheres) e 92% completaram a linha de base e pelo menos uma avaliação anual. O multivitamínico, em relação ao placebo, resultou em um benefício estatisticamente significativo, p.ex., na cognição global (média z = 0,07, IC 95% 0,02 a 0,12; P = 0,007), e esse efeito foi mais pronunciado em participantes com histórico de doença cardiovascular.

O estudo nomeado "COSMOS-Mind" (The COcoa Supplement and Multivitamin Outcomes Study) também testou a administração diária de extrato de cacau (500 mg/dia), mas desta vez o resultado foi nulo (P = 0,28). Anteriormente, um outro grupo de pesquisadores, juntamente com o time de pesquisa COSMOS (Sesso et al. 2022), encontraram que tanto o multivitamínico quanto o extrato de cacau mostraram poder melhorar vários biomarcadores. Nele, a suplementação de 500 mg de extrato de cacau (incluindo 80 mg de epicatequina) durante 3,6 anos chegou a reduzir as mortes por doença cardiovascular, um desfecho secundário pré-especificado, em 27%.

Fontes:

Baker L, et al. Effects of cocoa extract and a multivitamin on cognitive function: A randomized clinical trial.

Sesso H, et al. Effect of cocoa flavanol supplementation for the prevention of cardiovascular disease events: the COcoa Supplement and Multivitamin Outcomes Study (COSMOS) randomized clinical trial.

O efeito do resveratrol no perfil lipídico sanguíneo: meta-análise de dose-resposta

O resveratrol (3,5,4'-trihidroxiestilbeno), um polifenol não flavonoide, é uma antitoxina produzida por várias plantas e encontrado, por exemplo, em uvas, mirtilos, framboesas, amoras e amendoins. Entre seus vários benefícios reportados, como atividades anti-inflamatórias, anticancerígenas, antiapoptóticas, antiosteoporose e antioxidantes, consta a modulação lipídica sanguínea, já investigada em vários estudos controlados randomizados.

Com o acúmulo de resultados, portanto, Cao et al. (2022) realizaram uma meta-análise de 17 estudos (n = 968) sobre a suplementação de resveratrol no perfil lipídico com foco na dose-resposta. A faixa etária foi de 18 a 85 anos, a duração da ingestão de resveratrol variou de 4 a 48 semanas, e a dose variou de 10 a 3.000 mg/dia.

Na análise, encontraram que o resveratrol afetou significativamente os níveis de colesterol total (p < 0.001), LDL (p < 0.038) e triglicerídeos (p < 0.001), sem afetar o nível de HDL (p < 0.061). Ao investigar a relação não linear dose-resposta, o LDL foi o que mostrou um efeito significante (p não linear=0.002), sem mostrar a mesma significância no quesito tempo de intervenção (p não linear=0.415).

Como os resultados do LDL apresentaram maior heterogeneidade (> 50%), a análise de subgrupo indicou que sua alteração significativa ocorreu em ensaios que usaram doses ≥ 500 mg/d de resveratrol (diferença média = 2,44; IC 95%: -8,21,13,08, p = 0,004), nos estudos com duração ≥ 12 semanas (diferença média = -6,01; IC 95%: -13,26,1,25, p < 0,001), em indivíduos com diabetes tipo 2 (diferença média=-4,21; IC 95%: -18,78,10,36, p < 0,001).

Esse achado fortalece os relatos anteriores sobre o benefício do resveratrol em pacientes com DM2, ao ajudar a reduzir o nível de TG, bem como mitigar a resistência à insulina, diminuir a glicemia de jejum e melhorar o estresse oxidativo. Ademais, é importante notar que os resultados resumidos não mostraram incidência significativa de efeitos adversos da suplementação nesses pacientes.

Fontes:

Cao X, et al. The Effect of Resveratrol on Blood Lipid Profile: A Dose-Response Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials.

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Essentia Pharma

22 DE SETEMBRO DE 2022 | EDIÇÃO 52

Olá!

Como uma função que exige energia e depende de uma boa respiração mitocondrial, a memória pode se beneficiar de níveis adequados de creatina. Esta é uma das conclusões de meta-análise que compilou ensaios clínicos que compararam os efeitos da suplementação de creatina monohidratada versus placebo. 

Confira esse e outros achados no destaque de abertura desta Essential Atual. No segundo texto, um estudo que amplia as possibilidades de aplicação da melatonina, ao analisar seus efeitos entre atletas profissionais. 

Boa leitura!

Meta-análise: creatina para a memória de adultos mais velhos

Com o acúmulo de estudos clínicos realizados, Prokopidis et al. (2022) realizaram a 1a revisão sistemática e meta-análise de estudos controlados e randomizados sobre o potencial da creatina para a memória. Oito ensaios clínicos que compararam os efeitos da suplementação de creatina monohidratada versus placebo entre indivíduos aparentemente saudáveis preencheram os critérios do projeto.

Como reguladora-chave do estado energético, a suplementação de creatina demonstra elevar o conteúdo de creatina cerebral e a proporção de fosfocreatina para ATP. Dado que a memória (capacidade de processar e reter informações) exige energia e depende de uma boa função respiratória mitocondrial, compreende-se que a elevação dos níveis de creatina no cérebro pode melhorar a memória por influenciar a bioenergética cerebral.

A importância desta revisão e meta-análise é que nem todos os estudos realizados anteriormente encontraram resultados significantes. Hipoteticamente, isso ocorre devido ao limite de transportadores de creatina na barreira hematoencefálica ou à capacidade de o cérebro sintetizar creatina. Ademais, diferentes níveis de base do nutriente gera conflitos. O conteúdo de creatina cerebral pode diminuir durante o envelhecimento bem como no caso de dietas veganas.

No geral, Prokopidis et al. encotraram que a suplementação de creatina melhorou as medidas de memória em comparação com placebo (diferença média padrão [SMD] = 0,29, IC 95%, 0,04–0,53; I2 = 66%; P = 0,02). As análises de subgrupo confirmaram a teoria de que aqueles que têm níveis mais baixos de creatina podem ser mais responsivos à sua suplementação: a melhora significativa na memória ocorreu nos adultos mais velhos (66–76 anos) (SMD = 0,88; IC 95%, 0,22–1,55; I2 = 83%; P = 0,009) em comparação com adolescentes e adultos mais jovens (11–31 anos)(P = 0,72).

Um outro interessante achado foi que os benefícios ocorreram independentemente da dose (≈ 2,2 a 20 g/d) e duração da intervenção (5 dias a 24 semanas).

Fontes:

Prokopidis K, et al. Effects of creatine supplementation on memory in healthy individuals: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials.

Efeitos da melatonina em atletas

Cada vez mais a melatonina vem nos ensinando na prática o significado de "efeitos pleiotrópicos". Quem imaginaria anos atrás que essa molécula antes dedicada especificamente ao sono pudesse mostrar, entre tantos efeitos, sua funcionalidade sobre o desempenho físico de atletas profissionais?

Farjalah et al. (2022), ao publicar em PLOS ONE o estudo randomizado e duplo-cego realizado em vinte jogadores de futebol mostraram, que a ingestão de melatonina durante um período de treinamento intensivo de cinco dias exerceu efeitos benéficos sobre vários marcadores, incluindo sobre a função renal e hepática.

Os jogadores (idade: 18,8 ± 1,3 anos, massa corporal: 70,0 ± 10,6 kg, IMC: 21,27 ± 1,87 kg/m2) de um time da primeira liga estavam concentrados em um ambiente de treinamento (controlado) e foram divididos em grupos melatonina (5g) e placebo. Os suplementos foram tomados diariamente às 19h.

O teste post hoc mostrou que a melatonina preveniu um aumento nos níveis de produtos proteicos de oxidação avançada (AOPP) (p<0,05) e aumentou significativamente a atividade da superóxido dismutase (SOD; p<0,001), mostrando sua ação antioxidante. Adicionalmente, a melatonina preveniu um aumento de biomarcadores de função renal (p. ex., creatinina; p>0,05) e biomarcadores de dano muscular (p. ex., creatina quinase; p>0,05).

Pela primeira vez foi mostrado que a ingestão de melatonina reduziu a atividade da gama-glutamiltransferase (GGT) após o treino (p>0,05), indicando menor dano hepático. No exercício, a GGT neutraliza as EROs, quebrando a glutationa extracelular e disponibilizando seus aminoácidos (cisteína, ácido glutâmico e glicina) para o reparo das células. Assim, após a ingestão de melatonina, haveria uma menor necessidade de GGT devido aos seus efeitos antioxidantes e sequestrantes de radicais.

Fontes:

Farjallah M, et al. Melatonin supplementation alleviates cellular damage and physical performance decline induced by an intensive training period in professional soccer players.

Essentia Pharma

25 DE AGOSTO DE 2022 | EDIÇÃO 22

Olá!

O aumento crescente no número de estudos clínicos vem atraindo a atenção dos profissionais da saúde para a taurina. Abrimos esta edição da Essential Atual com pesquisas que mostram um surpreendente efeito antioxidante da suplementação deste aminoácido condicionalmente essencial.

Tal descoberta ganha ainda mais relevância quando combinada com o aumento no número de pessoas adeptas da dieta vegana, que não contém fontes naturais de taurina.

No segundo destaque, um novo estudo que comprova os efeitos da combinação de selênio com CoQ10 para a preservação de telômeros de adultos mais velhos.

Boa leitura!

Taurina: efeitos antioxidantes diretos e indiretos

A minimização do dano oxidativo nas estruturas celulares causado pelo excesso de ROS pode prevenir doenças associadas ao envelhecimento, como diabetes, hipertensão, distúrbios cardiovasculares, aterosclerose e doenças neurodegenerativas. Entre as estratégias que podem melhorar a capacidade de o organismo combater o excesso oxidativo, a suplementação de taurina vem surpreendendo sob diversos ângulos, incluindo melhora de marcadores endoteliais e função mitocondrial.

Publicado em Nutrition and Metabolism, um estudo randomizado e duplo-cego investigou se a suplementação de 1g de taurina, 3 x dia, poderia atenuar as complicações induzidas pelo diabetes e a disfunção endotelial por meio de suas atividades anti-inflamatórias e antioxidantes.

Durante as 8 semanas do experimento, todos os 120 participantes de ambos os sexos (média, 52,55 anos; IMC de 25–35 kg/m2) estavam em dieta com déficit de 500 kcal/dia em relação ao gasto energético total. Um total de 65% deles apresentava hipertensão e 30% hipercolesterolemia.

Os resultados do estudo de Moludi et al. mostraram que a taurina melhorou os indicadores da função endotelial, incluindo redução nos níveis de ICAM (molécula de adesão intercelular 1), VCAM (molécula de adesão celular vascular) e MMP-9 (metalopeptidase de matriz 9). Além disso, a taurina teve efeitos notáveis em alguns fatores de risco CV, incluindo PA, controle glicêmico, inflamação e marcadores de estresse oxidativo. Independente se grupo taurina ou placebo, os participantes que perderam pelo menos 2,5 kg tiveram uma avaliação de risco cardiometabólico consideravelmente melhor em comparação com aqueles com menor perda de peso.

Já no pequeno estudo clínico publicado em Nutrition, Abud et al. investigaram se a suplementação de taurina poderia minimizar o estresse oxidativo no processo de envelhecimento em 24 mulheres (média, 61,4 anos; pós menopausa; sedentarismo). A dose administrada foi de 1,5 g/d de taurina versus placebo (amido) durante 16 semanas, resultando um aumento considerável da concentração plasmática do marcador antioxidante SOD no grupo taurina. No grupo placebo, o malondialdeído (produto da oxidação lipídica que contribui para a reação inflamatória) aumentou.

Uma importante observação é que os níveis plasmáticos de zinco se apresentaram reduzidos em ambos os grupos experimentais pós-intervenção. Este mineral é um cofator essencial para a atividade da enzima SOD (superóxido dismutase), juntamente com o cobre, que participa de reações para prevenir danos oxidativos. Isso concorda com o senso que, por mais segura que uma intervenção possa ser, ela pode afetar a homeostase de oligoelementos no corpo, demandando assim ajustes necessários.

Fontes:

Moludi J, et al. Quercetin Protective and therapeutic effectiveness of taurine supplementation plus low calorie diet on metabolic parameters and endothelial markers in patients with diabetes mellitus: a randomized, clinical trial.

Abud G, et al Quercetin TTaurine as a possible antiaging therapy: A controlled clinical trial on taurine antioxidant activity in women ages 55 to 70

Novo estudo: selênio + CoQ10 na preservação de telômeros de adultos mais velhos

Um estudo de longo prazo trouxe um resultado significante para adultos mais velhos ou idosos, cujo envelhecimento biológico, além de acarretar maior estresse oxidativo, traz o custo cumulativo da redução do comprimento dos telômeros – acelerando ainda mais o próprio envelhecimento. Para amenizar este conhecido "loop" ou ciclo de fragilidades, Opstad et al. focaram no comprimento dos telômeros dos leucócitos (CTL), os quais parecem refletir o dos telômeros em outras células e tecidos, incluindo as células vasculares.

Os telômeros cobrem as extremidades dos cromossomos e protegem o DNA e os genes internos, preservando a estabilidade cromossômica. Com o avanço da idade, a instabilidade genômica ocorre em parte devido ao acúmulo da atrição e erosão dos telômeros, que foi comprovadamente associado à doença arterial coronariana.

A intervenção foi simples: 118 cidadãos suecos (média, 77 anos; com baixo teor de selênio) se suplementaram ou com 100 µg de selênio (Se) + 100mg de coenzima Q10 (CoQ10) ou com placebos equivalentes, duas vezes ao dia. O desafio (e ponto forte) do projeto foi o tempo de duração: coleta de sangue após 42 meses de suplementação, e 10 anos de acompanhamento.

Na linha de base, CTL (SD) foi de 0,954 (0,260) no grupo Se+CoQ10 e 1,018 (0,317) no grupo placebo (p = 0,23). Aos 42 meses, um menor encurtamento do CTL foi observado após o tratamento ativo em comparação com placebo (+0,019 vs. -0,129, respectivamente, p = 0,02), com uma diferença significativa na mudança com base na análise de alterações individuais no CTL (p < 0,001) .

Os indivíduos que morreram durante o período de acompanhamento estavam entre os que possuíam um CTL significativamente menor na segunda análise do DNA, aos 42 meses, em comparação com os sobreviventes [0,791 (0,190) vs. 0,941 (0,279), p = 0,01]. Para concluir, o estudo recém-publicado em Nutrients mostrou de maneira inédita que a preservação do comprimento dos telômeros após a suplementação de selênio e CoQ10 foi associada à redução da mortalidade cardiovascular. Este resultado corrobora com estudo anterior que, sem analisar os telômeros, também encontrou redução de morte cardiovascular com o uso dos mesmos nutrientes.

Fontes:

Rajagopalan et al. Quercetin Personal-Level Protective Actions Against Particulate Matter Air Pollution Exposure: A Scientific Statement From the American Heart Association

Ren J, et al. Quercetin Vascular benefits of vitamin C supplementation against fine particulate air pollution in healthy adults: A double-blind randomised crossover trial - ScienceDirect

Essentia Pharma

  10 DE AGOSTO DE 2022 | EDIÇÃO 50.

Olá!

O estudo clínico que abre esta edição da Essential Atual reforça a possível otimização de resultados ao administrar a Coenzima Q10 (CoQ10) juntamente com a medicação convencional para tratamento de psoríase.

De acordo com artigo publicado em Journal of Population Therapeutics & Clinical Pharmacology, a melhora observada no índice de gravidade PASI passou de 46%, com a medicação adalimumabe, para 86% com a medicação associada ao nutriente.

No segundo destaque, apresentamos uma nova base de dados com mais de 46.000 artigos sobre o ômega-3.

Boa leitura!

Coenzima Q10 como adjuvante no tratamento da psoríase

Em condições consideradas não curáveis pela ciência, o objetivo principal dos profissionais de saúde é melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Entretanto, um desafio que muitas vezes enfrentam é uma certa frustração por parte dos pacientes devido a resposta do tratamento à medicação. Um exemplo disso é visto naqueles com psoríase severa.

Sob esse contexto, um pequeno ensaio clínico prospectivo duplo-cego, recém-publicado no Journal of Population Therapeutics & Clinical Pharmacology, investigou o efeito da administração de CoQ10 a pacientes iraquianos com psoríase vulgaris, tratados com adalimumabe – medicamento também usado para a artrite reumatoide, dentre outras doenças inflamatórias. 

Os pesquisadores usaram o índice de gravidade PASI e o índice de qualidade de vida DLQI, antes e depois do experimento, que durou 3 meses. 

Os 24 participantes (17 a 72 anos) com pontuação PASI > 10 (moderada à grave) foram divididos em dois grupos: medicamento adalimumabe + um placebo (amido de milho) foram administrados ao grupo A (n = 11); enquanto o grupo B (n = 13) recebeu o adalimumabe + 100mg de CoQ10. 

Após 12 semanas de tratamento, as mudanças percentuais de melhora PASI e DLQI no grupo A (adalimumabe + placebo) foram 45,71 ± 12,13 e 36,67 ± 8,13, respectivamente. As porcentagens de melhora PASI e DLQI no grupo B (adalimumabe + CoQ10) foram 85,91 ± 4,89 e 72,60 ± 9,07, respectivamente.

Os resultados positivos mostrados pelo estudo atual ajudam a lembrar da possível otimização dos tratamentos medicamentosos quando certos nutrientes são adicionados a eles. Em 2008, um estudo randomizado e controlado com 58 pacientes com psoríase grave, publicado em Nutrition, já havia encontrado que o fornecimento de CoQ10 + vitamina E + selênio resultou em melhora significativa das condições clínicas, as quais corresponderam com uma normalização dos marcadores de estresse oxidativo.

Fontes:

Ghadah A, et al. Quercetin Effect of CoQ10 Administration to Psoriatic Iraqi Patients on Biological Therapy Upon Severity Index (PASI) and Quality of Life Index (DLQI) Before and After Therapy

Kharaeva Z, et al.Quercetin Clinical and biochemical effects of coenzyme Q(10), vitamin E, and selenium supplementation to psoriasis patients

Novo banco de dados direcionado à pesquisa sobre o ômega-3

A cada mês, 200 a 250 novos artigos científicos sobre EPA e DHA são publicados e indexados pelo PubMed. Segundo artigo publicado em PLEFA, a organização global para os ômegas-3 EPA e DHA (GOED, na sigla em inglês) construiu um banco de dados abrangente e pesquisável dos estudos com essas moléculas.

Até maio último, o GOED Clinical Study Database (CSD) já continha informações sobre mais de 46.000 artigos, dos quais 414 são meta-análises, 1.116 revisões sistemáticas, 5.326 estudos epidemiológicos, 3.513 estudos de intervenção em humanos e 15.963 estudos em modelos animais.

O banco de dados disponível a membros inclui duas seções diferentes:

Na pesquisa de resumos (abstracts), o leitor encontra detalhes sobre se os estudos geraram resultados positivos, negativos ou neutros, além de palavras-chave associadas, autores de estudos influentes e periódicos relevantes.

A pesquisa avançada oferece dados sobre os resultados de um determinado estudo, é totalmente pesquisável e pode ser filtrada através de variáveis, como a dose, duração do estudo, número de participantes, idades e doenças. Ou seja, a interface permite uma rápida verificação dos efeitos dos ômega-3 em um biomarcador desejado, em pessoas com certas condições ou fatores de risco.

Fontes:

Bernasconi A, et al. Quercetin Development of a novel database to review and assess the clinical effects of EPA and DHA omega-3 fatty acids

Quercetin The GOED Clinical Study Database

  07 DE JULHO DE 2022 | EDIÇÃO 49.

Olá!

As vitaminas C e K2 estão no foco de estudos recentes, como na publicação feita em maio deste ano no Ecotoxicology and Environmental Safety, a qual aumentou a evidência de que a suplementação de vitamina C pode ser uma estratégia nutricional na proteção à poluição do ar.

Ainda, meta-análises publicadas em Biomedicines e Journal of Bone and Mineral Metabolism associaram o aporte nutricional de vitamina K2 na prevenção de osteoporose.


Boa leitura!


Vitamina C como abordagem prática na proteção à poluição do ar

Desde a publicação científica da American Heart Association sobre poluição do ar e doenças cardiovasculares, em 2010, evidências inequívocas do papel danoso – causal – das partículas poluentes finas ≤ 2,5 μm de diâmetro (PM2,5) se solidificaram além das questões respiratórias. 

Dado o papel central do estresse oxidativo e, dentre outros mecanismos, a disfunção endotelial, como vias de iniciação do risco cardiovascular mediado por PM2,5, um estudo recém-publicado no Ecotoxicology and Environmental Safety aumentou a evidência de que uma estratégia nutricional preventiva pode ser por meio da suplementação de vitamina C. 

Realizado num campo universitário, em Shijiazhuang (China), o estudo cruzado, randomizado e duplo-cego contou com a participação de 58 adultos jovens saudáveis, os quais foram aleatoriamente designados para o grupo vitamina C (2000 mg/d) ou grupo placebo por uma semana, alternando com um período de washout de 2 semanas. Na ocasião, quinze biomarcadores circulantes foram medidos. 

A suplementação de vitamina C foi significativamente associada às diminuições de:

   19,47% na interleucina-6 (IL-6);

   17,30% no fator de necrose tumoral-a (TNF-α);

   34,01% na proteína C reativa (PCR);

   37% da pressão arterial sistólica (PAS); 

   6,03% da pressão de pulso (PP). 

Além das diminuições identificadas, a glutationa peroxidase (GSH-Px) aumentou significativamente em 7,15%.

Pelos resultados benéficos obtidos em tão curto período, o estudo traz um possível racional estratégico tanto para indivíduos suscetíveis que vivem em ambientes com maior exposição à poluição do ar quanto para aqueles expostos de maneira mais pontual, como durante viagens para tais locais.

Fontes:

Rajagopalan et al. Quercetin Personal-Level Protective Actions Against Particulate Matter Air Pollution Exposure: A Scientific Statement From the American Heart Association

Ren J, et al. Quercetin Vascular benefits of vitamin C supplementation against fine particulate air pollution in healthy adults: A double-blind randomised crossover trial - ScienceDirect


Meta-análises: vitamina K2 na prevenção da osteoporose

Entre o aspecto nutricional preventivo na perda óssea, vários estudos vêm revelando a importância do aporte da vitamina K2 (VK) – especialmente nos adultos e idosos. Com a crescente publicação de estudos randomizados e controlados, duas revisões sistemáticas e meta-análises foram recém-publicadas, fornecendo assim um panorama quantitativo atual sobre esse importante tema. 

A investigação de Salma et al., publicada recentemente em Biomedicines, teve como objetivo analisar o papel da VK, administrada durante mais de seis meses, sobre a densidade mineral óssea (DMO) e risco de fraturas em adultos. A análise destaca que a VK diminuiu o risco geral de fratura, no entanto, os investigadores não encontraram evidências suficientes sobre a significância da VK na DMO do colo do fêmur.

Já a revisão sistemática e meta-análise de Zhou et al., publicada no Journal of Bone and Mineral Metabolism teve como objetivo confirmar se a suplementação da VK – a qual vem sendo usada na prevenção e tratamento da osteoporose no Japão –, é, de fato, eficaz em mulheres na                    pós-menopausa com osteoporose. 

Os investigadores encontraram que a VK desempenha um papel importante na manutenção e melhora da DMO nessas mulheres. Entre outros, a sua suplementação foi associada a uma alteração percentual significativamente maior da DMO lombar e DMO do antebraço (WMD 2,17, 95% CI [1,59–2,76] e WMD 1,57, 95% CI [1,15–1,99]), respectivamente. 

Fontes:

Salma et al.Quercetin Effect of Vitamin K on Bone Mineral Density and Fracture Risk in Adults: Systematic Review and Meta-Analysis

Zhou et al. Quercetin Efficacy and safety of vitamin K2 for postmenopausal women with osteoporosis at a long-term follow-up: meta-analysis and systematic review | SpringerLink


  20 DE JUNHO DE 2022 | EDIÇÃO 48.

Olá!

 

Como destaque desta edição está um estudo recentemente publicado em Cosmetics que analisa os efeitos do uso concomitante do ácido hialurônico em diferentes pesos moleculares pela via oral e tópica, destacando os efeitos da estratégia “In&Out” no antienvelhecimento da pele.

 

O segundo assunto apresenta uma meta-análise publicada no JAMA, que identificou que a ingestão de ômega-3 possui uma associação não linear para a pressão arterial, trazendo para a prática clínica uma dose-resposta mais funcional para este importante controle.

Boa leitura!


Saúde da pele: estudo da estratégia "in&out"  

Desde o ano 2000, a administração oral de moléculas nutricionais tem sido relatada para melhorar a saúde da pele – "nutricosmética" – desde a camada interna até a dérmica, assim como nas camadas estruturais e funcionais externas. Dentre os relatos científicos, um  exemplo bem conhecido de nutricosmético é a suplementação de colágeno e/ou seus precursores.

 

Um estudo clínico recém-publicado em Cosmetics deu um passo a mais. Carlomagno et al. (2022) avaliaram a eficácia da estratégia "In&Out" para a saúde da pele, ou seja, o uso concomitante de um mesmo princípio ativo por duas vias diferentes: oral e tópica. 

 

No estudo, o ácido hialurônico de espectro amplo (sob diferentes pesos moleculares - baixo, médio e alto) foi administrado como ingrediente ativo de um produto cosmético e como principal constituinte de um nutricosmético para avaliar sua eficácia na amenização dos sinais de envelhecimento da pele. 

 

O ácido hialurônico sob diferentes pesos moleculares permite uma melhor biodisponibilidade, entrando diretamente na circulação e interagindo com o receptor celular, principalmente o CD44, podendo promover fortemente a própria síntese endógena de ácido hialurônico na pele.

 

Setenta e cinco mulheres (idade média 55,8 ± 7,3) foram aleatoriamente designadas para os seguintes grupos por 4 semanas: um nutricosmético (oral) ativo + um cosmético (tópico) placebo; um cosmético ativo + um nutricosmético placebo; e uma combinação dos dois produtos contendo o ingrediente ativo ácido hialurônico. 

 

A melhora de todas as medidas de resultado (hidratação da pele, elasticidade, firmeza e perfilometria) foi alcançada por todos os tratamentos (p < 0,05); no entanto, o tratamento combinado resultou em uma melhora adicional da pele em relação aos dois tratamentos ativos em separado (p < 0,001). A administração concomitante de ácido hialurônico pela via oral e tópica também resultou num prolongamento dos efeitos – "lasting effects" –,  observado durante o período de acompanhamento de 2 semanas. 


Fonte:
Carlomagno et al. Anti-Skin-Aging Effect of a Treatment with a Cosmetic Product and a Food Supplement Based on a New Hyaluronan: A Randomized Clinical Study in Healthy Women


Meta-análise: dose-resposta de ômega-3 para a pressão arterial

Em meta-análises passadas, foi examinada a associação entre a ingestão de ácidos graxos poli-insaturados ω3 (ômega-3  EPA, DHA ou ambos) e a pressão arterial (PA), as quais não conseguiram revelar uma relação dose-resposta significativa ou mostraram tendências conflitantes. Essas meta-análises anteriores examinaram a relação dose-resposta usando abordagens de agrupamentos que não levam em consideração as correlações entre os efeitos em diferentes níveis de dose.

 

Após uma revisão abrangente da literatura, uma meta-análise recém-publicada no Journal of the American Heart Association (JAHA) teve como objetivo caracterizar com mais precisão o efeito dose-resposta do ômega-3 na PA na população geral e subgrupos relevantes.

 

Dos 3.066 estudos controlados randomizados, Zhang et al. (2022) encontraram 71 elegíveis (publicados entre 1987 e 2020), gerando uma amostra de 4.973 participantes (22-86 anos). As doses testadas variaram de 1g a 5g/dia, duração média de dez semanas.

Dentre seus achados, destacam-se:

- maior redução da PA em grupos de maior risco cardiovascular, como aqueles com hipertensão não tratada (≥140/90 mm Hg) ou hiperlipidemia; 

- uma relação dose-resposta não linear significativa para a PA sistólica (P = 0,0001) e diastólica (P = 0,0073); 

- PA sistólica, resultado clinicamente significante, −2,61 mm Hg (IC 95%, −3,52 a −1,69), com 3 g/d de DHA+EPA, em comparação com 0 g/d;

- identificada a dose-resposta para a PA de 2 a 3 g/dia.

Vale a pena notar que as intervenções de EPA/DHA na maioria dos estudos incluídos foram via suplementação (óleos de peixe ou algas). Sem contestar os benefícios da ingestão de animais marinhos e algas, a realidade é que o conjunto de estudos e o laboratório independente OmegaQuant, que mede a quantidade de EPA e DHA nas membranas dos eritrócitos (Omega-3 Index), vêm mostrando que a maioria das pessoas não consegue atingir uma ingestão suficientemente alta de ômega-3 apenas com alimentos.

Fonte:
Zhang et al. Omega‐3 Polyunsaturated Fatty Acids Intake and Blood Pressure: A Dose‐Response Meta‐Analysis of Randomized Controlled Trials | Journal of the American Heart Association


  31 DE MAIO DE 2022 | EDIÇÃO 47.

Olá!

O estudo que abre esta Essential Atual indica que a colina é um nutriente que tem potencial para melhorar a eficiência do manejo hepático, a mobilização e a utilização extra-hepática do DHA fornecido a gestantes. Tal descoberta amplia a compreensão sobre o momento inicial da suplementação de colina na gestação. 

No segundo destaque, apresentamos
um estudo que avaliou a múltipla interação entre a vitamina D, a melatonina e o sono.

Boa leitura!


Interação entre colina e DHA durante a gestação

Um estudo recém-publicado no The American Journal of Clinical Nutrition encontrou que, no período pré-natal, suplementar colina – um nutriente pró-cognição – em conjunto com o ácido graxo ômega-3 DHA ajuda o corpo a usar de forma mais eficiente o próprio DHA, o qual é essencial para o desenvolvimento do cérebro, da visão e cognição do feto.

A intervenção de 550 mg/dia de colina suplementar (n = 17) ou o controle de 25 mg/dia de colina (n = 16) foram iniciados na idade gestacional de 12 a 16 semanas e continuaram até o parto. Ao longo desse período, todas as gestantes que participaram da pesquisa receberam 200 mg/dia de DHA suplementar e um multivitamínico/mineral.

Elas visitaram o centro de pesquisa em três ocasiões distintas, nas quais forneceram amostra de sangue em jejum de 8-10 horas. Na mesma ocasião, medidas de altura, peso, mudanças no estado de saúde, dieta e uso de medicamentos/suplementos foram registrados. Amostras de sangue materno, assim como de cordão umbilical, foram também coletadas no momento do parto.

O estudo, classificado como controlado e randomizado, revelou que o grupo de intervenção mostrou melhoras significativas nos biomarcadores do status materno de DHA. Possivelmente, segundo os pesquisadores, ocorreu uma maior eficiência do manejo hepático, bem como uma mobilização e utilização extra-hepática do DHA, o que gera uma importante reflexão para os protocolos nutricionais gestacionais que indicam a suplementação de DHA somente.

De fato, apesar da ingestão semelhante de DHA entre os diferentes grupos participantes, Klatt et al. (2022) observaram um aumento relativo de quase 75% no status materno de DHA no grupo de intervenção em comparação com o de controle.

Sua descoberta amplia a compreensão sobre o momento inicial da suplementação de colina na gestação e indica que, possivelmente, para uma melhor janela de atuação, o ideal é não retardar para o terceiro trimestre.

Fonte:

Klatt K. et al. Prenatal choline supplementation improves biomarkers of maternal docosahexaenoic acid status among pregnant participants consuming supplemental DHA: a randomized controlled trial


Associação entre a vitamina D, a melatonina e o sono

Entre tantas ações biológicas no organismo, a pesquisa sobre a vitamina D vem revelando seu papel direto e indireto na regulação do sono. Crescentemente, as evidências sustentam o valor da sua suplementação na prevenção ou no tratamento de distúrbios do sono relacionados a esse período de repouso.

Entre elas, os receptores da vitamina D e as enzimas que controlam sua ativação e degradação são expressos em diversas áreas do cérebro envolvidas na regulação do sono, e a vitamina D possui função-chave na regulação da via serotoninérgica e na produção da melatonina.

Além disso, tanto a vitamina D quanto a melatonina participam da imunomodulação, melhoram a defesa imunológica e exibem outras atividades fisiológicas em comum, como regular os ritmos circadianos e a temperatura corporal, aumentar o desempenho físico e a captação de glicose nos músculos, além de prevenir o acúmulo de lipídios.

Um pequeno estudo intervencional em jovens adultas parece acrescentar evidência à ciência clínica sobre este curioso tema ao nos trazer o resultado de sua investigação da ingestão noturna de melatonina sobre os níveis de vitamina D, de acordo com os ciclos menstruais de jovens (média, 21,63 ± 0,94 anos) sem obesidade.

Durante a fase folicular, os níveis de vitamina D das participantes do estudo apresentaram aumentos significativos após a suplementação de melatonina, em comparação com o grupo placebo (P=0,001). Por sua vez, na fase lútea, o aumento dos níveis da vitamina não se mostraram significativos (P=0,7).

Fonte:

Fendri S. et al. Effect of nighttime melatonin intake on vitamin D levels


  12 DE MAIO DE 2022 | EDIÇÃO 46.

Olá!

Normalmente associados à saúde cardiovascular e ao metabolismo ósseo, os níveis de vitamina K também podem estar ligados à função cognitiva de adultos mais velhos. É o que indica estudo recém-publicado em Frontiers in Nutrition, que trazemos na abertura desta Essential Atual.

O segundo destaque desta edição
é um estudo que avaliou os efeitos de uma estratégia multicomponente simples, mas significante, de prevenção contra o câncer. 

Boa leitura!


Associação entre a vitamina K e a saúde cognitiva

Os aspectos funcionais das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) vêm sendo melhor elucidados perante seus efeitos multidimensionais. No âmbito da resposta imune sistêmica, por exemplo, essas vitaminas exibem efeitos moduladores por meio da regulação das funções dos linfócitos, secreção de anticorpos e expressão de citocinas. O efeito anti-inflamatório é precisamente regulado por essas vitaminas, um importante aspecto a ser considerado para pacientes mais velhos, pacientes com dificuldades de absorção gástrica e/ou condições intestinais.  


Dentre essas vitaminas, o conjunto da pesquisa recente vem desvendando as reais participações da vitamina K em múltiplos fatores para a saúde cardiovascular e o metabolismo ósseo. No entanto, será que os níveis dessa vitamina poderiam estar associados com a função cognitiva?  


Um estudo recém-publicado através do Frontiers in Nutrition procurou responder essa hipótese, anteriormente indicada por estudos epidemiológicos, através da medição da osteocalcina descarboxilada (ucOC) de 800 adultos mais velhos (idade média = 75,9), no Japão. Eles foram convidados para um exame abrangente de saúde geriátrica, incluindo um Mini Exame do Estado Mental (MMSE) e um exame de sangue.


Os pesquisadores encontraram uma associação significativa de função cognitiva prejudicada e concentração de ucOC no tercil mais alto de ucOC, com a razão de chances de 1,65 (IC 95%, 1,06 a 2,59, P = 0,028). Quando a análise foi repetida com cada domínio do MMSE, o maior tercil de ucOC foi associado ao comprometimento de orientação, cálculo e linguagem.


Esse atual achado, além de mostrar que a baixa ingestão ou insuficiência de vitamina K está associada ao comprometimento cognitivo, nos traz à lembrança que, segundo estudos, antagonistas da vitamina K, usados mundialmente como anticoagulantes orais, mostraram poder influenciar negativamente domínios cognitivos, como memória visual, fluência verbal e volume cerebral.

Fonte:

Bischoff-Ferrari et al. Association of Vitamin K Insufficiency With Cognitive Dysfunction in Community-Dwelling Older Adults.


Combinação de ômega-3, vit. D e exercício na prevenção do câncer

Um estudo de acesso aberto, recém-publicado em Frontiers in Aging, mostra o poder preventivo de uma combinação de três tratamentos simples para reduzir o risco cumulativo de câncer invasivo em adultos com mais de 70 anos. 


O estudo DO-HEALTH foi projetado como multicêntrico (Suíça, França, Alemanha, Áustria e Portugal), duplo-cego, randomizado e controlado para testar o benefício individual e combinado da suplementação de 2.000 UI/dia de vitamina D3 e/ou 1g/dia de ômega-3 marinho e/ou um programa simples de exercícios de força em casa (SHEP), em comparação com placebo e exercícios de controle.


No total, 2.157 participantes (idade média de 74,9 anos; 61,7% mulheres; 40,7% com 25-OH vitamina D abaixo de 20/ml, 83% pelo menos moderadamente ativos fisicamente) foram randomizados. Ao longo de um seguimento médio de 2,99 anos, 81 casos de câncer invasivo foram diagnosticados e verificados. Para os três tratamentos individuais, as razões de risco ajustadas (HRs, 95% CI, casos de intervenção versus controle) foram 0,76 (0,49-1,18; 36 vs. 45) para vitamina D3; 0,70 (0,44-1,09, 32 vs. 49) para ômega-3; e 0,74 (0,48–1,15, 35 vs. 46) para SHEP. 


No caso de dois tratamentos combinados, as HRs ajustadas foram de 0,53 (0,28–1,00; 15 vs. 28 casos) para ômega-3 + vitamina D3; 0,56 (0,30–1,04; 11 vs. 21) para vitamina D3 + SHEP; e 0,52 (0,28–0,97; 12 vs. 26 casos) para ômega-3 + SHEP. 


Quando os três tratamentos foram combinados, a HR ajustada foi de 0,39 (0,18–0,85; 4 vs. 12 casos).


Portanto, cada um dos tratamentos proporcionou um pequeno benefício individual, mas quando todos os três tratamentos foram combinados, os benefícios se tornaram estatisticamente significativos, e os pesquisadores observaram uma redução geral no risco de câncer em 61%. O NNT para prevenir um caso incidente de câncer no acompanhamento de 3 anos com os três tratamentos combinados foi de 35 (IC 95%, 26–137).


Fonte:

Bischoff-Ferrari et al. Combined Vitamin D, Omega-3 Fatty Acids, and a Simple Home Exercise Program May Reduce Cancer Risk Among Active Adults Aged 70 and Older: A Randomized Clinical Trial


  28 DE ABRIL DE 2022 | EDIÇÃO 45.

Olá!

Como destaque desta Essential Atual está um estudo recente que compara protocolos com ou sem a adição de whey protein, na presença ou não de exercícios, em adultos com sobrepeso ou obesidade, associando o whey a efeitos otimizadores.

O segundo assunto desta edição é sobre os níveis de vitamina C em pacientes pré bariátricas e a possível associação com os resultados metabólicos da intervenção.

Boa leitura!


Whey protein + exercício em adultos com sobrepeso

O efeito da atividade física é bem conhecido por melhorar a composição corporal e promover um balanço energético negativo. Para otimizar esse efeito, muitos estudos mostraram melhores resultados ou tendências quando se adiciona a suplementação de whey protein ao plano de exercício.

No estudo recém-publicado no Thai Journal of Public Health, oitenta indivíduos foram pareados e designados aleatoriamente para 1 dos 4 grupos: controle; exercício; whey; ou whey + exercício. 

Todos os participantes apresentavam sobrepeso ou obesidade (IMC ≥23 kg/m2), e os grupos suplementados com whey protein (isolado e concentrado) consumiram a dose de 29 g diluída em água, 30 minutos antes do café da manhã e jantar, totalizando 58 g/dia. Composição corporal, lipídios, glicose e função renal foram avaliados nas semanas 0, 6 e 12. 

Sessenta e dois indivíduos completaram o estudo. Os autores Wongraweekul et al. (2022) encontraram que, após 12 semanas, o grupo whey + exercício apresentou gordura corporal, glicemia e colesterol total significativamente diminuídos, enquanto o grupo controle aumentou significativamente o peso corporal, IMC e percentual de gordura corporal em comparação com o valor basal (p < 0,05). As mudanças médias no peso corporal, IMC e percentual de gordura no grupo controle diferiram significativamente de todos os grupos de intervenção (p<0,05), ou seja, incluindo o grupo whey que não se exercitou. 

Todos os três grupos de intervenção apresentaram melhoras parelhas, mas, em comparação com o grupo somente exercício, os grupos somente whey e whey + exercício mostraram uma leve tendência positiva superior nos parâmetros bioquímicos: glicose, TG, LDL e HDL. 

Possivelmente, o significado dessa leve tendência positiva nos grupos whey poderia ser melhor investigada se a duração do estudo fosse mais longa. Aparentemente, os autores do estudo não observaram essa tendência, mas, de qualquer forma, observaram a necessidade de um estudo de maior duração devido a uma natural diminuição na ingestão alimentar nos três grupos de intervenção. 

No quesito função renal, a alteração média de ureia nitrogenada no sangue (BUN), creatinina e ácido úrico não diferiu significativamente entre todos os grupos nas 12 semanas (p > 0,05).


Fonte:

Wongraweekul et al. Effect of whey protein supplementation and exercise on body composition and biochemical indices among overweight and obese adults



Níveis de vitamina C em pacientes pré bariátrica

Entre o tradicional monitoramento da ingestão de água e macronutrientes na preparação de um paciente para sua cirurgia bariátrica, incluir o monitoramento para a elevação dos níveis de certos micronutrientes pode otimizar os resultados metabólicos da intervenção. Um estudo publicado no European Journal of Clinical Nutrition exemplifica essa importante ajuda através da vitamina C. 

Um total de 253 pacientes com sobrepeso ou obesidade foram recrutados para a realização do estudo. Eles foram divididos em dois grupos: A (vitamina C < 34 ug/ml) e grupo B (vitamina C ≥ 34 ug/ml). Os parâmetros metabólicos de glicose e lipídios foram comparados e foi medido o status da vitamina antes da gastrectomia vertical (sleeve gástrico) e 6 e 12 meses após a cirurgia.

Yin et al. (2022) encontraram no grupo A níveis mais elevados de peso corporal, IMC, circunferência do pescoço, circunferência da cintura, circunferência do quadril, relação cintura-quadril, frequência cardíaca, pressão sistólica diastólica, glicemia pós-prandial de 2 horas, insulina de jejum, insulina pós-prandial de 2 horas, hemoglobina glicosilada, HOMA-IR, colesterol total, TG e ácidos graxos livres, e níveis menos elevados do colesterol HDL, em comparação com o grupo B – que apresentava melhores níveis de vitamina C antes do sleeve gástrico (p < 0,05).

A análise de regressão logística mostrou que níveis de vitamina mais baixos representaram um fator de risco independente de hipertrigliceridemia, obesidade e baixo HDL-C.


Fonte:

Yin, J. et al. Vitamin C status and its change in relation to glucose-lipid metabolism in overweight and obesity patients following laparoscopic sleeve gastrectomy


  06 DE ABRIL DE 2022 | EDIÇÃO 44.

Olá!

Conhecida por ser um carboidrato de baixo índice glicêmico e lenta absorção, a isomaltulose (Palatinose) continua a mostrar facetas funcionais. No destaque de abertura desta Essential Atual trazemos achados que confirmam uma melhor hidratação proporcionada por bebidas adoçadas com a isomaltulose, em comparação com a sacarose.

No segundo destaque, a crescente evidência da importância de folato para a saúde cerebral.

Boa leitura!


Isomaltulose vs sacarose na hidratação

Em janeiro passado, reportamos um estudo clínico sobre o efeito da isomaltulose – também conhecida como Palatinose – sobre a saúde arterial. Em comparação com a sacarose e a glicose, o consumo da isomaltulose mostrou inibir o aumento da rigidez arterial em adultos saudáveis, o que geralmente ocorre com o avanço da idade e/ou em estados hiperglicêmicos.

No conjunto, partindo de hipóteses distintas, diversos estudos sobre o uso da isomaltulose como adoçante vêm chegando a achados associados positivos.  

Anteriormente, em adultos jovens no estado desidratado, Amano et al. (2021) relataram no European Journal of Nutrition que a ingestão de uma bebida adoçada com isomaltulose foi associada a uma melhor retenção líquida (e equilíbrio hídrico), em comparação com a sacarose.

Esse potencial se mostra importante inclusive para a saúde do coração, como acaba de reportar Dmitrieva et al. (2022) em seu estudo publicado no European Heart Journal. Os pesquisadores descobriram que manter uma boa hidratação ao longo da vida pode retardar o declínio da função cardíaca e diminuir a prevalência de insuficiência cardíaca.

Agora, recém-publicado em Physiology & Behavior, Amano et al. 2022 relataram um pequeno estudo randomizado e cruzado, onde testaram o consumo de bebidas com eletrólitos adoçadas com isomaltulose ou sacarose por adultos jovens. Sendo a isomaltulose um carboidrato de baixo índice glicêmico e insulinêmico (IG 32), desta vez eles investigaram se o estado de hidratação pode ser impactado de forma diferente, em comparação com a sacarose (IG 103) e a água (IG 0, controle), avaliando o índice de hidratação das bebidas (BHI).

Descobriram que a ingestão de isomaltulose atenuou a produção de urina em comparação com água e sacarose (P ≤ 0,005) no período de 3 h pós-ingestão. O BHI maior (2,02 e 1,53 avaliado em 2 e 3 h após a ingestão) ocorreu com a ingestão da bebida isomaltulose em comparação com a bebida sacarose (1,37 e 1,20, respectivamente) ou água (1,00).

Aumentos na glicose e lactato no sangue, índices de absorção e utilidade da glicose foram retardados no grupo isomaltulose, em comparação com o grupo sacarose, o que se mostra positivo na hidratação do dia a dia. Importante distinguir aqui, portanto, que, no caso de uma emergência, p.ex., um atleta com sinais de desidratação durante uma competição, a utilização da sacarose pode ser mais eficaz para facilitar uma reidratação (aguda) mais rápida.

Já a isomaltulose vem cada vez mais se mostrando uma boa alternativa de adoçante para bebidas tanto no estado euhidratado quanto desidratado não emergencial.


Fontes:

Kobayashi R., et al.  Effects of Different Types of Carbohydrates on Arterial Stiffness: A Comparison of Isomaltulose and Sucrose.

Amano T., et al.  Comparisons of isomaltulose, sucrose, and mixture of glucose and fructose ingestions on postexercise hydration state in young men.

Amano T., et al.  Comparison of hydration efficacy of carbohydrate-electrolytes beverages consisting of isomaltulose and sucrose in healthy young adults: A randomized crossover trial.

Dmitrieva N., et al. Middle age serum sodium levels in the upper part of normal range and risk of heart failure.



Folato na prevenção de demências

Cresce evidência sobre a importância de níveis ótimos de vitamina B9 (folato) para a saúde cerebral no longo prazo. Demais membros do complexo B participam da proteção.

Uma nova revisão sistemática publicada (Martinez et al. 2022) em Nutrients solidifica o encontrado pela revisão sistemática e meta-análise publicada no ano passado (Wang et al. 2021) em Nutrition Reviews: uma maior ingestão do complexo B, em especial do folato, está associada ao atraso ou risco reduzido de demência na população de adultos mais velhos sem demência.

Se causa reversa ou não, o fato é que, entre outros, níveis do complexo B – como B1, B9 e B12 –, tendem a reduzir com o avanço dos anos. Mecanismos hipotéticos que explicam essa associação são, p.ex., que a deficiência de folato afeta o nível de homocisteína e, portanto, o risco vascular de demência e/ou que a deficiência de folato afeta o reparo prejudicado do DNA neuronial, sensibilizando-o ao dano oxidativo – acelerando assim o dano celular.

Ademais, achados anteriores associaram a depressão a maiores chances de demência – mesmo mais de 20 anos após o diagnóstico. Considerando essa associação, é importante computarmos um estudo baseado na população de adultos mais velhos e idosos (≥ 60 anos) de Florianópolis, publicado em Research, Society and Development. Nele, Benfica et al. (2022) encontraram que a menor média de folato sérico, acima do nível considerado "deficiente", associou-se à presença de sintomas de depressão após ajustes de controle.

Fonte:

Wang, Z., et al.  B vitamins and prevention of cognitive decline and incident dementia: a systematic review and meta-analysis.

Martínez, V., et al.  Vitamin Supplementation and Dementia: A Systematic Review.

Benfica, M., et al.  Depressive symptoms and serum levels of vitamins B12 and folate in elderly from Florianópolis/SC: Epifloripa Elderly Study.


  16 DE MARÇO DE 2022 | EDIÇÃO 43.

Olá!

No destaque de abertura desta Essential Atual trazemos um estudo que demonstrou potencial da quercetina para combater o estresse. Os pesquisadores registraram melhoria nas alterações degenerativas do estresse psicológico, no fator de risco cardiometabólico e mecanismo de defesa oxidante-antioxidante.

No segundo destaque, uma pesquisa que investigou a relação entre a suplementação de selênio e a reversão do declínio cognitivo no envelhecimento e na lesão hipocampal .

Boa leitura!


Quercetina na proteção contra o estresse

A quercetina, um importante flavonoide natural, está amplamente presente em frutas, vegetais e plantas medicinais. Devido aos seus efeitos potencialmente benéficos para a saúde humana, a quercetina tornou-se o foco da atenção medicinal. Entre os efeitos da quercetina bem estudados estão a melhora da resistência à insulina, regulação da homeostase da glicose e do ácido úrico, e inibição da inflamação, estresse oxidativo e apoptose.

Publicado no International Journal of Life Science and Pharma Research, um novo estudo de desenho paralelo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo, com a participação de 100 estudantes universitárias saudáveis, mas estressadas, nos traz um efeito não demonstrado anteriormente: a quercetina pode proteger contra o estresse.

O efeito da quercetina no estresse revelou melhora das alterações degenerativas do estresse psicológico, no fator de risco cardiometabólico e mecanismo de defesa oxidante-antioxidante. 

Este feito foi alcançado em 30 dias com a dose de 200 mg/dia contida em barras dietéticas.

Fonte:

Mitra S., et al.  Supplementation of Quercetin Nutraceutical Ameliorates Stress among Female College Students.


Selênio na neurogênese hipocampal adulta

Como o exercício aumenta a neurogênese no hipocampo adulto? A resposta pode, em parte, estar no efeito do exercício de aumentar quantidades da proteína de transporte de selênio, a selenoproteína P (SEPP1). Este foi o achado do estudo em animais de Leiter et al. (2022), publicado em Cell Metabolism.

Os pesquisadores observaram que o selênio faz a mediação do aumento induzido pelo exercício na neurogênese no hipocampo adulto, aumenta a proliferação de precursores hipocampais e a neurogênese adulta, e foi capaz de reverter o declínio cognitivo no envelhecimento e na lesão hipocampal.

Descobriram isso ao rastrear proteínas que aumentam em abundância, em camundongos que se exercitavam em uma roda. Uma delas foi a proteína SEPP1, que ajuda a fornecer selênio ao cérebro. A depleção genética de SEPP1 ou seu receptor reduziu o efeito do exercício na proliferação de células precursoras neurais.

A suplementação dietética de selênio imitou o efeito do exercício e reduziu alguns dos defeitos cognitivos causados pelo envelhecimento.

Paralelamente, como um lembrete, um estudo transversal com estudantes universitárias, também recém-publicado, observou que evitar carnes e aves pode reduzir a ingestão de selênio, além de ácidos graxos ômega-3, vitamina B12, e zinco.

Fonte:

Leiter, O., et al.  Selenium mediates exercise-induced adult neurogenesis and reverses learning deficits induced by hippocampal injury and aging.


  17 DE FEVEREIRO DE 2022 | EDIÇÃO 42.

Olá!

Pesquisadores observaram redução de até 22% no surgimento de doenças autoimunes em pessoas de meia-idade após suplementação com vitamina D. O estudo, que compreendeu um período de mais de 5 anos, analisou ainda os efeitos da suplementação com ômega-3. Confira no destaque de abertura desta Essential Atual .

No segundo destaque, um estudo retrospectivo que relacionou o nível insuficiente de vitamina D antes da infecção por COVID-19 com o aumento da gravidade e mortalidade da doença durante a hospitalização.

Boa leitura!


Vitamina D e ômega-3: resultados de 5 anos de acompanhamento
sobre doenças autoimunes

As doenças autoimunes são uma família de 80 ou mais doenças relacionadas que compartilham a patogênese, uma violação da tolerância imune e um ataque imunomediado aos próprios tecidos do corpo. Embora haja marcada heterogeneidade entre essas doenças, todas elas se desenvolvem insidiosamente ao longo do tempo, com a quebra da tolerância e da regulação das vias inflamatórias geralmente levando meses a anos. Juntas, atualmente, elas se tornaram comuns, e a prevalência aumenta com o avanço da idade.

Com foco na prevenção primária, foi realizado um importante acompanhamento do estudo em larga escala sobre a vitamina D e/ou o ômega-3 (VITAL; 25.871 participantes), e seus achados foram agora publicados no BMJ. Os pesquisadores relataram os efeitos da suplementação na incidência de doenças autoimunes (incluindo artrite reumatoide, polimialgia reumática, tireoidite de Hashimoto e psoríase) ao longo de aproximadamente 5,3 anos de acompanhamento randomizado.

Os resultados sugerem que, para mulheres com 55 anos ou mais e homens com 50 anos ou mais, ácidos graxos ômega-3 marinhos (1.000 mg por dia: 460 mg de EPA e 380 mg de DHA) e vitamina D (2.000 UI por dia) – as doses usadas no estudo VITAL – podem levar a:

• redução de 22% em todas as doenças autoimunes com vitamina D, e uma redução de 15% nas mesmas com suplementação de óleo de peixe;

• redução de 18% em todas as doenças autoimunes com suplementação de óleo de peixe, ao incluir na análise os participantes que tinham "provável" doença autoimune, ou seja, não documentada.

O estudo de doenças autoimunes VITAL é único, não apenas pelos resultados positivos, mas também porque foi direcionado ao público em geral, não a um grupo especificamente de alto risco, e não testou esses dois suplementos para prevenção de apenas uma doença.

No médio prazo, a suplementação em conjunto ou em separado mostrou-se segura, bem tolerada e com resultados clinicamente importantíssimos. 

Fonte:

Hahn J., et al.   Vitamin D and marine omega 3 fatty acid supplementation and incident autoimmune disease: VITAL randomized controlled trial.


Importância do status da vitamina D antes da infecção por COVID-19

Durante esses dois últimos anos, com o surgimento da infecção por SARS-CoV-2, muito foi falado sobre a essencialidade de bons níveis de vitamina D (25(OH)D) através de vários estudos que mostraram melhores resultados clínicos e um risco reduzido de infecção.

No entanto, como parte do andamento da pesquisa científica, alguns estudos encontraram resultados neutros, o que pode ter gerado confusão de informações numa população já carente de políticas institucionais baseadas na prevenção natural. 

Recém-publicado em Plos One, um estudo retrospectivo de uma única instituição demonstrou mais uma vez uma forte correlação entre o nível insuficiente de 25(OH)D antes da infecção por COVID-19 e o aumento da gravidade e mortalidade da doença durante a hospitalização.

Nele, como um baixo nível sérico de 25(OH)D medido durante a infecção aguda por COVID-19 pode refletir uma consequência da inflamação crônica e não uma causa subjacente, os pesquisadores superaram esse viés ao usar o histórico da vitamina mais recente do paciente, antes da infecção.

Enquanto 48,1% dos pacientes com deficiência de vitamina D (< 20 ng/mL) tiveram evolução grave da doença, menos de 10% dos pacientes com níveis ≥ 20 ng/mL tiveram evolução grave. Enquanto a mortalidade de pacientes que tinham níveis de vitamina D 25(OH)D ≥ 20 ng/mL foi de 5% ou menor, a mortalidade de pacientes com < 20 ng/mL foi de 25,6%.

Fonte:

Dror, A., et al.  Pre-infection 25-hydroxyvitamin D3 levels and association with severity of COVID-19 illness.

  02 DE FEVEREIRO DE 2022 | EDIÇÃO 41.

Olá!

O óleo de krill pode ser uma opção segura e eficiente de terapia para os casos de hipertrigliceridemia, comumente tratados com estatinas. Estudo publicado no Jama Network Open mostrou redução média de 33,5% nos níveis de TG no sangue em pacientes diagnosticados, após o tratamento de 26 semanas com óleo de krill. Confira detalhes no destaque de abertura desta Essential Atual .

No segundo destaque, uma análise dos potenciais fatores responsáveis pela atual epidemia de miopia. 

Boa leitura!


Óleo de krill na hipertrigliceridemia severa

Um benefício muito conhecido e testado dos ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa ômega-3 é para a saúde do sistema cardíaco. Uma das fontes desses ômegas é o óleo do pequeno crustáceo krill. Diferente da forma encontrada nos peixes, os ômegas do krill vêm sob a forma de ácidos graxos livres ligados a fosfolipídeos, além de o óleo conter astaxantina, cuja característica antioxidante ajuda a conservar a integridade do óleo naturalmente.

Recém-publicado no Jama Network Open, um estudo investigou se o óleo de krill poderia ser considerado um tratamento eficaz e seguro para a hipertrigliceridemia grave.

Os dados de quinhentos e vinte pacientes com níveis de triglicerídeos (TG) em jejum de 500 a 1500 mg/dL, com ou sem tratamento estável com estatinas, fibratos ou outros agentes para baixar os níveis de colesterol, foram agrupados em 2 ensaios clínicos randomizados para a análise (TRILOGY 1 e TRILOGY 2 de fase 3). A dose investigada foi 4g (contendo 1,24 g de EPA e DHA) ao dia.

Os investigadores descobriram que os níveis de TG no sangue foram reduzidos em 26,0% no grupo krill, e 15,1% no grupo placebo em 12 semanas (P = 0,02). A diferença média significativa de tratamento persistiu por 26 semanas entre os respectivos grupos, 33,5% versus 20,8% (P = 0,02). A intervenção mostrou boa tolerabilidade e segurança de uso. 

Um outro achado importante foi o número necessário para tratar (NNT).

Na análise, em ambas as 12 e 26 semanas, o NNT com óleo de krill foi de 11 pacientes tratados para 1 paciente com hipertrigliceridemia grave alcançar um TG inferior a 500 mg/dL.

Como um comparativo ilustrativo, as estatinas, que se tornaram sinônimo de “prevenção de infartos e AVC", têm um NNT de 60 para infartos (e 268 para AVC), isto é, se os pacientes saudáveis tomarem estatina durante um período de 5 anos. Caso os pacientes já apresentam doença do coração, o NNT é de 39 para infartos.

Fonte:

Mozaffarian D., et al.   Effectiveness of a Novel ω-3 Krill Oil Agent in Patients With Severe Hypertriglyceridemia.  

Sharon Begley.   What are the odds that your medication will help you get better?


Possíveis interações que moldam a atual epidemia de miopia

Não é novidade que nas últimas décadas muitos componentes do estilo da vida moderna sofreram mudanças impactantes. Diferente das mudanças diárias, por mais adaptativo que o organismo mostra poder ser, sua biologia requer tempo evolutivo e adaptativo.

Uma dessas mudanças modernas veio na forma de uma certa prevalência do uso de telas eletrônicas e um menor tempo passado em ambientes externos. Isso pode se traduzir, por exemplo, em menos atividade ocular entre o perto e o longe, como quando alguém olha uma nuvem ou um pássaro à distância, e depois olha para algo mais perto de si.

Publicado em Plos One, um estudo que usou dados do "UK Biobank Study" mostra que a miopia está se tornando um problema para mais pessoas no início da vida, enquanto – ao mesmo tempo – uma proporção maior de pessoas que desenvolvem miopia está relatando casos mais graves do distúrbio ocular. 

O UK Biobank é um banco de dados biomédico de grande escala e recurso de pesquisa, que é regularmente aumentado com dados adicionais, contendo informações genéticas e de saúde detalhadas de meio milhão de participantes do Reino Unido.

Os pesquisadores estabeleceram um aumento da prevalência de miopia ao longo do tempo, de 20% de prevalência na coorte mais velha (nascida em 1939-1944) para 29,2% na coorte mais jovem (nascida em 1965-1970). Para esse salto, os pesquisadores sugerem que mudanças na nutrição na infância acompanharam o aumento do uso de telas digitais e mudanças nos métodos de ensino (mais lição de casa e menos tempo ao ar livre).

Importante observar que essas descobertas podem fornecer evidências indiretas da interação gene-ambiente que molda o risco de miopia.

Em paralelo com a pesquisa, parte das estratégias de saúde pública para crianças no Reino Unido está na forma de iniciativas de atividade física que, como subproduto do equilíbrio entre a atividade interna (que exige mais a  visão de perto) e a atividade externa (trabalha mais a visão à distância), podem ajudar a reduzir o risco de miopia.

Fonte:

Cumberland, P., et al.  Temporal trends in frequency, type and severity of myopia and associations with key environmental risk factors in the UK: Findings from the UK Biobank Study

  20 DE JANEIRO DE 2022 | EDIÇÃO 40.

Olá!

Entre os possíveis fatores causadores da rigidez arterial estão os picos glicêmicos pós-pandrial. Assim, pesquisadores compararam os efeitos da ingestão de sacarose com a de isomaltulose (Palatinose™), e os resultados deste estudo nós trazemos na abertura desta Essential Atual.

No segundo destaque, uma pesquisa que avaliou os potenciais benefícios da adição de peptídeos de colágeno tipo I à suplementação padrão para tratamento da osteopenia, com cálcio e vitamina D3. 

Boa leitura!


Isomaltulose na inibição da rigidez arterial

É sabido que a glicemia pós-prandial e a rigidez arterial tendem a aumentar com o avanço da idade, mostrando uma relação significativa entre esses aumentos. Vários estudos já mostraram que a rigidez arterial aumenta durante a hiperglicemia. Ademais, um rápido aumento nos níveis glicêmicos após uma refeição é um fator de risco independente para doenças cardiovasculares e um fator de risco maior do que a glicemia de jejum.

Um pequeno estudo publicado em Nutrients hipotetizou que a ingestão de sacarose aumentaria a rigidez arterial com o aumento dos níveis da glicemia, e quis investigar se a ingestão de isomaltulose influenciaria ou não a rigidez arterial. Para testar a hipótese, os investigadores examinaram os efeitos agudos da ingestão de isomaltulose e sacarose especificamente na rigidez arterial, em dez adultos saudáveis (média, 62,8 anos).

A isomaltulose, também conhecida como Palatinose™, tem quantidades semelhantes de doçura e energia à sacarose; no entanto, a taxa de decomposição no intestino delgado é mais lenta do que a da sacarose, o que modera o aumento dos níveis da glicemia após a sua ingestão.

Um importante achado desse estudo foi que, confirmando achados anteriores, a velocidade da onda de pulso do tornozelo braquial (baPWV) aumentou 30, 60 e 90 minutos após a ingestão de sacarose, em comparação com antes de sua ingestão. A baPWV é uma medida não invasiva relativamente nova da rigidez arterial obtida por meio de um sistema automatizado.

No teste com a isomaltulose, nenhum aumento foi observado, mostrando um efeito neutro também para a pressão arterial sistólica. 

Os pesquisadores concluíram que com a curva AUC da baPWV menor com o uso da isomaltulose, pode-se esperar que a isomaltulose iniba o aumento da rigidez arterial em comparação com o consumo de outros carboidratos, como sacarose e glicose, favorecendo alimentos doces saborosos e saudáveis.

Fonte:

Kobayashi R., et al.   Effects of Different Types of Carbohydrates on Arterial Stiffness: A Comparison of Isomaltulose and Sucrose.


Peptídeos de colágeno na prevenção e no tratamento da osteopenia

Entre os vários tipos de colágenos presentes no organismo, o tipo I compreende aproximadamente 95% de todo o conteúdo de colágeno dos ossos e o seu envolvimento nas propriedades mecânicas ósseas já foi bem documentado. Quando na forma de peptídeos, a suplementação mostrou poder afetar a remodelação e mineralização da matriz óssea,  promovendo a proliferação e diferenciação dos pré-osteoblastos e reduzindo a maturação dos osteoclastos.

Nesse sentido, um estudo prospectivo randomizado examinou e comparou a eficácia – representada pelas alterações nos biomarcadores ósseos, propeptídeo amino-terminal do procolágeno tipo 1 (P1NP) e telopeptídeo C-terminal do colágeno I (CTX) –, e a tolerabilidade da suplementação padrão, ou seja, cálcio e vitamina D3, com e sem a adição de peptídeos de colágeno no tratamento da osteopenia. Publicado no Journal of Musculoskeletal Neuronal Interactions, as suplementações foram testadas durante 3 meses.

Cinquenta e uma mulheres na pós-menopausa (média, 62 anos) foram alocadas em dois grupos: diariamente, o grupo A recebeu 5g de peptídeos de colágeno + 3,6g de lactato de cálcio (equivalente a 500mg de cálcio elementar) + 400 UI de vitamina D3; e o grupo B recebeu a suplementação de cálcio e vitamina D sem o colágeno.

No grupo A, os níveis de P1NP diminuíram 13,1% (p < 0,001) e os níveis de CTX diminuíram 11,4% (p = 0,058) em 3 meses de suplementação.

O grupo B, que não recebeu o colágeno, tanto o P1NP quanto o CTX não se alteraram de maneira significativa, possivelmente requerendo mais tempo de suplementação e/ou diferentes dosagens, como experimentado em estudos anteriores.

Fonte:

Argyrou C., et al.  Effect of calcium and vitamin D supplementation with and without collagen peptides on bone turnover in postmenopausal women with osteopenia.

  6 DE JANEIRO DE 2022 | EDIÇÃO 39.

Olá!

Mesmo com uma demanda aumentada por conta da gravidez, a ingestão de creatina pelas gestantes não se difere da ingestão por mulheres não grávidas. É o que mostram os dados do National Health and Nutrition Examination Survey, que trazemos no destaque de abertura desta Essential Atual. 

No segundo destaque, uma revisão sistemática que analisou os efeitos da suplementação de magnésio para melhorar o metabolismo da glicose em pessoas com ou em risco de diabetes. 

Boa leitura!


Demanda e ingestão de creatina por gestantes

A creatina é considerada um nutriente condicionalmente essencial, principalmente devido ao seu papel em processos que demandam energia, incluindo reprodução e gravidez. Dados preliminares mostram um aumento da demanda por creatina materna devido ao rápido crescimento e aumento das necessidades metabólicas do feto, estando a sua baixa disponibilidade associada a complicações clínicas na gestação, como parto prematuro e asfixia perinatal.

Avanços recentes na nutrição e fisiologia da creatina sugerem que a síntese interna de creatina é aumentada durante a gestação; no entanto, também é visto que a quantidade de creatina que o corpo sintetiza naturalmente não é suficiente para atender às necessidades humanas.

Pela via exógena, aproximadamente 50% das necessidades diárias de creatina parecem ser atendidas por meio de uma dieta onívora, servindo como um importante alerta às gestantes com dietas que excluem produtos animais, mesmo que parcialmente.

Portanto, um tema pertinentemente crescente é se essas mulheres conseguem alcançar níveis ótimos de creatina frente à sua pontual necessidade.

Ingestão

Através de quatro bancos de dados do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES, 2011-2018), pesquisadores chegaram a algumas conclusões frente às respostas de 173 mulheres entrevistadas (20-40 anos), que forneceram informações sobre ingestão alimentar e estado de gravidez, entre elas:

- Não foram encontradas diferenças para a ingestão diária de creatina entre mulheres grávidas e não grávidas (p = 0,82);

- 57,2% das mulheres grávidas consumiam creatina abaixo de 0,75 g por dia (dose estimada para o metabolismo energético de mulheres não grávidas), com 17,3% consumindo zero creatina.

Esse recém-publicado relatório chama a atenção para a necessidade de estudos clínicos e considerações práticas sobre o potencial profilático da suplementação de creatina em mulheres com baixo consumo dietético, que buscam engravidar e/ou durante a gestação.

Se aproximadamente 6 em cada 10 mulheres grávidas (57,2%) consomem creatina abaixo das quantidades recomendadas para uma mulher adulta, isso sugere um risco de desnutrição desse importante derivado de aminoácidos nessa população.

Fontes:

Ostojic S., et al.  Do Pregnant Women Consume Enough  Creatine? Evidence from NHANES 2011–2018.

Ostojic S., et al.  Perspective: Creatine, a Conditionally Essential Nutrient: Building the Case.


Magnésio para melhorar o metabolismo da glicose

Há um grande e crescente corpo de literatura focando o uso da suplementação oral de magnésio (Mg) para melhorar o metabolismo da glicose em pessoas com ou em risco de diabetes.

Como os ensaios clínicos randomizados conseguem incluir apenas um pequeno número de participantes, Veronese et al. realizaram uma revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados e controlados por placebo, para investigar o efeito do Mg sobre os parâmetros da glicose e da sensibilidade à insulina. Todos os participantes dos 25 ensaios incluídos na revisão apresentavam ou diabetes ou condições que os colocavam em um alto risco de desenvolver diabetes, incluindo obesidade/sobrepeso, síndrome metabólica, insuficiência renal, histórico familiar de diabetes e pré-diabetes.

A conclusão é otimista: a suplementação oral de Mg não apenas diminuiu significativamente a glicose plasmática após 2h com 75g de glicose no teste oral de tolerância à glicose, mas também a glicose plasmática de jejum e HOMA-IR. E, muito importante, a presente revisão, recém-publicada em Nutrients, também encontrou que a suplementação de Mg se mostrou bem tolerada e sem efeitos adversos significativos.

Fonte:

Veronese N., et al. Oral Magnesium Supplementation for Treating Glucose Metabolism Parameters in People with or at Risk of Diabetes: A Systematic Review and Meta-Analysis of Double-Blind Randomized Controlled Trials.

Essential Nutrition

  8 DE DEZEMBRO DE 2021 | EDIÇÃO 38.

Olá!

Mesmo sendo consumido há séculos, o café continua revelando os seus efeitos na saúde humana. No destaque desta Essential Atual trazemos uma seleção de estudos recentes que relacionam o café (e sua complexa composição) à prevenção de doenças e à longevidade saudável.

Boa leitura!


Atualização clínica: estudos recentes sobre o café

A cafeína é certamente o composto mais famoso encontrado no café, mas está longe de ser o único. Esse alimento é formado por uma mistura intrincada de centenas de substâncias – como o ácido clorogênico, variados polifenóis, proteína, carboidrato, óleo e pequenas quantidades de vitaminas e minerais -, que variam de acordo com o método de cultivo, tipo do grão, torrefação, etc.  

Mesmo sem uma composição precisa ou constante, o café faz parte de uma grande quantidade de estudos que o associam a efeitos benéficos para condições como AVC, insuficiência cardíaca, alguns cânceres, diabetes, Parkinson e doenças neurodegenerativas.

Resumimos aqui quatro importantes e recém-publicados estudos que mostram que a bebida continua a ser intensamente investigada para uma estratégia de saúde longeva.

Cálculos renais

O primeiro deles, publicado no American Journal of Kidney Diseases, usou a metodologia de randomização mendeliana para minimizar possíveis fatores confundidores de estudos epidemiológicos, calculando estimativas causais. Nele, os autores fornecem evidências genéticas em apoio de associações inversas causais do consumo de café e cafeína com a saúde dos rins. Conforme a conclusão, "o aumento do consumo de café e cafeína pode ser uma estratégia de prevenção de cálculos renais".

Longevidade

Outro estudo, publicado no International Journal of Food Sciences and Nutrition, investigou o hábito de tomar café com todas as causas de mortalidade entre 190.000 coreanos, através de dados de dois estudos prospectivos. O consumo de café foi associado a um menor risco de mortalidade por todas as causas [HR (IC 95%) = 0,84 (0,77–0,92), para ≥ 3 xícaras/dia de consumo de café versus zero consumo; p = 0,004].


Envelhecimento saudável do cerebro

No dia 16 de novembro, dois estudos foram publicados, coincidentemente, sobre aspectos que envolvem a longevidade cerebral. Os pesquisadores do estudo publicado no PLOS Medicine usaram dados do UK Biobank (população do Reino Unido) e descobriram que beber 2-3 xícaras de café + 2-3 xícaras de chá por dia foi associado a um risco 32% menor de AVC e 28% menor de demência. A ingestão de café sozinho ou em combinação com chá foi associada a menor risco de demência pós-AVC.

Outro estudo, publicado em Frontiers in Aging Neuroscience, usou dados de 227 adultos mais velhos, mas cognitivamente normais, para investigar a relação entre a ingestão habitual de café e o acúmulo de Aβ-amiloide cerebral e os volumes cerebrais ao longo de 126 meses. Os resultados mostraram que o maior consumo de café foi associado a um declínio cognitivo mais lento, especificamente nas funções executivas e nos domínios da atenção. 

Além disso, o maior consumo de café também foi associado a um declínio mais lento no Composto Cognitivo Pré-Clínico de Alzheimer (PACC), que já foi demonstrado que mede de forma confiável os primeiros sinais de declínio cognitivo em populações cognitivamente saudáveis, mas em risco. 


Consistente com esses achados, o maior consumo de café foi adicionalmente associado a um menor risco de transição de cognitivamente normal para comprometimento cognitivo leve ou estado de Alzheimer no mesmo período de 126 meses.


Fontes:

Yuan S., et al. Coffee and Caffeine Consumption and Risk of Kidney Stones: A Mendelian Randomization Study.

Cho H., et al. Association of coffee drinking with all-cause and cause-specific mortality in over 190,000 individuals: data from two prospective studies.

Zhang Y., et al. Consumption of coffee and tea and risk of developing stroke, dementia, and poststroke dementia: A cohort study in the UK Biobank.

Gardener S., et al. Higher Coffee Consumption Is Associated With Slower Cognitive Decline and Less Cerebral Aβ-Amyloid Accumulation Over 126 Months: Data From the Australian Imaging, Biomarkers, and Lifestyle Study

Essential Nutrition

  19 DE NOVEMBRO DE 2021 | EDIÇÃO 37.

Olá!

No destaque de abertura desta Essential Atual, trazemos um estudo publicado em Nutrients, que mostrou o potencial da combinação de exercícios físicos com suplementação de taurina para redução significativa do IMC, dos níveis de triglicerídeos e, em especial, da porcentagem de gordura corporal em pacientes com diabetes mellitus tipo 2.
 

No segundo destaque, a descoberta de que uma pequena dose de vitamina MK-7 pode aumentar e manter a vitamina B12 circulante, reforçando seu papel biológico na prevenção da neuropatia periférica em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 ou deficiência de B12.

Boa leitura!


Taurina e exercícios para tratar diabetes em mulheres

Além de intervenção com exercícios, estratégias nutricionais, como a suplementação de aminoácidos, têm sido recomendadas para tratar o diabetes mellitus tipo 2. Entre elas está a suplementação de taurina, ácido aminossulfônico condicionalmente semi-essencial, cujos níveis aparecem diminuídos tanto nas plaquetas quanto no plasma em pacientes com diabetes insulino-dependentes. 

Recém-publicado um Nutrients, um estudo investigou os efeitos de uma intervenção de exercícios via sistema TRX (treino com fita de suspensão, 1 hora, 3 x na semana) de 8 semanas combinada com suplementação de taurina (500mg, 2 x ao dia) sobre a composição corporal, glicemia e marcadores lipídicos em mulheres com diabetes mellitus tipo 2.

Quarenta mulheres (idade: 53 ± 5 anos, massa corporal = 84,3 ± 5,1 kg) foram divididas aleatoriamente a quatro grupos: TRX + placebo; TRX + taurina; taurina; ou controle. Todas as participantes faziam uso dos medicamentos metformina e glibenclamida

Todas as três intervenções diminuíram significativamente o IMC e a porcentagem de gordura corporal, no entanto, a alteração desta última no grupo TRX + taurina foi significativamente maior do que em todos os outros grupos.

Entre outros achados, é relevante observar que o treinamento de TRX + taurina também superou de maneira significativa todos os outros grupos quanto às reduções nos níveis de HbA1c, triglicerídeos e colesterol total, além de aumento do HDL.


Fonte:

Masouleh S., et al. The Effects of TRX Suspension Training Combined with Taurine Supplementation on Body Composition, Glycemic and Lipid Markers in Women with Type 2 Diabetes.

Estudo avalia MK-7 para neuropatia periférica

Publicado em EC Neurology, um estudo piloto avaliou a eficácia e segurança da vitamina MK-7 (menaquinona-7) em pacientes com neuropatia periférica devido ao diabetes mellitus tipo 2 ou à deficiência de vitamina B12 – duas condições clínicas distintas ligadas por sintomatologia e possivelmente patologia subjacente.

No estudo, duplo-cego randomizado, uma cápsula de 100 μg de MK-7 ou de placebo foi administrada duas vezes ao dia por 8 semanas a 20 pacientes de ambos os sexos. Após o esse período, os pacientes foram acompanhados por mais 4 semanas e a intensidade dos sintomas foi autoavaliada por meio da Escala Visual Analógica (EVA) de dor. Os níveis séricos da MK-7 foram determinados no início do estudo e nas semanas 4 e 8. 

Houve uma diminuição estatisticamente significativa no escore EVA de dor nos pacientes que receberam a suplementação de MK-7 (P < 0,05), em comparação ao placebo. O escore EVA foi inversamente relacionado aos níveis séricos de MK-7 e aos sintomas de neuropatia periférica. A vitamina MK-7 foi bem tolerada sem efeitos adversos subjetivos e objetivos relatados durante as 12 semanas de estudo.

Com base no estudo atual, a suplementação de vitamina MK-7 pode ajudar pacientes com diabetes mellitus tipo 2 ou deficiência de B12 a aumentar e/ou manter a vitamina B12 circulante, aumentando seu papel biológico na prevenção de neuropatia periférica.

Essential Nutrition

  04 DE NOVEMBRO DE 2021 | EDIÇÃO 36.

Olá!

No destaque de abertura desta Essential Atual, a descoberta que a suplementação com proteína de soro de leite (whey) tem potencial para reduzir o colesterol LDL e a insulina sérica e melhorar a resistência à insulina em adultos mais velhos.
 

No segundo destaque, a descoberta de uma nova possível indicação para o ginseng: impulsionar o metabolismo ósseo de mulheres acima de 40 anos.

Boa leitura!


Whey protein para a saúde cardiometabólica

Pesquisadores ingleses e australianos acabam de publicar no Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle que 16 semanas de suplementação de whey protein enriquecido com leucina por si só, como também combinada com exercícios baseados em resistência, reduziram o colesterol LDL e a insulina sérica e melhoraram a resistência à insulina em adultos mais velhos (idade média de 68,73 anos). Além disso, a suplementação por si só (sem o exercício) conferiu reduções positivas de resistina.

A dose da suplementação (1,50 g/kg/dia) foi dividida em três vezes ao dia, ou seja, 0,50 g/kg por refeição.

O aumento da ingestão de proteínas além da RDA tem sido sugerido como uma estratégia para melhorar a saúde cardiometabólica. De acordo com estudos experimentais e meta-análises de adultos mais velhos sem insuficiência renal, esse aumento por 16 semanas não exerce efeitos prejudiciais na função renal (eTFG).

Recentemente, resultados de meta-análises demonstraram efeitos benéficos, corroborando com o achado do estudo clínico agora publicado. Em uma delas, publicada em Lipids in Health and Disease (2020), os pesquisadores observaram que estudos de longa duração eram mais propensos a mostrar efeitos benéficos do whey sobre a insulina de jejum.

Já uma revisão sistemática e meta-análise de estudos de intervenção humana publicada no British Journal of Nutrition, agora em setembro, encontrou resultados que sustentam um efeito protetor do whey protein na função endotelial medida por dilatação fluxo-mediada.


Fontes:

Kirk B., et al. Leucine-enriched whey protein supplementation, resistance-based exercise, and cardiometabolic health in older adults: a randomized controlled trial.

Amirani E., et al. Effects of whey protein on glycemic control and serum lipoproteins in patients with metabolic syndrome and related conditions: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled clinical trials.

Hajizadeh-Sharafabad  F., et al. Role of whey protein in vascular function: a systematic review and meta-analysis of human intervention studies.

Ginseng para o metabolismo ósseo de mulheres acima de 40 anos

Os ginsenosídeos encontrados no extrato de ginseng (Panax ginseng) oferecem vários efeitos no organismo, inclusive efeitos antitumorais. Nos últimos anos, estudos descobriram que os ginsenosídeos promovem a proliferação e a osteogênese de células relacionadas aos osteoblastos, bem como inibem a atividade dos osteoclastos.

Para confirmar os resultados anteriores, um estudo randomizado, duplo-cego e controlado por placebo foi conduzido, pela primeira vez, em mulheres na pós-menopausa com sintomas osteopáticos e de artrite. 

As 85 mulheres que completaram o estudo (> 40 anos) foram designadas aleatoriamente para receber 1g de extrato de ginseng (EG); 3g de EG; ou placebo por 12 semanas. A dose foi dividida em duas tomadas: antes do café da manhã e antes do jantar.

Coletivamente, houve diferenças significativas entre os três grupos (p < 0,05). O grupo de mulheres que consumiu 3g de EG apresentou um aumento significativo em alguns índices de formação óssea, como a osteocalcina e o cálcio séricos em comparação com o grupo placebo.

Da mesma forma, a razão entre a osteocalcina e o telopeptídeo C-terminal do colágeno tipo 1 (OC / CTX-1) séricos aumentou notavelmente no grupo EG 3g, em comparação com os outros grupos.  

Entre os três grupos, o grupo EG 3g demonstrou uma diminuição significativa no valor da rigidez das articulações, e a dor melhorou em comparação com o grupo placebo. Nenhum evento adverso clinicamente significativo foi observado.

Nutracêuticos, como o ginseng, vêm mostrando que podem ajudar a saúde musculoesquelética em geral. Por exemplo, recentemente, um outro estudo clínico randomizado e controlado por placebo em mulheres na pós-menopausa com osteopenia também mostrou que a suplementação de extrato da casca do pinheiro marítimo francês (150 mg/dia), durante 12 semanas, melhorou o metabolismo ósseo à medida que a razão sérica de OC e OC / CTX-1 aumentou. Portanto, resultados semelhantes aos do atual estudo sobre o ginseng, que acaba de ser publicado em Nutrients

Essential Nutrition

  21 DE OUTUBRO DE 2021 | EDIÇÃO 35.

Olá!

No destaque de abertura desta Essential Atual, um estudo em animais observou que a função das mitocôndrias, normalmente afetada na presença de doenças inflamatórias como a artrite reumatoide, pode ser estimulada com a combinação de CoQ10 e ômega-3. Segundo o estudo publicado em Physiological Research, essa suplementação combinada pode, no longo prazo, ser benéfica para combater a progressão da doença.
 

No segundo destaque, a comprovação clínica dos poderes imunomodulatórios da ashwagandha.

Boa leitura!


CoQ10 e Ômega-3 no combate à artrite reumatoide

Pesquisadores investigaram os efeitos in vivo da CoQ10 e do ômega-3, de cada um e dois dois juntos, durante 28 dias, na bioenergética mitocondrial do músculo esquelético e no estado antioxidante na artrite induzida em ratos. O estudo foi publicado no Physiological Research.

Eles tiveram como ponto de partida a constatação que alterações mitocondriais fazem parte das doenças inflamatórias como a artrite reumatoide, onde os mediadores pró-inflamatórios podem alterar a sua função, prejudicando o metabolismo energético celular.

As cobaias foram randomizadas em cinco grupos: um grupo controle; um grupo com artrite; um grupo com artrite que recebeu 100 mg/kg/dia de CoQ10 (líquido lipossomal); um grupo com artrite, que recebeu 400 mg/kg/dia de ômega-3; e um grupo com artrite, que recebeu CoQ10 e ômega-3 nas mesmas doses. Cada grupo continha oito animais.

Em separado, os ativos agiram positivamente, mas não alcançaram significância estatística. Já o tratamento combinado de CoQ10 e ômega-3 aumentou a capacidade antioxidante próximo aos controles saudáveis, até o limite da significância estatística (p = 0,121), apresentando pequena diminuição nos marcadores inflamatórios.


Outra constatação importante foi que a combinação de CoQ10 e ômega-3 estimulou a função das mitocôndrias do músculo esquelético nos animais com a doença inflamatória de forma bem significativa (p <0,001). Segundo os pesquisadores, esses resultados mostram que, no longo prazo, essa suplementação pode ser benéfica para influenciar contra a progressão da doença.

Fonte:

Kucharská J., et al. Treatment with coenzyme Q10, omega-3-polyunsaturated fatty acids and their combination improved bioenergetics and levels of coenzyme Q9 and Q10 in skeletal muscle mitochondria in experimental model of arthritis.

Estudo evidencia efeito imunomodulador da ashwagandha

Acaba de ser publicado no Journal of Clinical Medicine estudo realizado em indivíduos saudáveis usando o extrato de ashwagandha (Withania somnifera) para a imunidade. Ao considerarmos a pequena dose utilizada em relação ao curto período de teste, os resultados mostram relevância significativa perante à recente prevalência de infecções virais e microbianas em todo o mundo.

Duplo-cego e controlado por placebo, o estudo piloto ganhou mais força pelo seu design crossover. Vinte e quatro homens e mulheres (45-72 anos) receberam 60mg de extrato de ashwagandha (contendo 21mg ou cerca de 35% de glicosídeos de witanolida) ou placebo (pó de arroz torrado) durante 30 dias. 

O grupo suplementado relatou aumento significativo (p < 0,05) em Igs (IgA, IgM, IgG, IgG2, IgG3 e IgG4), citocinas (IFN-γ, IL4), TBNK (células NK, CD45+, CD3+, CD4+, CD8+, CD19+) enquanto que no grupo placebo as células TBNK mostraram diminuição significativa (p < 0,05) e Ig's e citocinas não apresentaram alteração (p > 0,05).

Após essa primeira etapa, o grupo antes denominado placebo começou a receber o extrato também por 30 dias, enquanto que o grupo que já havia iniciado a suplementação teste continuou recebendo a mesma, agora não mais às cegas. 

No período de extensão, no dia 60 do estudo, os indivíduos que passaram para o grupo de teste também mostraram aumento significativo (p < 0,05) em Igs, citocinas e células TBNK. Já os indivíduos que continuaram a receber o extrato de ashwagandha mostraram uma melhora significativa adicional (p < 0,05) em Ig's, citocinas e células TBNK.

Não houve eventos adversos relatados no estudo. O extrato contendo boa concentração de glicosídeo de witanolida melhorou significativamente o perfil imune dos indivíduos saudáveis, modulando tanto o sistema imune inato quanto o adaptativo.

Essential Nutrition

  05 DE OUTUBRO DE 2021 | EDIÇÃO 34.

Olá!

Nesta edição da Essential Atual analisamos os mecanismos de ação das proantocianidinas e do carboidrato D-manose no combate às bactérias que causam infecções do trato urinário. 

Considerando a crescente resistência das bactérias ao tratamento convencional, via antibióticos, os compostos bioativos encontrados no cranberry podem auxiliar na prevenção e tratamento dessas infecções, que atingem cerca de 40% das mulheres e 12% dos homens ao longo da vida.

VER O ARTIGO
Essential Nutrition

  16 DE SETEMBRO DE 2021 | EDIÇÃO 33.

Olá!

A promoção da saciedade é apontada como um importante mecanismo de prevenção da obesidade e do diabetes. Nesse sentido, o adoçante xilitol surge como uma possibilidade de consumo interessante, em substituição ao açúcar, para essa finalidade. É o que revela estudo publicado em Nutritional Neuroscience, que demonstrou relação entre o seu uso e a liberação de hormônios intestinais ligados à saciedade. Um efeito que se soma às suas já conhecidas propriedades, de baixa caloria e baixo índice glicêmico. Confira no destaque de abertura desta Essential Atual.

No segundo texto, o surpreendente efeito do açafrão sobre a qualidade do sono em adultos.

Boa leitura!


Xilitol e eritritol no controle neuroendócrino da saciedade

Um estudo cruzado, publicado em Nutritional Neuroscience, comparou os efeitos dos adoçantes de baixa caloria e baixo índice glicêmico, xilitol e eritritol, com o adoçante calórico glicose e água. O objetivo era testar seus efeitos sobre as regiões envolvidas na regulação do apetite e se esses efeitos estariam relacionados à liberação de hormônios intestinais, como CCK e PYY. 

Esses hormônios sinalizam áreas do sistema nervoso central envolvidas na regulação do apetite. Nem todas as substâncias adoçantes induzem igualmente essa importante secreção: adoçantes artificiais, como a sucralose ou o aspartame, por exemplo, não estimulam a liberação de hormônios intestinais. Já o adoçante calórico frutose evoca apenas uma fraca liberação.

Vinte homens e mulheres normoglicêmicos saudáveis, com idade média de 27,7 anos e IMC médio de 28,3 kg/m2, receberam via intragástrica doses agudas dos adoçantes diluidos (75 mg de glicose, 50 mg de xilitol e 75 mg de eritritol) ou apenas água. Essa via de administração dos adoçantes ajuda a reduzir pistas oro-sensoriais ou confusões das fases cefálica e oral da ingestão, como respostas hedônicas e cognições.

Alguns interessantes achados: 


- o xilitol aumentou o fluxo sanguíneo cerebral e, portanto, a atividade no hipotálamo, enquanto a glicose teve o efeito oposto;
- a análise gráfica da conectividade funcional em repouso revelou um padrão complexo de semelhanças e diferenças no impacto nas propriedades da rede global e nodal entre xilitol, eritritol e glicose;
- o eritritol e o xilitol induziram aumento nos níveis de CCK e PYY; 
- o eritritol não teve efeito e o xilitol apenas efeitos mínimos sobre a glicose e a insulina.


Em resumo: a combinação de propriedades (baixa caloria, baixo índice glicêmico e estimulação da liberação de hormônios intestinais anorexígenos) torna esses adoçantes atraentes como uma substituição do açúcar para muitos indivíduos e, em especial, na prevenção ou presença de pré-diabetes, diabetes tipo 2 e obesidade.

Fonte:  

Meyer-Gerspach A., et al. Erythritol and xylitol differentially impact brain networks involved in appetite regulation in healthy volunteers.

Extrato de açafrão para o sono

Na edição passada, trouxemos um estudo mostrando que o extrato de açafrão (Crocus sativus ) exerce tendência redutora da pressão arterial no médio prazo. Nesta, trazemos um ensaio clínico randomizado controlado com 3 braços, grupo paralelo, duplo-cego, que investigou o seu efeito sobre o sono de adultos, quando ingerido uma hora antes de dormir. 

Cento e vinte adultos com sono insatisfatório receberam placebo, 14mg ou 28mg de um extrato de açafrão padronizado (affron®) durante 28 dias.

Houve uma diferença estatisticamente significativa entre os grupos na mudança nas classificações de qualidade do sono de PSD entre o grupo açafrão (combinado) e o grupo placebo (p = 0,023), mas nenhuma diferença significativa entre as duas doses de açafrão (p = 0,949). Uma análise ITT também observou diferença estatística entre o grupo açafrão (combinado) e o placebo (p = 0.045).

Em comparação com o placebo, a suplementação de açafrão foi associada a aumentos nas concentrações noturnas de melatonina, o que pode sugerir que um mecanismo associado aos seus efeitos soníferos pode ser por meio de sua influência na melatonina. Isso se soma aos seus efeitos bem conhecidos no equilíbrio dos neurotransmissores e às suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Já o cortisol noturno não foi afetado. A suplementação de açafrão foi bem tolerada, sem efeitos adversos significativos relatados.

Essential Nutrition

  01 DE SETEMBRO DE 2021 | EDIÇÃO 32.

Olá!

Valorizada por seus efeitos positivos sobre os tecidos em geral, a suplementação com colágeno também mostra potencial para promoção da saúde muscular. É o que concluiu estudo que comparou o efeito desta suplementação com whey protein e com placebo. Confira no destaque de abertura desta Essential Atual.


No segundo texto, uma revisão sistemática que avaliou a eficácia do açafrão na diminuição da pressão arterial.

Boa leitura!


Colágeno para a saúde muscular

Não é novidade afirmar que uma função motora plena na vida adulta se correlaciona com o aumento da longevidade. O sedentarismo cobra um preço alto sob vários aspectos. Este fato sugere que as estratégias para reduzir o declínio acelerado devem começar cedo e que a detecção precoce de alterações na estrutura ou função motora pode oferecer oportunidades de prevenção e intervenções direcionadas.   

A novidade, no entanto, é o conjunto de estudos mostrando que, além de atividades físicas frequentes e uma boa ingestão proteica, entre outros, a suplementação de colágeno pode ajudar na estratégia para a preservação da estrutura motora. Ou seja, o colágeno, além de beneficiar a saúde da pele, a síntese de cartilagem, ligamentos e tendões, vem mostrando poder beneficiar a saúde muscular.

Recém-publicado no International Journal of Environment Research of Public Health, um estudo randomizado e controlado focou esta possibilidade de suplementação aliada ao treino de resistência na composição corporal e força muscular em homens de meia-idade não treinados (com sobrepeso). Para melhor explorar os resultados, o grupo suplementado com colágeno foi depois comparado com um outro grupo de homens que recebeu whey protein aliado ao mesmo treino de resistência (TR).

Durante 12 semanas de duração, noventa e sete homens ingeriram 15g de peptídeos de colágeno (n = 30), ou placebo (n = 31), ou whey protein (n = 36), diariamente. Todos participaram de um TR de 1 hora, 3 x por semana.

A análise principal revelou um aumento estatisticamente significativo na massa livre de gordura (p = 0,010) e diminuição na massa gorda (p = 0,023) no grupo colágeno em comparação com o placebo – um efeito próximo ao conquistado pelo grupo whey protein. A força muscular aumentou significativamente em todos os grupos como resultado do TR.

Fonte: 

Zdzieblik D., et al. The Influence of Specific Bioactive Collagen Peptides on Body Composition and Muscle Strength in Middle-Aged, Untrained Men: A Randomized Controlled Trial.

Açafrão, um influenciador favorável na pressão arterial

Nas últimas três décadas, grandes melhorias nas taxas de tratamento e controle da hipertensão foram observadas em países de renda média, como Costa Rica, Cazaquistão, África do Sul, Brasil, Turquia e Irã, reforçando a importância da atenção primária sobre essa questão.

No entanto, conforme estudo recém-publicado no The Lancet, apesar de ser simples de diagnosticar e relativamente fácil de tratar, quase metade das pessoas (41% das mulheres e 51% dos homens) com hipertensão em todo o mundo em 2019 desconheciam sua condição.

Uma estratégia básica de tratamento anti-hipertensivo é através da nutrição. Como evidência de um nutracêutico influenciador, uma revisão sistemática e meta-análise de oito estudos randomizados controlados, recém-publicada em Nutrients, descobriu que o açafrão (Crocus sativus) apresenta um pequeno efeito, mas, ao longo do tempo, possivelmente importante na melhora da pressão arterial em adultos.

As influências favoráveis da suplementação de açafrão (abundante em crocina, picrocrocina, safranal e crocetina) nas doenças metabólicas já foram mostradas anteriormente. Na atual revisão, os autores encontraram agora que a suplementação de açafrão resultou em uma diminuição significativa na pressão arterial sistólica (diferença média ponderada (WMD): −0,65 mmHg; IC de 95%: −1,12 a −0,18, p = 0,006) e pressão arterial diastólica (WMD: −1,23 mmHg ; IC 95%: -1,64 a -0,81, p < 0,001).

A suplementação reduziu a pressão diastólica de uma forma não linear, com base na duração do tratamento. Os estudos incluídos na revisão tiveram duração máxima de 3 meses.

Fontes:

Worldwide trends in hypertension prevalence and progress in treatment and control from 1990 to 2019: a pooled analysis of 1201 population-representative studies with 104 million participants. The Lancet, 24/08/2121.

Setayesh L., et al. The Effect of Saffron Supplementation on Blood Pressure in Adults: A Systematic Review and Dose-Response Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials.

Essential Nutrition

  18 DE AGOSTO DE 2021 | EDIÇÃO 31.

Olá!

Com risco aumentado para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 e outras anomalias metabólicas, as mulheres diagnosticadas com síndrome do ovário policístico podem ter na proteína do soro do leite (whey) uma ferramenta para promoção do controle metabólico. Essa é uma das conclusões de um estudo publicado em Nutrients, que trazemos de forma resumida no primeiro destaque desta Essential Atual.


No segundo texto, uma pesquisa que avaliou a eficácia do colágeno hidrolisado tipo II no alívio do desconforto articular.

Boa leitura!


Whey protein para a resposta glicêmica e biomarcadores hepáticos

A ingestão de proteína via soro do leite aumenta a ingestão de aminoácidos essenciais e pode estimular a saciedade e reduzir a inflamação, além de mostrar exercer um efeito insulinogênico pós-prandial. Assim, a suplementação de whey protein foi estabelecida como um meio apropriado para promover o controle metabólico em pessoas com sobrepeso, obesidade ou metabolismo comprometido. Poucos estudos, até agora, examinaram o efeito do whey protein em parâmetros semelhantes em mulheres com síndrome do ovário policístico (SOP).  


Devido à natureza do SOP e o risco aumentado para o desenvolvimento de diabetes tipo 2 e outras anomalias metabólicas, como a esteatose hepática não-alcoólica (NAFLD), o objetivo de um estudo exploratório recém-publicado em Nutrients foi comparar a resposta hormonal e das enzimas hepáticas durante 7 dias de suplementação de whey protein isolado (WPI), usando o teste de tolerância glicêmica oral (OGTT) em mulheres com SOP e controles saudáveis.

As participantes (14 no grupo SOP, idades = 22,9 ± 5,8 anos; IMC = 33,7 ± 9,5 kg/m2; 15 controles, idades = 21,1 ± 3,2 anos; IMC = 24,4 ± 4,0 kg / m2) consumiram 35g de WPI com sabor chocolate ou baunilha, 30 minutos antes do almoço, diariamente.

Embora tenha sido um estudo com curta duração e poucas participantes, sendo, assim, difícil de detectar poder estatístico, a maioria dos efeitos positivos foram observados em ambos os grupos. O whey protein teve um efeito de interação sobre a glicose (p = 0,02) e insulina (p = 0,03), com a glicose permanecendo estável e a insulina aumentando com a suplementação. 

A melhora da sensibilidade à insulina (p < 0,01) veio associada ao aumento da secreção de glucagon (p < 0,01). Entre outros, no grupo SOP ocorreu uma redução do acúmulo de lipídios nas células HepG2 (uma linha de células de câncer de fígado).

Os autores projetam repetir o estudo por um período mais longo de suplementação (40 dd), para observar se os parâmetros associados com NAFLD, como a alanina aminotransferase (ALT) e o aspartato aminotransferase (AST), se elevam, como mostraram tendência no curto espaço de tempo do estudo atual.

Fonte: 

Zumbro E., et al. Whey Protein Supplementation Improves the Glycemic Response and May Reduce Non-Alcoholic Fatty Liver Disease Related Biomarkers in Women with Polycystic Ovary Syndrome (PCOS).

Colágeno hidrolisado tipo II no alívio do desconforto articular

Acaba de ser publicado um estudo que investigou os efeitos do suplemento concentrado de colágeno hidrolisado de frango tipo II (≥ 70% HCII) para o alívio do desconforto articular em uma população que não tomava analgésicos. O estudo duplo-cego, randomizado e controlado por placebo também avaliou a eficácia do HCII no desconforto no punho além do desconforto no joelho e quadril.

Todos os 90 participantes (homens e mulheres, idades 40-65 anos) foram aleatoriamente designados para receber 2,5 g de HCII diariamente, ou uma quantidade igual de placebo, e acompanhados nas semanas 4 e 8 após a avaliação inicial.

Em relação às condições de saúde e fatores de risco no início do estudo, a maioria das características não foi estatisticamente diferente entre os dois grupos, exceto a duração da dor relatada no início do estudo. Em média, o grupo HCII relatou uma duração significativamente maior de dor relacionada às articulações do que o grupo placebo (p = 0,023).

Diversas descobertas positivas foram encontradas através das pesquisas WOMAC, para avaliação geral do desconforto articular, e VAS, para avaliação da dor. Entre elas, a análise sensitiva detectou uma redução significativa e maior na pontuação geral da WOMAC no grupo suplementado versus placebo na semana 4 (P = 0.045), e mais diferenças observadas na semana 8 em favor do grupo HCII.

O índice WOMAC no domínio da rigidez foi o mais substancial estatisticamente, favorecendo o grupo HCII tanto na semana 4 (P = 0,018) quanto na semana 8 (P = 0,048).

Fonte:

Mohammed A., He S. A Double-Blind, Randomized, Placebo-Controlled Trial to Evaluate the Efficacy of a Hydrolyzed Chicken Collagen Type II Supplement in Alleviating Joint Discomfort.

Essential Nutrition

  22 DE JULHO DE 2021 | EDIÇÃO 30.

Olá!

Muito conhecida por prevenir e combater resfriados comuns, a vitamina C também pode auxiliar no tratamento de infecções respitarórias graves. É o que revela estudo recém-publicado em BMC Infectious Diseases e que está resumido no primeiro destaque desta Essential Atual.


No segundo texto, um alerta sobre a importância da promoção da saúde ocular nos tempos atuais.

Boa leitura!


Efeitos da vitamina C no tratamento

de infecções respiratórias

Do resfriado comum a doenças infecciosas graves, o potencial de ajuda de boas doses de vitamina C parece ser evidente. No entanto, muitos de nós ainda pensamos que obtemos, diariamente, o necessário através de certos alimentos crus, enquanto outros simplesmente esquecem, de maneira crônica, da importância de sua otimização sérica preventiva. 


Dentre tantos estudos, trazemos um recém-publicado em BMC Infectious Diseases, um jornal de acesso aberto, que adiciona mais evidência sobre a vitamina C para a imunidade, com foco no tratamento da infecção respiratória.

Oitenta pacientes gravemente enfermos com pneumonia foram incluídos nesse ensaio clínico duplo-cego randomizado. Internados na unidade de terapia intensiva, os investigadores testaram a vitamina C intravenosa que, dentre suas características, ajuda muito em situações urgentes e para pacientes com dificuldade de engolir.

Os pacientes foram aleatoriamente designados para grupos de intervenção ou placebo recebendo tratamento padrão mais 60 mg/kg/dia de vitamina C como uma infusão contínua ou solução salina por 96h.

Nesse curto espaço de tempo, em comparação com o grupo que não recebeu a vitamina C, a adição do nutriente ao tratamento no grupo de intervenção resultou numa diminuição da inflamação, duração da ventilação mecânica e o uso de vasopressores.

Mahmoodpoor A., et al. Effect of Vitamin C on mortality of critically ill patients with severe pneumonia in intensive care unit: a preliminary study.

Dados alertam para a saúde ocular de pessoas com menos de 40 anos

Sem dados brasileiros específicos, pessoas nos Estados Unidos temem perder a visão mais do que a memória, a audição ou a fala, e consideram a perda da acuidade visual uma das 4 piores coisas que podem acontecer com elas. Se essas pessoas estão cientes ou não que a performance da visão está relacionada à saúde mental, o receio é compreensível. E, como qualquer outro sistema do corpo, o sistema visual requer cuidados.

Funcionando como um alerta preventivo já para populações mais jovens, pela primeira vez, um estudo incluiu participantes < 40 anos para estimar números mais precisos sobre como anda a acuidade visual (incluindo a cegueira) nos Estados Unidos. 

A perda da acuidade visual ou prevalência de cegueira podem variar substancialmente entre estados ou regiões devido aos fatores de risco para deficiência visual (como diabetes, fumo, exposição ao sol, nutrição, toxinas ou lesões), acesso a cuidados de saúde e consciência sobre medidas de prevenção, determinantes sociais da saúde (como pobreza, educação, riscos ocupacionais) e políticas. 

Portanto, devido aos muitos possíveis vieses, os autores do novo estudo, publicado em JAMA Ophthalmology, utilizaram o modelo de meta-regressão para estimar informações mais detalhadas sobre como a perda da visão e a cegueira foram distribuídas pelos estados americanos e entre as crianças e os mais velhos no ano de 2017.

Os investigadores descobriram que, entre as pessoas que vivem com perda da visão e cegueira nos Estados Unidos, quase 1 em cada 4 tem menos de 40 anos. Com números estimados de casos de perda da acuidade visual ou cegueira 68% maior do que a estimativa anterior (2012), acredita-se que além da inclusão das populações mais jovens, esse aumento se deve também ao crescimento da população mais idosa.

Fonte:

Flaxman A., et al. Prevalence of Visual Acuity Loss or Blindness in the US.

Essential Nutrition

  08 DE JULHO DE 2021 | EDIÇÃO 29.

Olá!

A resistência à insulina é mais um possível efeito da carência de vitamina D. Essa correlação foi apontada por uma meta-análise de 40 estudos publicada em Nutrients e resumida no primeiro destaque desta Essential Atual.


No segundo texto, um alerta sobre a presença de um ingrediente inusitado e potencialmente tóxico em várias categorias de cosméticos.

Boa leitura!


Meta-análise indica relação entre vitamina D e resistência à insulina

Existe correlação de níveis inferiores de vitamina D com a resistência à insulina? A partir de uma meta-análise de 40 estudos, publicada em Nutrients, pesquisadores concluíram que sim – mas não somente em pacientes com diabetes tipo 2. Com um grau menor, a correlação também foi observada na população não diabética com sobrepeso ou obesidade, independentemente de idade ou sexo. 

De acordo com estudos anteriores, existe uma sinergia (ação simultânea) entre a hipovitaminose D e a obesidade no desenvolvimento da hiperglicemia e resistência à insulina. A expressão dos receptores de vitamina D é mais pronunciada em obesos em comparação com indivíduos magros, e a sua deficiência tem uma relação inversa independente do IMC.

O mecanismo "anti" resistência à insulina da vitamina D pode atuar por meio do seu mecanismo anti-inflamatório em indivíduos com sobrepeso. Uma diminuição nas citocinas inflamatórias após o tratamento com vitamina D foi observada em muitos estudos anteriores e pode ter um papel na promoção da sensibilidade à insulina.

O ciclo funciona por meio da síntese de gordura estimulada pela insulina e do tecido adiposo, iniciando a síntese de marcadores inflamatórios, que levam ao aumento da resistência à insulina. A vitamina D interrompe este ciclo no nível da adipogênese, impedindo-o, e no nível da produção de marcadores inflamatórios, diminuindo sua síntese.

Rafiq S., Jeppesen B. Insulin Resistance Is Inversely Associated with the Status of Vitamin D in Both Diabetic and Non-Diabetic Populations.

Compostos fluorados "escondidos" em cosméticos

De acordo com um estudo recém-publicado em Environmental Science & Technology Letters, muitos cosméticos vendidos nos Estados Unidos e Canadá contêm altos níveis de substâncias perfluoroalquil e polifluoroalquil (PFAS), uma ampla classe de produtos químicos sintéticos potencialmente tóxicos e persistentes.

Quando os PFAS entram na corrente sanguínea, permanecem lá e se acumulam. Há também o risco de contaminação ambiental associada à fabricação e descarte desses produtos. 

Os PFAS são usados em cosméticos devido às suas propriedades, como hidrofobia e capacidade de formação de filme, que aumentam a durabilidade e a capacidade de espalhamento do produto. Adicionalmente, melhoram a aparência da pele, bem como aumentam a absorção do produto pela pele.

Um total de 231 cosméticos foram comprados em lojas bem conhecidas das populações e analisados usando a metodologia de emissão de raios gama induzida por partículas (PIGE).

As categorias de cosméticos que apresentaram o maior percentual de produtos com alto teor de flúor (diferente do flúor adicionado às águas potáveis) foram as bases (63%), produtos para os olhos (58%), para os lábios (55%) e máscaras (47%), em especial os comumente anunciados como "resistentes" à água, ou "duradouros". 

Mundialmente, devido à falta de requisitos de rotulagem rígidos, regulações atualizadas e de fiscalização, é importante observar que a extensão total do uso de produtos químicos fluorados em cosméticos é difícil de estimar. Além disso, os PFAS são usados em muitos outros produtos: desde panelas antiaderentes, carpetes, roupas e móveis a embalagens de alimentos.

Alimentos que contêm muita gordura – como hambúrgueres, batatas fritas e biscoitos – são os principais candidatos para embalagens feitas com PFAS. Em 2018, foi listada a existência de 4.700 tipos de PFAS, um número que aumenta à medida que a indústria inventa novas formas.

Fontes:

Whitehead H., et al. Fluorinated Compounds in North American Cosmetics.

Birnbaum L..Hearing on “The Federal Role in the Toxic PFAS Chemical Crisis”

Essential Nutrition

  23 DE JUNHO DE 2021 | EDIÇÃO 28.

Olá!

Velho conhecido da espécie humana, o alho vem tendo suas mais de 200 substâncias químicas constantemente testadas. Em estudo recente, se mostrou uma ajuda fitoterápica com potencial para reduzir o risco de eventos cardiovasculares em pacientes sob hemodiálise ou com doença renal crônica. Confira no destaque de abertura dessa edição do Essential Atual.


No segundo destaque, uma pesquisa que demostrou as muitas possibilidades para um microbioma intestinal ideal, uma vez que esse depende grandemente do contexto alimentar cultural de cada pessoa.

Boa leitura!


Extrato de alho e melhoria nos perfis cardiovascular e renal

Os potenciais achados em estudos randomizados que testaram o extrato de alho sobre a saúde humana são muitos, devido à sua composição extremamente rica. Ele contém aproximadamente 33 compostos de enxofre, 17 aminoácidos, enzimas, sais minerais (germânio, selênio, fosfatos, cálcio e sais de ferro, entre outros), vitaminas (ácido ascórbico, riboflavina, niacina, tiamina, ácido fólico, entre outras) e óleos essenciais valiosos.

Estima-se que o alho contenha + de 200 substâncias químicas com potencial para proteger o organismo contra várias doenças, incluindo infecções bacterianas, e para inibir o crescimento de uma gama de bactérias, incluindo cepas multirresistentes.

Investigando os seus efeitos anti-inflamatórios e sobre o perfil lipídico, um estudo cruzado, randomizado, duplo-cego e controlado por placebo dividiu 70 pacientes em hemodiálise para receber ou 300 mg de alho em pó (1,3 mg de extrato de alho), ou placebo. Após 8 semanas de intervenção, e 6 semanas de washout, nas seguintes 8 semanas do estudo, os agentes foram  alternados entre os grupos para que o primeiro grupo recebesse  placebo, e o segundo grupo o alho.

Todos os pacientes continuaram a tomar seu medicamento prescrito. Testes de função renal, sódio, potássio e perfil lipídico foram feitos antes e depois de cada 8 semanas do estudo.

Foram encontradas reduções significativas na lipoproteína de baixa densidade oxidada (muito presente na aterosclerose) e homocisteína plasmática (ambas, < 0.001), como também na creatinina, taxa de sedimentação de eritrócitos, proteína C-reativa e triglicerídeos.

Ao lembrar que está-se testando o poder de um nutriente, não uma droga farmacêutica, esses resultados são muito animadores: uma ajuda fitoterápica para reduzir o risco de eventos cardiovasculares em pacientes sob hemodiálise ou com doença renal crônica.

Fonte:

Influência do contexto alimentar na dinâmica da microbiota para uma longevidade saudável


Vários gêneros microbianos intestinais foram associados a populações de idosos saudáveis – conhecidos como centenários ou supercentenários – e são apontados como influentes da longevidade saudável. No entanto, esses gêneros se apresentam altamente variáveis entre as populações.

Em artigo publicado em Frontiers in Microbiology, pesquisadores propõem que as diferenças regionais na dieta significam que é improvável que haja um microbioma intestinal ideal para promover a longevidade.

Por exemplo, em uma coorte italiana, constatou-se que o microbioma dos centenários era dominado pelas mesmas duas famílias microbianas que nas outras faixas etárias (< 75 anos) da população, a saber Veillonellaceae e Ruminococcaceae (filo Firmicutes), mas especificamente enriquecido nos gêneros Akkermansia, Bifidobacterium e Christensenella.

Em contraste, a coorte de centenários chineses (Hainan) apresentou domínio de Bacteroides (filo Bacteroidetes) e Escherichia (filo Proteobacteria). Em uma coorte irlandesa também foi observado domínio de Bacteroidetes, mas com uma variação interindividual extraordinária com 3-92% de Bacteroidetes e 7-94% de Firmicutes, sugerindo um efeito de longo prazo de seus hábitos alimentares.

Entre outros, na revisão dos pesquisadores, mesmo com grande variabilidade, observa-se alguns gêneros microbianos associados à longevidade saudável entre as populações estudadas: Roseburia, Escherichia, Akkermansia, Christensenella, Bifidobacterium e Clostridium.

Com base nessas observações transversais, parece improvável que exista um microbioma intestinal ideal universal, uma vez que esse depende grandemente do contexto alimentar cultural. Uma provável atitude universalmente benéfica seria beneficiar o sistema imune para uma melhor remoção do excesso de micróbios problemáticos.

Fonte:

Low D., et al. Regional Diets Targeting Gut Microbial Dynamics to Support Prolonged Healthspan

Essential Nutrition

  27 DE MAIO DE 2021 | EDIÇÃO 27.

Olá!

O crescimento desproporcional na incidência de câncer colorretal entre pessoas jovens vem sendo cada vez mais estudado. Conscientes de que a adição de açúcar nos alimentos processados se tornou onipresente, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington se concentraram na relação entre as bebidas com adição de açúcar e o aumento nos casos da doença. Confira seus achados na abertura dessa Essential Atual.


No segundo destaque, um estudo que relacionou a suplementação de 1g de vitamina C durante 6 semanas com redução na pressão arterial pré e pós-exercício em pacientes com diabetes tipo 2 não controlado. 

Boa leitura!


Bebidas açucaradas e risco de câncer colorretal precoce entre mulheres

Um estudo realizado na Escola de Medicina da Universidade de Washington analisou de maneira prospectiva e repetida a ingestão de bebidas adoçadas com açúcar de 95.464 jovens enfermeiras – Nurses’ Health Study II (1991–2015) –, acompanhando dados através de questionário detalhado e diagnósticos médicos por até 24 anos.

A captura da ingestão de longo prazo descobriu que o consumo diário de duas ou mais dessas bebidas estava associado ao dobro (2.2 vezes) do risco de desenvolver câncer colorretal de início precoce (antes dos 50 anos), em comparação com o consumo inferior a uma vez por semana.

 

No longo prazo, os pesquisadores observaram que as mulheres com maior ingestão de bebidas adoçadas com açúcar na idade adulta tendiam a ser menos ativas fisicamente e mais propensas a ter um histórico de colonoscopia, usar AINEs, consumir carne vermelha e/ou processada, assim como menos propensas a tomar multivitaminas, fibra, folato e cálcio, além de praticar dieta de baixa qualidade e apresentar sobrepeso. Aquelas com maior consumo de suco de frutas sem adição de açúcar eram menos propensas a estar acima do peso.

Da mesma forma, entre um subconjunto de participantes, as mulheres com maior consumo de bebidas adoçadas com açúcar na idade de 13-18 anos também apresentaram maior risco de câncer colorretal de início precoce, e eram mais propensas a adotar dieta e estilo de vida não saudáveis na adolescência.
 

Fonte:

Hur J., et al.   Sugar-sweetened beverage intake in adulthood and adolescence and risk of early-onset colorectal cancer among women .


Vitamina C no apoio a pacientes com diabetes tipo 2 não controlado

Um novo estudo, publicado no Chinese Journal of Physiology, sugere que 6 semanas de suplementação de 1g de vitamina C reduz a pressão arterial (PA) pré e pós-exercício, possivelmente devido à melhora do estresse oxidativo e da liberação de óxido nítrico. Os participantes do estudo cruzado prospectivo, duplo-cego e controlado por placebo eram pacientes com diabetes tipo 2 não controlado.


Após seis semanas de suplementação diária (vit C ou placebo), os 24 participantes (com idade média de 53 anos) passaram por um período de eliminação de seis semanas. Para inclusão no estudo, eles apresentavam pressão arterial ≤ 140/90 mmHg, mantida, se necessário, com tratamento anti-hipertensivo.

Antes e depois da suplementação, todos os pacientes realizaram exercício de ciclismo a 33% do consumo máximo de oxigênio por 20 minutos. A PA foi medida antes, imediatamente e 60 minutos após o exercício. Os dados mostraram PA significativamente mais baixa no grupo vitamina C quando comparado com o placebo (PA sistólica, P < 0,001 em cada ponto de tempo; PA diastólica, P < 0,001, mas não tanto imediatamente após o exercício: P < 0,05).

A ingestão de vitamina C aumentou os níveis plasmáticos e os níveis de óxido nítrico, e reduziu os marcadores de peroxidação lipídica, em comparação com o grupo placebo que não experimentou alterações significativas.

Nesse estudo, o exercício por si só não apresentou efeito sobre quaisquer medidas de resultado. Isso ilustra que a hipotensão pós-exercício em pacientes com diabetes não controlado pode se apresentar diminuída devido à disfunção endotelial, o que a suplementação de vitamina C parece poder ajudar através de melhorias do estresse oxidativo e da liberação de óxido nítrico.

 
Fonte:

Boonthongkaew C., et al. Vitamin C supplementation improves blood pressure and oxidative stress after acute exercise in patients with poorly controlled type 2 diabetes mellitus: A randomized, placebo-controlled, cross-over study .
Essential Nutrition

  06 DE MAIO DE 2021 | EDIÇÃO 26.

Olá!

Precursores do antioxidante glutationa, a glicina e a N-acetilcisteína podem também desempenhar um papel importante no funcionamento cerebral e no metabolismo energético de adultos saudáveis de 70 a 80 anos. Esse é o surpreendente achado da pesquisa que abre esta edição da Essential Atual.

No segundo destaque um estudo transversal leva à reflexão sobre a ocorrência de deficiência de zinco mesmo em crianças com estado nutricional adequado.

Boa leitura!


Precursores de glutationa melhoram os declínios físico e cognitivo em adultos mais velhos

A função mitocondrial diminui com a idade, e essa diminuição influi negativamente na produção de energia ATP, resultando numa contribuição importante para o envelhecimento degenerativo. Entre as causas desse contexto disfuncional, está a redução dos níveis do antioxidante glutationa que ocorre com o avanço da idade. 

Os antioxidantes são importantes para a função mitocondrial e a saúde celular por absorver o excesso de moléculas oxidantes resultantes durante a produção de ATP. Embora alguma oxidação seja necessária como mecanismo de sinalização, o seu excesso prejudica as células.

Após achados significativamente positivos de estudo animal, um estudo clínico piloto (Biomedicines em 2020) de suplementação de glicina + N-acetilcisteína (GliNAC) em pacientes adultos com HIV (46-65 anos) mostrou que a intervenção não apenas melhorou a função mitocondrial, mas também os marcadores de inflamação crônica relacionada à idade.

Agora, os mesmos pesquisadores publicaram em Clinical and Translational Medicine os resultados de outro estudo piloto exploratório com a suplementação dos mesmos aminoácidos – desta vez executado em adultos mais velhos saudáveis (70-80 anos).

Os efeitos de GliNAC foram investigados por um período de 24 semanas e, após a sua retirada, por 12 semanas. Os pesquisadores compararam os marcadores dos participantes com o de adultos bem mais jovens (21-30 anos) e observaram melhorias em muitos defeitos característicos do envelhecimento. Os benefícios diminuíram após a interrupção da suplementação por 12 semanas.

Os resultados do estudo sugerem que a suplementação de glicina + N-acetilcisteína em adultos é bem tolerada e pode desempenhar um novo papel na melhoria do envelhecimento saudável, corrigindo a deficiência de glutationa, o estresse oxidativo, a disfunção mitocondrial, inflamação, resistência à insulina, disfunção endotelial, gordura corporal, força muscular, velocidade de marcha e função cognitiva.

Fontes:

Kumar P., et al.Glycine and N‐acetylcysteine (GlyNAC) supplementation in older adults improves glutathione deficiency, oxidative stress, mitochondrial dysfunction, inflammation, insulin resistance, endothelial dysfunction, genotoxicity, muscle strength, and cognition: Results of a pilot clinical trial.

Kumar P., et al. Supplementing Glycine and N-acetylcysteine (GlyNAC) in Aging HIV Patients Improves Oxidative Stress, Mitochondrial Dysfunction, Inflammation, Endothelial Dysfunction, Insulin Resistance, Genotoxicity, Strength, and Cognition: Results of an Open-Label Clinical Trial


Zinco em crianças com doenças crônicas: um estudo transversal
Como um constituinte de várias proteínas e ácidos nucleicos, avaliar o nível de zinco com eficácia usando testes de laboratório não é tarefa fácil devido à sua distribuição por todo o corpo. Atualmente, indicadores indiretos, como a prevalência de nanismo ou anemia e deficiência de ferro, bem como indicadores mais diretos, como a concentração plasmática, estão sendo usados para essa estimativa. No caso de crianças, alguns estudos já observaram que a presença de doença crônica pode estar relacionada ao déficit do mineral.

Com o objetivo principal de avaliar o estado nutricional do zinco e sua relação com indicadores nutricionais em uma série de crianças (n = 78) com doenças crônicas, um estudo publicado em Nutrients com desenho comparativo e transversal foi realizado na Unidade de Nutrição do Serviço de Pediatria do Hospital das Clínicas Universitárias de Valladolid, Espanha.

O estudo encontrou que embora 69% das crianças apresentassem deficiência de zinco na dieta, o nível médio de zinco sérico mostrava-se normal e apenas alguns casos mostraram hipozincemia com baixa ingestão de zinco simultaneamente. 

Além disso, os achados mostram um alto risco de deficiência de zinco não apenas no grupo de pacientes com obesidade (58%) e desnutrição (73%), mas também no grupo com boa nutrição (70%).

"Esses resultados nos fazem refletir sobre a ideia de que um estado de deficiência de zinco pode ocorrer mesmo em crianças com estado nutricional adequado e não apenas em pacientes com desnutrição, tanto obesos quanto desnutridos. Nesse tipo de paciente, uma estratégia de intervenção deve ser realizada, como uma avaliação da qualidade/quantidade do zinco ingerido e sua biodisponibilidade em relação a outros nutrientes", observam os pesquisadores.

Fonte:

Escobedo-Monge C., et al.

Zinc Nutritional Status in a Series of Children with Chronic Diseases: A Cross-Sectional Study .
Essential Nutrition

  22 DE ABRIL DE 2021 | EDIÇÃO 25.

Olá!

Estudo publicado em Science Translational Medicine traz uma possível importante notícia aos indivíduos carregadores de APOE4, um fator de risco genético para muitas doenças. O APOE é uma proteína de transporte de lipídios, e a desregulação de lipídios surgiu recentemente como uma característica-chave de várias doenças neurodegenerativas como a doença de Alzheimer.

No segundo destaque, um recente estudo relacionou o colágeno tipo II, em combinação com exercícios, com benefícios para a saúde articular e muscular. O achado aumenta a abrangência da investigação sobre os benefícios de sua suplementação.

Boa leitura!


Estudo em células: colina para prevenção de Alzheimer em pessoas com o gene APOE4


O estudo publicado em Science Translational Medicine mostra que a glia humana cultivada com um genótipo APOE4 acumulou triglicerídeos insaturados levando a um desequilíbrio lipídico. Isso sugere que a modulação do metabolismo glial pode ajudar a reduzir o risco de doenças associadas à APOE4, incluindo doenças cardiovasculares.

 

Sequencialmente, ao identificar os moduladores genéticos e químicos dessa desregulação lipídica, descobriram que a suplementação do meio de cultura com colina restaurou o estado normal dos lipídios nas células que expressam APOE4. 

 

A colina é encontrada em alimentos como ovos, carne, peixe e alguns feijões e nozes. A ingestão mínima recomendada de colina é de 550 mg/dia para homens e 425 mg/dia para mulheres. Porém, a maioria das pessoas não atinge ótimos níveis. 

 

Na edição 9 desta Atual, trouxemos um estudo de campo publicado em Frontiers of Nutrition que mostrou que a suplementação de krill foi capaz de aumentar os níveis de colina sérica em triatletas. Estudos anteriores também obtiveram achados positivos em outras populações. O óleo de krill contém ácidos graxos que estão presentes na forma de fosfatidilcolina (precursora da colina).

 

Esse achado preliminar pode ser considerado muito importante para pessoas que carregam o gene APOE4 – até 14% da população geral. Os pesquisadores esperam que suas descobertas levem a estudos clínicos de colina nesta população, que já demonstrou ser suscetível à deficiência desse nutriente essencial.

 
 

Fontes:

Sienski G., et al. APOE4 disrupts intracellular lipid homeostasis in human iPSC-derived glia

Storsve Andreas B., et al. Effects of Krill Oil and Race Distance on Serum Choline and Choline Metabolites in Triathletes: A Field Study


Saúde articular e muscular: colágeno tipo 2 em combinação com exercício em animais

O colágeno não desnaturado tipo II (UCII) é um peptídeo componente da cartilagem articular. Estudos mostram que sua ingestão oral pode reduzir a autoimunidade do próprio UCII do corpo, resultando em menos inflamação em casos de osteoartrite e reumatismo, além de benefícios para a saúde geral das articulações.

Como a saúde articular está intimamente relacionada à atividade e massa muscular, a integridade dos músculos e a saúde das articulações podem afetar uma à outra e fornecer melhor capacidade de resistência no exercício ou movimentos.

Recém-publicado, um estudo explorou o impacto do UCII na capacidade de resistência, estresse oxidativo, inflamação e marcadores de defesa antioxidante em ratos exercitados. 

A suplementação de UCII diminuiu o lactato sérico, malondialdeído, os níveis de marcadores inflamatórios (TNF-α) e melhorou o status antioxidante, o metabolismo lipídico e muscular dos animais que se exercitavam.

Esses resultados contribuem para expandir o conhecimento da comunidade acadêmica sobre o possível aumento de benefícios do colágeno tipo II quando combinado com exercício físico.



 
Fonte:

Orhan C., et al. Effects of Exercise Combined with Undenatured Type II Collagen on Endurance Capacity, Antioxidant Status, Muscle Lipogenic Genes and E3 Ubiquitin Ligases in Rats. Animals (Basel).
Essential Nutrition

24 DE MARÇO DE 2021 | EDIÇÃO 24.

Olá! Estudo recém-publicado em The New England Journal of Medicine investigou uma ampla gama de ingestão de carboidratos e padrões alimentares e seus efeitos nas doenças cardiovasculares e na mortalidade de 137 mil pessoas. Os dados destacam a importância do tipo dos carboidratos (integrais e ricos em fibras) e mostram uma possível relação entre dietas com alto IG e efeitos adversos sobre os indicadores do metabolismo da glicose e dos lipídios. No segundo destaque, uma revisão publicada em Nutrients fornece uma nova perspectiva sobre o potencial da creatina monohidratadapara a saúde vascular.

Boa leitura!


Fibras dietéticas para a redução da relação entre IG e DCV

Qual é a associação entre o índice glicêmico (IG) e a carga glicêmica (CG) da dieta e a doença cardiovascular (DCV) e a mortalidade? Para responder a essa pergunta, pesquisadores executaram um estudo de grande porte, envolvendo participantes de vários países e situações econômicas. O estudo recém-publicado em The New England Journal of Medicine investigou uma ampla gama de ingestão de carboidratos e diversos padrões alimentares. Os dados do estudo PURE foram usados para avaliar o IG alimentar de 137.851 pessoas (35-70 anos) ao longo de uma média de 9,5 anos. Aqueles no grupo de alimentação com IG mais alto (e presença de DCV) tiveram uma razão de maior risco de 1,51 para eventos cardiovasculares e morte. Entre os participantes do mesmo grupo, mas sem DCV no começo do estudo, o aumento do risco foi de 1,21. No geral, o risco foi maior naqueles com alto índice de massa corporal.Os resultados em relação à CG foram semelhantes aos achados em relação ao IG entre os participantes com DCV, mas a associação não foi significativa entre aqueles sem DCV. Muito importante, a conclusão de que uma dieta com alto IG foi associada a um risco aumentado de DCV e morte confirma relatórios anteriores, como o de uma revisão sistemática e meta-análise de 28 estudos (n = 1.394) publicada em Diabetes Care (2019). Nela, os pesquisadores encontraram uma redução absoluta de 0,58% na HbA1c, 0,82 mmol/L na glicemia em jejum e 1,89 na HOMA-IR após uma dose média de fibras prebióticas de 13,1 g/dia durante uma média de 8 semanas.

Fontes:

Jenkins, D., et al. Glycemic Index, Glycemic Load, and Cardiovascular Disease and Mortality. Javanovski, E., et al. Should Viscous Fiber Supplements Be Considered in Diabetes Control? Results From a Systematic Review and Meta-analysis of Randomized Controlled Trials.


Potencial da creatina para a saúde vascular

A manutenção de uma vasculatura saudável é fundamental para a longevidade. As células endoteliais (CEs) são delicadas e podem ser facilmente danificadas por fatores como excesso de radicais livres ou espécies reativas de oxigênio (EROs) e inflamação crônica, comumente aumentados na presença de dislipidemia, hiperglicemia, tabagismo, etilismo, obesidade e/ou envelhecimento. A creatina é comumente conhecida como um suplemento ergogênico eficaz, muitas vezes tomado para ajudar a aumentar os estoques de energia e a capacidade de proteção do músculo esquelético durante exercícios de alta intensidade. Mas o corpo da literatura sobre a creatina é vasto e dentre os seus benefícios pouco conhecidos estão a redução de radicais livres e EROs (incluindo os mitocondriais), inflamação e, possivelmente, níveis circulantes de homocisteína – todos intimamente associados à incidência de DCV. Já naturalmente encontrada no endotélio vascular, alguns estudos anteriores apontaram o potencial da creatina para a saúde vascular. Agora, pesquisadores fizeram uma revisão, publicada em Nutrients, que fornece uma nova perspectiva sobre a creatina monohidratada ao destacar algumas das suas propriedades promissoras que podem contribuir para tal: Aumenta os estoques naturais de CEs de metabólitos de alta energia; Serve como um antioxidante direto e indireto, eliminando os radicais livres, podendo assim melhorar a eficiência da eNOS, a síntese e a biodisponibilidade de NO; Melhora a integridade e eficiência das mitocôndrias, resultando na redução da produção de mtROS; Aumenta a densidade microvascular, o recrutamento e a função vasomotora; Melhora a estabilidade da membrana das CEs e diminui o vazamento ou permeabilidade; Auxilia na função das CEs e de bombas de íons dependentes de CEs e de células de músculo liso vascular, beneficiando assim a propagação de fator hiperpolarizante derivado do endotélio (EDHF); Reduz as quantidades circulantes de lipídios, como LDL-C e colesterol total; Protege o DNA e o RNA de estímulos citotóxicos, como estresse oxidativo.

Fonte:

Clarke, H., et al. The Potential Role of Creatine in Vascular Health.

Essential Nutrition

18 DE MARÇO DE 2021 | EDIÇÃO 23.

Olá!

Referência para estudos científicos e políticas públicas, a Ingestão Diária Recomendada calculada para os Estados Unidos e Canadá está em revisão para que incorpore o conceito de redução do risco de doenças crônicas. E um dos candidatos a integrar a nova versão é o ômega-3. Confira no texto de abertura.
No segundo destaque, uma análise inusitada sobre o "cheiro de carro novo", que revelou potencial para conter disruptores endócrinos .

Boa leitura!


IDR em discussão: atualização pode incluir prevenção a doenças crônicas

Recentemente, o comitê que regulamenta a Ingestão Diária Recomendada (DRI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos e Canadá reconheceu que a recomendação atual não incorpora adequadamente o conceito de redução do risco de doenças crônicas.

Como consequência, o comitê da Academia Nacional de Ciências, Engenharia e Medicina dos EUA (NASEM, na sigla em inglês) discute a expansão para incluir uma nova categoria DRI de redução do risco de doença crônica, a Ingestão para a Redução de Risco de Doenças Crônicas (CDRR, na sigla em inglês).

Paralelamente, o Comitê Diretor Federal de DRI identificou os ácidos graxos de cadeia longa (ômega-3) como uma das quatro prioridades nutricionais para constar na revisão da DRI atual, especialmente para a prevenção de doenças cardiovasculares.

Nas últimas décadas, um progresso considerável foi feito para compreender melhor os efeitos biológicos dos ômegas-3. Mais especificamente, dois deles – ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosahexaenoico (DHA) – foram associados a benefícios relacionados ao metabolismo, processos imunológicos, doenças cardiovasculares e desenvolvimento neurológico durante a gestação, entre outros.

A DRI
Saber como as necessidades por nutrientes variam em diferentes grupos de pessoas, sob diferentes condições de saúde, e se pode haver riscos de consumir muito ou pouco, é uma informação crítica para programas de saúde e iniciativas regulatórias de nutrição. As estimativas de DRI definidas para os Estados Unidos e o Canadá servem como referência considerada ou seguida por estudos clínicos e por países como o Brasil.

Fonte:

Racey, M., et al. Dietary Reference Intakes Based on Chronic Disease Endpoints: Outcomes from a case study workshop for omega 3's EPA and DHA.


Estudo aponta disruptores endócrinos no "cheiro de carro novo"

A vida moderna traz benefícios sob vários ângulos, mas, por outro lado, ela exige medidas preventivas da exposição crônica a seus subprodutos, como produtos químicos, metais pesados e radiações. Um novo estudo publicado em Environmental International trata deste assunto relevante através de um inusitado ângulo: o "cheirinho de carro novo" pode ser mais uma das fragrâncias ambientais que denotam disruptores endócrinos.

Muitas fragrâncias contêm produtos químicos conhecidos por seu potencial de causar câncer, irritações, defeitos de nascença ou outros danos reprodutivos, além de irritações. Esses produtos são frequentemente detectados na poeira e no ar do interior de veículos. Os pesquisadores examinaram os níveis de benzeno, formaldeído, di (2-etilhexil) ftalato (DEHP), dibutil ftalato (DBP) e tris (1,3-dicloro-2-propil) fosfato (TDCIPP). Os níveis de benzeno e de formaldeído se mostraram preocupantes, especialmente quando inalados por mais de 20 minutos.

O benzeno, que consegue entrar no organismo pela via dérmica, é encontrado em um grande número de materiais plásticos; o formaldeído é utilizado na produção de adesivos para painéis, isolantes de espuma e tratamentos de acabamento têxtil.

“No geral, nosso estudo levanta preocupações sobre o risco potencial associado à inalação de benzeno e formaldeído para pessoas que passam uma quantidade significativa de tempo em seus veículos, um problema que é especialmente pertinente para áreas congestionadas", escreveram os pesquisadores. A solução, a princípio, seria manter as janelas abertas.

Fonte:

Reddam, A., Volz, D.. Inhalation of two Prop 65-listed chemicals within vehicles may be associated with increased cancer risk

Essential Nutrition

  2 DE MARÇO DE 2021 | EDIÇÃO 22.

Olá!

Associado ao bom crescimento pós-natal, desenvolvimento cognitivo e visual e menor propensão ao desenvolvimento de alergias, o ômega-3 vem tendo sua suplementação crescentemente estudada para bebês e crianças. No primeiro destaque desta Essential Atual, trazemos um e studo recém-publicado emNutrients,  que avaliou o efeito de uma fórmula infantil fortificada com ômega-3 sobre os níveis de lipídios em bebês/crianças de 12 a 30 meses de idade.

No segundo destaque, os efeitos da combinação da dieta mediterrânea com baixo índice glicêmico com a prática esportiva no tratamento da esteatose hepática não alcoólica e  nos parâmetros antropométricos, de composição corporal e bioquímicos.

Boa leitura!


Efeitos do ômega-3 sobre o perfil lipídico de bebês e crianças

Os ácidos graxos essenciais poli-insaturados de cadeia longa (ômegas-3) têm recebido atenção nas últimas décadas devido à sua influência na saúde de maneira geral. Durante a gestação e a lactação, os ômegas alfalinolênico (ALA), ácido eicosapentaenoico (EPA) e o ácido docosahexaenoico (DHA) foram associados à melhor duração da gestação e peso ao nascer, prevenção de nascimento prematuro e depressão pós-parto.

Durante a primeira infância, eles foram associados ao crescimento pós-natal, desenvolvimento cognitivo e visual e menos alergias. Esses ômegas podem ser encontrados principalmente em certos peixes, crustáceos e algas. Para o feto, a fonte é o leite materno, que tem concentração de ômega-3 determinada principalmente pela ingestão regular de ômega-3 através da dieta e/ou suplementação materna durante a gestação e a lactação.

Um estudo recém-publicado em Nutrients, executado para avaliar o efeito de uma fórmula infantil fortificada com ômega-3 sobre os níveis de lipídios em bebês/crianças de 12 a 30 meses de idade, evidencia o benefício desta fortificação alimentar.

Dois grupos foram avaliados: (a) fórmula infantil à base de leite com micronutrientes e ômega-3; (b) fórmula infantil à base de leite com os mesmos micronutrientes (ferro, zinco, cianocobalamina e folatos estáveis, vitaminas D e A), mas sem adição de ômega-3.

Após quatro meses recebendo as fórmulas preparadas (240 mL, 2 x dia), os autores do estudo duplo-cego constataram, entre outros, uma melhora significativa no perfil lipídico sérico nos níveis de DHA (0,22 vs. − 0,07, p < 0,05) e ALA (0,08 vs. 0,02, p < 0,05) dos bebês que receberam ômega-3 e salientaram a importância crítica da suplementação de ômega-3 durante a infância.

Fonte:

Rivera-Pasquel, M., et al. Effect of Milk-Based Infant Formula Fortified with PUFAs on Lipid Profile, Growth and Micronutrient Status of Young Children: A Randomized Double-Blind Clinical Trial.


Dieta mediterrânea com baixo IG no tratamento de esteatose não alcoólica

A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA), caracterizada pelo acúmulo de gordura no fígado na ausência de consumo excessivo de álcool ou qualquer outra causa específica de esteatose hepática, é um grande desafio para a saúde pública, pois está associada ao aumento da prevalência de obesidade e diabetes tipo 2 em todo o mundo, além de ser um fator de risco para doenças cardiovasculares.

A dieta mediterrânea (DM) tem sido associada a resultados de saúde favoráveis, e uma DM com baixo índice glicêmico (DMBIG) associada à atividade física (AF) tem sido relatada para reduzir a gravidade da DHGNA.

Um ensaio clínico controlado randomizado de grupo paralelo recém-publicado em Nutrients utilizou a DMBIG e/ou programas de AF no escore de DHGNA medido em escala contínua pelo FibroScan®, conforme avaliado pelo parâmetro de atenuação controlada (CAP). A dieta-controle seguiu o guia dietético italiano, sem foco no índice glicêmico. Os 144 participantes apresentavam IMC ≥25, idade> 30 anos e <60 anos, DHGNA moderada ou grave.

A randomização se deu em seis grupos da seguinte forma: (1) Dieta-controle; (2) DMBIG; (3) Atividade física aeróbica (AF1); (4) Atividade física combinada (aeróbica e resistência) (AF2); (5) DMBIG + AF1; (6) DMBIG + AF2.

No geral, em comparação com a dieta-controle, houve melhorias em todos os marcadores, especialmente aos 45 dias. Essas melhorias foram particularmente evidentes para os braços de intervenção DMBIG + AF1 e DMBIG + AF2. A combinação de atividade física mais dieta mediterrânea com baixo índice glicêmico foi associada à redução do CAP, acompanhada por uma melhora geral em todos os parâmetros antropométricos, de composição corporal e bioquímicos.


Fonte:

Franco, I., et al. Physical Activity and Low Glycemic Index Mediterranean Diet: Main and Modification Effects on NAFLD Score. Results from a Randomized Clinical Trial
Essential Nutrition

Olá!

A importância dos micronutrientes no primeiro trimestre da gravidez foi tema de pesquisa recentemente publicada na revista Nutrients. O estudo, que abre essa edição da Essential Atual, destacou o papel dos microelementos envolvidos no equilíbrio oxidativo, como selênio, ferro, cobre e zinco. 

No segundo destaque, a descoberta dos poderes surpreendentes da própolis orgânica brasileira para o tratamento da Cândida.

Boa leitura!


Importância dos oligoelementos no primeiro trimestre da gravidez

Atualmente, as complicações da gravidez, incluindo partos prematuros, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e restrição do crescimento fetal ocorrem no total em até 25% das primeiras gestações. Elas estão associadas ao aumento da morbidade materna e fetal e/ou mortalidade, como também podem levar a doenças de longo prazo tanto para a mãe quanto para criança, aumentando o risco de doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes e até mesmo alguns cânceres, bem como distúrbios neurológicos.

Neste cenário, um estudo publicado na revista Nutrients examinou as relações entre os níveis de microelementos no primeiro trimestre, bem como as características maternas e os resultados da gravidez. Participaram da pesquisa mulheres de uma única gravidez, sem indícios de doenças crônicas. Como conclusão, o diagnóstico precoce dos níveis de oligoelementos de mulheres em risco pode ser de grande importância para melhorar os desfechos da gravidez com a necessidade de maior atenção aos microelementos envolvidos no equilíbrio oxidativo, como selênio (Se), ferro (Fe), cobre (Cu) e zinco (Zn).

As selenoproteínas antioxidativas e/ou anti-inflamatórias, como glutationa peroxidase, reductases de tiaxixina e selenoproteínas, bem como o antioxidativo Zn-SOD (superóxido dismutase), estão ativas no útero, e a deficiência desses microelementos associa-se à baixa atividade do sistema antioxidativo, que podem ser a causa dos danos oxidativos aos tecidos placentários e fetais.

Níveis inadequados dos microelementos podem afetar a saúde materna e desenvolvimento do feto. No entanto, o papel específico dos microelementos na gravidez (especialmente no início da gravidez), bem como seus determinantes em gestantes, são, ainda, pouco estudados.

Fonte:

Lewandowska, M., et al. First Trimester Microelements and Their Relationships with Pregnancy Outcomes and Complications.


Própolis orgânica brasileira no tratamento de Cândida

Em estudo publicado no Journal of Agricultural Food Chemistry, o consumo da própolis orgânica brasileira (BOP) foi relacionado a ótimos efeitos anti-inflamatórios e excelente ação antifúngica nas culturas planctônicas e biofilmes de Candida albicans, Candida glabrata, Candida tropicalis, Candida krusei e Candida parapsilosis.

A comparação, realizada para o tratamento de candida spp. e biofilmes maduros com BOP, demonstrou eficácia semelhante ou até melhor do que a molécula antifúngica isolada AmB. Sobretudo, o grau de toxicidade para BOP apresentou-se significantemente baixo.

Além disso, os autores identificaram que o uso da BOP atua na redução da ativação de NF-кB e na liberação de TNF-α, podendo diminuir a migração de neutrófilos para o foco inflamatório. Assim, se mostra uma potencial alternativa no tratamento de doenças inflamatórias crônicas, autoimunes e infecções fúngicas oportunistas.

A análise química realizada revelou a presença de ácido cafeotartárico, ácido 3,4-diqueffeilquínico, quercetina, giberelina A7, A9 e A20, componentes que possivelmente atuam sinergicamente na produção dos efeitos biológicos observados.

Desta forma, os pesquisadores concluem que a própolis BOP é um alimento funcional, fonte de moléculas bioativas, anti-inflamatórias e antifúngicas. Uma alternativa proveniente da natureza, eficaz e segura para o tratamento de doenças.



Fonte:

Anti-inflammatory and anti-Candida effects of Brazilian organic propolis, a promising source of bioactive molecules and functional food.

Essential Nutrition

Olá!

Intimamente associada à nutrição e à saúde da microbiota intestinal, a endotoxemia subclínica também está ligada à inflamação, perda de energia proteica e grau de severidade de muitas condições – possivelmente, inclusive da COVID-19. É o que mostra estudo publicado em Obesity Medicine e trazido na abertura dessa Essential Atual.

No segundo texto dessa edição, um debate sobre a eficácia dos exercícios de resistência versus um mix de exercícios no combate à sarcopenia. 

Boa leitura!


Endotoxemia pode explicar severidade da COVID-19 na obesidade

A endotoxemia vem sendo relacionada a várias condições de saúde, como o diabetes tipo 2, obesidade, doença hepática, cardiovascular, etc. Essa hipótese postula que a translocação de bactérias gram-negativas e seus remanescentes da parede celular intestinal seria a causa da resposta inflamatória de baixo grau subjacente a esses distúrbios metabólicos.

Estudo publicado em Obesity Medicine foca nesta hipótese ao considerar as associações já conhecidas, mas trazendo uma possível explicação da severidade aumentada da nova patologia COVID-19 em pacientes com obesidade:

• A composição geral de lipopolissacarídeos intestinais (LPS, conhecidos como endotoxinas) em indivíduos com obesidade pode ser deslocada dos subtipos LPS de Bacteroidetes imunoinibitórias, em favor de subtipos de LPS pró-inflamatórios devido à disbiose do microbioma intestinal.

• Dieta rica em gordura trans e saturada, assim como a obesidade em si, aumentam a permeabilidade intestinal por meio de vários mecanismos.

• Possível aumento da absorção paracelular e transporte transcelular (via quilomicrons) de endotoxinas no sistema circulatório (endotoxemia).

• Sabe-se que o lipídeo A (componente de uma endotoxina de bactéria gram-negativa) inicia uma cascata de sinalização resultando na ativação de várias vias pró-inflamatórias, e aumenta o estresse oxidativo após a ligação ao receptor do tipo Toll 4 (TLR4).

De acordo com o estudo, a dedução é que a redução da ingestão calórica (especialmente o consumo de gordura trans e saturada) e a modulação da microbiota intestinal (com prebióticos/probióticos/simbióticos, padrão alimentar anti-inflamatório) podem reduzir a endotoxemia e, consequentemente, o risco associado para formas mais graves de infecção por COVID-19 na obesidade.

Fonte:

Belančić, Andrej. Gut microbiome dysbiosis and endotoxemia - Additional pathophysiological explanation for increased COVID-19 severity in obesity.


Controle da sarcopenia: exercício de resistência ou mix de exercícios?

Com o avanço da idade, o controle da sarcopenia é uma importante ação a favor da manutenção da independência. Um duo estratégico muito conhecido se faz através de uma dieta saudável e rica em proteínas/aminoácidos e o exercício físico. O exercício de resistência é o método geralmente considerado como o mais eficaz para a prevenção e tratamento da sarcopenia.

No entanto, estudo publicado em Scientific Reports mostra que este método pode ser melhor otimizado com a adição de exercícios de equilíbrio. Na população estudada, isto é, pacientes em cuidados pós-agudos, 87,3 ± 5,4 anos (variação, 80–99 anos, sendo 24 deles (40%) nonagenários), isso pode se refletir em melhor recuperação e menos quedas, o que é crucial para uma longevidade independente.

O grupo de intervenção recebeu um programa de exercícios mistos, incluindo exercícios de equilíbrio e resistência. Em cada sessão, os participantes receberam 20 minutos de treinamento de equilíbrio direcionado. Em seguida, eles tiveram um descanso de cinco minutos antes de outros 20 minutos de treinamento de resistência. O grupo de controle participou de um programa de exercícios de resistência igual ao do grupo de intervenção, 5 minutos de descanso, seguido por outros 20 minutos de treinamento de resistência.

Comparado com exercícios de resistência, o programa de exercícios mistos (equilíbrio + resistência) parece ter melhorado as atividades da vida diária, força e desempenho físico entre os pacientes com sarcopenia sob cuidados pós-agudos. Isso pode abranger a recuperação de doença aguda, gestão de condições crônicas ou incapacidades funcionais.


Fonte:

Liang, Yuxiang, et al. A randomized controlled trial of resistance and balance exercise for sarcopenic patients aged 80-99 years.

Essential Nutrition

Olá!

Em junho, na edição 11, trouxemos aqui descobertas que ligavam a quercitina, um tipo de flavonol, ao controle da pressão arterial. Agora, estudo com a participação de 25 mil pessoas, publicado em Scientifc Reports, mostrou o potencial de outro fitoquímico, os flavanóis, para o mesmo tratamento. Esse bioativo, encontrado, por exemplo, no chá-verde, tem efeito comparável à adesão à Dieta Mediterrânea ou à redução moderada de sal na dieta.

No segundo texto desta Essential Atual, trazemos o alerta da FDA sobre os riscos potencialmente envolvidos com o uso de amálgamas para a restauração dentária. 

Boa leitura!


Flavanóis e combate à hipertensão arterial

Os flavanóis (flavan-3-ol), um dos grupos mais numerosos de constituintes naturais, são importantes não apenas porque contribuem para a cor, filtro ou proteção das plantas vasculares, mas também porque muitos deles (como as catequinas encontradas nos chás, frutas e cacau) são fisiologicamente ativos para a saúde humana. São dezenas de estudos observacionais e de intervenção mostrando seus potenciais benefícios para o sistema vascular humano.

Um grande estudo observacional recém-publicado em Scientifc Reports confirma a importância desses compostos para o sistema vascular, mais precisamente para a pressão arterial. Segundo a pesquisa, o consumo de flavanóis pode exercer efeito comparável à adesão à Dieta Mediterrânea ou à redução moderada de sal.

O que diferencia esta pesquisa das anteriores foi o design escolhido. Ao invés de se basear em relatórios escritos ou orais dos participantes, o time internacional de pesquisadores mediu os biomarcadores sanguíneos de mais de 25.000 participantes (55% mulheres, residentes no Reino Unido).

Em contraste com a ingestão dietética autorrelatada, este método de medição contorna a problemática da grande variabilidade nutricional dos alimentos devido às diferentes técnicas de cultivo, processamento, armazenamento e biodisponibilidade. Numa ilustração, 100g de chá podem conter de 10 a 330mg de flavanóis. A diferença encontrada na pressão sistólica entre aqueles com menor ingestão de flavanol e aqueles com maior ingestão foi de aproximadamente 2mmHg.

Os pesquisadores concluíram que, no contexto do envelhecimento da população e do aumento da prevalência de doenças crônicas, “essas descobertas são promissoras para a prevenção de doenças cardiovasculares por meio de abordagens dietéticas”.

Fonte:

Ottaviani, Javier et al. Biomarker-estimated flavan-3-ol intake is associated with lower blood pressure in cross-sectional analysis in EPIC Norfolk.


FDA alerta sobre restaurações dentárias com amálgama

A agência americana de alimentos e remédios, FDA, emitiu recomendações atualizadas sobre a amálgama dentária e riscos potenciais associados a essas obturações contendo mercúrio. Evidenciado por estudos há duas décadas, a agência agora recomenda que grupos de alto risco evitem a amálgama dentária sempre que possível.

De acordo com a declaração, esses grupos de alto risco incluem:

Gestantes e seus fetos em desenvolvimento;
Mulheres que planejam engravidar;
Mulheres que amamentam e seus recém-nascidos e bebês;
Crianças, especialmente as menores de seis anos;
Pessoas com doenças neurológicas preexistentes, como esclerose múltipla, Alzheimer ou Parkinson;
Pessoas com função renal prejudicada;
Pessoas com conhecida sensibilidade aumentada (alergia) ao mercúrio ou outros componentes da amálgama.

A amálgama é normalmente utilizada para restaurar a estrutura e superfícies perdidas de um dente cariado. Sua composição é uma mistura de mercúrio e uma liga em pó feita de prata, estanho e cobre. Esta liga libera pequenas quantidades de vapor de mercúrio ao longo do tempo. Embora baixos níveis deste vapor inalado possam não ser prejudiciais para muitas pessoas, resultados adversos podem ocorrer. A quantidade de vapor liberada também pode depender da idade da obturação, bem como o hábito de ranger os dentes.

Para que a FDA reconhecesse que não há prova de segurança para as populações mais suscetíveis a essa toxina, foi preciso o engajamento comunitário com a firme participação de organizações sem fins lucrativos e profissionais da área da saúde.

No Brasil, o uso da amálgama dentária está proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde o ano passado. No entanto, muitos adultos possuem restaurações antigas contendo este metal pesado. Para a sua remoção, precauções específicas de segurança são necessárias.



Fonte:

FDA Issues Recommendations for Certain High-Risk Groups Regarding Mercury-Containing Dental Amalgam.

Essential Nutrition

Olá!

Mais conhecida por ser a fonte do óleo olíbano (frankincense), a Boswellia serrata teve estudados seus efeitos benéficos no tratamento de pessoas com osteoartrite. Confira no primeiro texto dessa edição da Essential Atual os principais resultados da metanálise e revisão, que reuniu dados de sete estudos, com a participação de 545 indivíduos.  

No segundo texto, abordamos uma revisão sistemática que analisou a efetividade do mel no tratamento das infecções do trato respiratório superior. 

Boa leitura!


Estudo aponta papel da Boswellia no tratamento da osteoartrite

Nos últimos 4.000 anos, a Boswellia serrata , fonte de olíbano (frankincense), é considerada uma fonte para a cura de muitas doenças. Atualmente, pesquisas sobre a planta e seus extratos têm confirmado atividade significativa no combate a doenças inflamatórias e artríticas. Estudos demonstraram que o seu composto inibe a ação inflamatória causada pela enzima araquidonato 5-lipoxigenase.

Uma meta-análise e revisão de sete estudos (n = 545, 40-80 anos) publicada em BMC Complementary Medicine and Therapiesinvestigou achados sobre o alívio e melhora da dor, rigidez e função articular usando Boswellia como um possível tratamento para osteoartrite.

Todos os participantes com osteoartrite receberam 100-250 mg de Boswellia ou seu extrato, contra placebo ou certos medicamentos (ibuprofeno ou glucosamina), por um período de 4 ou 12 semanas.

Devido a não padronização dos estudos, os pesquisadores pedem cautela na análise, mas a revisão encontrou que a Boswellia e seus extratos nas doses pesquisadas podem melhorar a dor, rigidez e função articular com boa segurança de uso, em comparação com placebo ou medicamentos usuais.

Este foi o primeiro estudo a fornecer uma dosagem e duração recomendadas de Boswellia ou seu extrato, com 100 a 250 mg por dia durante quatro semanas para o tratamento da forma mais comum de doença inflamatória nas articulações.

Fonte:

Yu, Ganpeng et al. Effectiveness of Boswellia and Boswellia extract for osteoarthritis patients: a systematic review and meta-analysis.


A efetividade do mel para o alívio de infecções do trato respiratório

O mel in natura ou não pasteurizado – fonte de aminoácidos, proteínas, enzimas, minerais, vitaminas e compostos bioativos fenólicos – parece ser o único produto alimentar que sem qualquer processamento tecnológico, nem adição de conservantes, pode ser armazenado por até vários anos sem quaisquer variações negativas. Na medicina, sua importância foi documentada nas mais antigas literaturas médicas do mundo e reconhecido, dentre outros, por possuir propriedades antimicrobianas, ou seja, um “antibiótico da natureza”.

Atualmente, estudos vêm validando o conhecimento passado e recomendando o mel como uma alternativa aos antibióticos usuais e seus efeitos adversos em certos casos de infecções do trato respiratório superior (ITRS).

Consequentemente, esta também é a recomendação de uma revisão sistemática e meta-análise recém-publicada em BMJ Evidence Based Medicine, mas com uma diferença: os pesquisadores do Reino Unido encontraram que o mel é mais eficaz do que as alternativas de tratamento usuais para melhorar os sintomas de ITRS, principalmente a frequência e a gravidade da tosse.

A revisão incluiu no total 14 estudos randomizados e controlados para comparações combinadas. Por exemplo, quando comparado com os cuidados habituais – definidos no estudo como “quaisquer tratamentos comumente usados” contra ITRS – o mel melhorou a pontuação dos sintomas em três estudos, a frequência da tosse em oito estudos e a gravidade da tosse em cinco estudos. Entre estudos que testaram mel versus o anti-histamínico difenidramina, o mel se mostrou superior quanto a sintomas combinados, severidade e frequência de tosse. Entre todas as comparações o mel apresentou segurança de uso.

“O mel é mais eficaz e menos prejudicial do que os cuidados usuais e evita causar danos por meio da resistência antimicrobiana”, concluíram os pesquisadores.

Fonte:

Hibatullah et al. Effectiveness of honey for symptomatic relief in upper respiratory tract infections: a systematic review and meta-analysis

Essential Nutrition

Olá!

Os benefícios do uso de BCAAs no tratamento de doença hepática avançada podem ser maiores do que se sabia até recentemente. Esta é a conclusão do estudo que abre essa edição da Essential Atual. Segundo a pesquisa, publicada em Nutrients, os pacientes suplementados tiveram menos complicações relacionadas à cirrose e relataram melhora na sobrevida livre de eventos cumulativa.

No segundo texto, pesquisa mostra que a suplementação de creatina em atletas com dietas à base de plantas é eficaz para aumentar os níveis de creatina e fosfocreatina a um ponto até mais elevado do que em atletas sob dietas onívoras.

Boa leitura!


BCAAs como suporte nutricional no tratamento da doença hepática

Os efeitos mais conhecidos da suplementação de BCAAs na doença hepática incluem melhorias na composição corporal e equilíbrio de nitrogênio, regeneração das células hepáticas, síntese de proteína e albumina, encefalopatia hepática e função imunológica. No entanto, para a abrangência desses benefícios e consequente melhora da qualidade de vida, a suplementação de longo prazo parece ser necessária, conforme estudo recém-publicado em Nutrients.

Paralelamente aos seus protocolos de tratamento, 124 pacientes diagnosticados como tendo cirrose hepática avançada, divididos em dois grupos, receberam: ou 6 meses de suplementação de 12,45g de BCAA (952 mg de L-isoleucina, 1904 mg de L-leucina, 1144 mg de L-valina); ou sem suplementação / no máximo 1 mês de suplementação (grupo controle). Os pacientes foram acompanhados durante 18 meses após a intervenção para a análise.

Este estudo demonstrou que no longo prazo a suplementação de BCAA melhorou os parâmetros do reservatório hepático, incluindo os escores MELD e CP em pacientes com doença hepática avançada. Os pacientes suplementados exibiram menos complicações relacionadas à cirrose, especialmente o desenvolvimento ou agravamento de ascite e encefalopatia hepática. A sobrevida livre de eventos cumulativa foi significativamente melhorada no grupo BCAA em comparação com o grupo controle (HR = 0,389, IC 95% = 0,221-0,684, p <0,001).

Uma limitação do estudo é que os pesquisadores não avaliaram o estado nutricional (incluindo sarcopenia) com base em parâmetros antropométricos, como a circunferência do músculo do braço, ou desempenho funcional, como velocidade de marcha ou força de preensão manual. No entanto, na análise de subgrupo, o nível de albumina sérica - indicando o estado nutricional e funcional hepático - aumentou em pacientes com baixo nível de albumina durante a suplementação de BCAA.

Esses resultados mostram que mesmo que o tratamento da doença hepática subjacente possa ser a intervenção principal, o suporte nutricional também é um fator independente para melhorar os resultados nesses pacientes.



Fonte:

Park, Jung Gil et al. Effects of Branched-Chain Amino Acid (BCAA) Supplementation on the Progression of Advanced Liver Disease: A Korean Nationwide, Multicenter, Prospective, Observational, Cohort Study.


Creatina para atletas com dietas à base de plantas

Existe um consenso de que as concentrações de creatina e fosfocreatina são possivelmente menores nos músculos de atletas que optam por dietas com reduzidas (ou inexistentes) fontes animais. Com isso, há um bom potencial de que a suplementação de creatina mono-hidratada nessa população possa aumentar as suas concentrações no sangue e nos músculos - talvez até em maior extensão do que em pessoas com dietas onívoras.

Para testar esta hipótese, pesquisadores canadenses publicaram em International Journal of Environmental Research and Public Health uma revisão sistemática de estudos de grupos paralelos sobre o efeito da suplementação de creatina em pessoas sob vários tipos de dietas à base de plantas (dietas vegana e vegetarianas com suas variações) para resultados que incluem estoques de creatina corporal e desempenho de exercícios. Além de grupo placebo, a comparação foi realizada com grupo onívoro.

Os resultados mostraram que a suplementação de creatina em atletas com dietas à base de plantas é eficaz para aumentar os níveis de creatina e fosfocreatina a um ponto até mais elevado do que o ocorrido em atletas sob dietas onívoras. Ou seja, parece que os níveis basais mais baixos podem permitir uma "supercompensação" dos níveis de creatina ou fosfocreatina com a suplementação, podendo beneficiar esses atletas em seu desempenho físico e cognitivo. A suplementação aumentou a massa de tecido magro, área de fibra tipo II (contração rápida), IGF-1, força e resistência musculares, potência média de Wingate e função cerebral.

Nota-se que a creatina presente na maioria dos suplementos é sintetizada a partir da sarcosina e da cianamida, não contém nenhum subproduto animal e, portanto, é favorável a pessoas com dieta estritamente vegana. A única precaução é que, se em forma de cápsulas, deve-se observar se estas contêm subprodutos animais.



Fonte:

Kaviani, Mojtaba, et al.Benefits of Creatine Supplementation for Vegetarians Compared to Omnivorous Athletes: A Systematic Review.

Essential Nutrition

Olá!

O colágeno hidrolisado teve sua atuação evidenciada em muitos estudos e, recentemente, os achados de uma revisão publicada em Experimental and Therapeutic Medicine reforça os seus benefícios para a saúde da pele, lembrando sua conexão com a saúde geral.Ainda nesta edição da Essential Atual, veja o estudo feito sobre a relação dos multivitamínicos na redução da gravidade e duração de doenças. O estudo destaca que a deficiência de vitaminas e minerais contribui para o declínio do sistema imune.

Boa leitura!


Revisão sobre colágeno para a saúde da pele

Uma revisão recém-publicada em Experimental and Therapeutic Medicine descreve resultados do conjunto da pesquisa realizada até o momento sobre a suplementação de colágeno hidrolisado e a saúde da pele. Numerosos estudos têm demonstrado que peptídeos resultantes da ingestão de colágeno hidrolisado e detectados na corrente sanguínea possuem propriedades quimiotáticas para os fibroblastos cutâneos, auxiliando no processo de estabilidade e regeneração da pele em mulheres e homens.

A revisão incluiu seis ensaios clínicos randomizados que investigaram os efeitos de várias marcas de suplementos de colágeno hidrolisado (tipos I e/ou II) na saúde da pele e os resultados parecem concordar sobre as melhoras da elasticidade, hidratação e redução de enrugamento.

É importante destacar que o processo de perda da elasticidade da pele e de formação de rugas não ocorre em isolado. Ele está associado também com a saúde dos tendões, ligamentos, dentes, densidade óssea, artérias (hipertensão), saúde cardiovascular e até mesmo com a função do sistema pulmonar.

Para uma ótima atuação, é favorável que a formulação de um colágeno contenha nutrientes que cooperem com muitos dos fatores envolvidos. Entre outros, o ácido hialurônico participa da hidratação e estrutura da pele. As vitaminas A, C, E, o mineral zinco e a coenzima Q10 acentuam a proteção antioxidante contra o possível excesso de espécies reativas de oxigênio. O estresse oxidativo causado por essas espécies está intimamente relacionado ao processo inflamatório e à síntese de colágeno cujo cofator essencial é a vitamina C.

Fonte:

Lupu, Mihaela-Adi et al.Beneficial effects of hydrolyzed collagen-based food supplements for skin care (review).


Multivitamínico reduz duração e gravidade de doenças

Estudo publicado em Nutrients concluiu que a suplementação de vitaminas e minerais em adultos durante 12 semanas levou a uma redução significativamente estatística da duração e severidade de doenças. Os participantes tinham de 55 a 75 anos, uma faixa etária em que geralmente se observa um maior risco de deficiências de vitaminas e minerais. Esta deficiência relacionada à idade contribui para o declínio do sistema imune.

Em estudos anteriores com pacientes que sofriam de resfriado comum, foram observadas melhorias com tratamento de curto prazo combinando zinco com altas doses de vitamina C. Outros realizados com um único nutriente ou com suplementos multivitamínicos/minerais indicaram eficácia no tratamento e redução do risco de infecções.

Neste estudo atual, os pesquisadores utilizaram um suplemento contendo vitaminas A, C, D, E, B6, folato, B12, e minerais ferro, cobre, zinco e selênio – nutrientes que de maneira direta ou indireta estão envolvidos no fortalecimento do sistema imune. Ao final, observaram que a mesma porcentagem de participantes nos grupos suplemento e placebo relatou sintomas. O importante detalhe foi que o total de dias de doença no grupo suplementado foi, em média, menos de três dias, em comparação com mais de seis dias no grupo não suplementado.

Fonte:

Fantacone, ML, et al. effect of a multivitamin and mineral supplement on immune function in healthy elderly: a double-blind, randomized and controlled trial.

Essential Nutrition

Olá!

O adoçante xilitol, já reconhecido por seus benefícios para a saúde bucal, foi apontado por estudo publicado emApplied Microbiology and Biotechnologycomo possível fator de estímulo do sistema imunológico. Confira nesta Essential Atual em quais processos ele está potencialmente envolvido. Também nesta edição, conheça um estudo que mostrou a relação entre o ganho de peso e a redução do fluxo sanguíneo e da atividade em todas as regiões do cérebro.

Boa leitura!


Benefícios do xilitol além da saúde oral

Uma minirevisão da literatura, publicada em Applied Microbiology and Biotechnology, concluiu que os benefícios do xilitol para a saúde não se limitam à higiene oral. Reconhecido como um adoçante seguro e de baixa caloria, o xilitol é famoso internacionalmente pelos seus efeitos antiplaca, antigengivite, anticárie e remineralizador do esmalte dos dentes. O novo estudo mostra que outros potenciais efeitos do xilitol ocorrem sobre sistemas do organismo que estimulam direta e indiretamente o sistema imune:

• Auxiliando no controle glicêmico e do peso;
• Reduzindo infecções de ouvido e respiratórias;
• Estimulando a digestão, os lipídios e o metabolismo ósseo.

Esses resultados levaram os pesquisadores a afirmar que o xilitol pode tratar doenças cujos antibióticos e cirurgias não conseguem êxito.

No quesito segurança, como um poliol bem tolerado, suas doses seguras mais altas variam normalmente de 20g a 70g por dia, o que apresenta boa margem de uso. Por exemplo, a quantidade recomendada para inibição da cárie é de cerca de 10 g/dia para adultos (as crianças devem ingerir quantidades menores). Em 1985, o Comitê Científico de Alimentos da União Europeia publicou um relatório no qual afirmava que consumir 50g de solução de xilitol pode causar diarreia. Como ilustração de quantidade, os sachês individuais de xilitol encontrados no mercado geralmente contêm 5g.

Fonte:

Benahmed A, at all. Health benefits of xylitol.


O efeito do excesso de peso no funcionamento cerebral

Conforme o peso de uma pessoa aumenta, todas as regiões do cérebro diminuem em atividade e fluxo sanguíneo. A conclusão é de um novo estudo de imagem cerebral publicado no Journal of Alzheimer's Disease. No trabalho que liga o excesso de peso à disfunção cerebral, os cientistas analisaram mais de 35.000 exames de neuroimagem funcional usando tomografia computadorizada de emissão de fóton único (SPECT cerebral) em mais de 17.000 indivíduos (18-94 anos) para medir o fluxo sanguíneo e a atividade cerebral.

O baixo fluxo sanguíneo cerebral é o principal indicador de imagem cerebral de que uma pessoa desenvolverá a doença de Alzheimer. A redução também está associada à depressão, TDAH, transtorno bipolar, esquizofrenia, lesão cerebral traumática, vício, suicídio e outras condições.

A relação da obesidade com a fisiologia cerebral pode ocorrer por vários mecanismos. Um é através da neuroinflamação e sua influência na perfusão. A neuroinflamação está relacionada à hipoperfusão cerebral por meio de vias que incluem TREM-2, um biomarcador de neuroinflamação também observado na doença de Alzheimer. Assim, a obesidade crônica com sua inflamação sistêmica associada pode desencadear uma neuroinflamação e, consequentemente, hipoperfusão. Mudanças nos níveis de hormônios sexuais causadas pela obesidade também podem resultar em mudanças na perfusão cerebral.

Embora os resultados deste estudo sejam profundamente preocupantes, devido ao grande aumento de sobrepeso populacional observado nas últimas décadas, há esperança no trabalho de conscientização alimentar ou estilo de vida exercido por profissionais de saúde, em particular, nutricionistas. Uma das lições mais importantes dos estudos de imagens cerebrais passados é que uma dieta inteligente aliada a exercícios regulares pode melhorar o fluxo sanguíneo cerebral e seu funcionamento.

Fonte:

Amen D, et al. Patterns of Regional Cerebral Blood Flow as a Function of Obesity in Adults

Essential Nutrition

Olá!

O controle dos níveis de ferro no organismo aparenta ser um importante marcador de longevidade. Esta é uma das conclusões do estudo que envolveu 1,75 milhão de pessoas e abre esta edição da Essential Atual. Na segunda pesquisa selecionada, um estudo inédito revela uma intensa coreografia molecular orquestrada pelo exercício, capaz de causar quase 10.000 alterações moleculares no organismo, beneficiando as abrangentes vias metabólicas.

Boa leitura!


Níveis de ferro no sangue podem indicar longevidade

Estudo internacional publicado em Nature Communications parece encaixar mais uma peça para a compreensão do complexo quebra-cabeça para o aumento da longevidade. Os pesquisadores, ao usar dados de correlações genéticas de características de envelhecimento de aproximadamente 1,75 milhão de pessoas, criaram uma análise sem precedentes, destacando dez regiões do genoma intrinsicamente associadas à idade biológica, anos de vida livres de doenças e vida extremamente longeva.

Entre os achados que sedimentam vias para futuras pesquisas, descobriram que conjuntos de genes ligados ao ferro estavam super-representados em suas análises das três medidas de envelhecimento. O ferro sanguíneo é afetado pela dieta e níveis anormalmente altos ou baixos estão relacionados a condições relacionadas à idade, como doença de Parkinson, doença hepática e um declínio na capacidade do organismo de combater infecções.

“Estamos muito empolgados com essas descobertas, pois sugerem fortemente que altos níveis de ferro no sangue reduzem nossos anos de vida saudáveis.Ou seja, manter esses níveis sob controle pode impedir danos relacionados à idade. Especulamos que nossas descobertas sobre o metabolismo do ferro também possam começar a explicar por que níveis muito altos de carne vermelha rica em ferro na dieta foram associados a condições relacionadas à idade, como as doenças cardíacas”, afirmou um dos autores do estudo, Dr. Paul Timmers, pesquisador da Universidade de Edimburgo.

Fonte:

Role of antioxidants and a nutrient rich diet in Alzheimer's disease.

Phys.org:

Blood iron levels could be key to slowing ageing, gene study shows.

Quase 10 mil alterações moleculares realçam a importância do exercício

O título do estudo publicado em Cell, Molecular Choreography of Acute Exercise (Coreografia Molecular de Exercícios Agudos, em tradução livre), chama a atenção. Mas apenas ao se debruçar nele é que se compreende a sua real significância da atividade física para 9.815 alterações moleculares nas vias metabólicas, incluindo função imune e cardiovascular. Usando dados multiômicos de 36 participantes – selecionados para abranger uma ampla gama de resistência à insulina –, os autores puderam investigar detalhadamente a resposta diferencial ao exercício, obtendo sólidos insights sobre a fisiopatologia das condições metabólicas.

O campo de estudo "ômico" visa a caracterização e quantificação coletiva de conjuntos de moléculas biológicas. Em comparação com os estudos anteriores, este nos fornece um grande salto informacional ao agregar dados do perfil das células mononucleares do plasma e do sangue periférico, incluindo o metaboloma, o lipidoma, o imunoma, o proteoma e o transcriptoma.

No total, 17.662 moléculas foram analisadas, sendo que mais da metade (9.815) sofreu alterações após sessões vigorosas de aproximadamente 9-10 minutos de exercício.

Diferenças significativas foram observadas em vários processos biológicos impactados pelo exercício, incluindo vias inflamatórias, estresse oxidativo, vascular, hipertrófico e de crescimento celular. Além de uma resposta inflamatória reduzida em participantes resistentes à insulina, foi observada uma melhor eficiência antioxidante sobre os ácidos graxos livres, produção de energia e restauração da homeostase energética.

Os pesquisadores também detectaram resposta diferencial no metabolismo do glutamato que está implicada na doença cardíaca coronariana. Além disso, a sinalização cardiovascular mostrou diferenças marcantes (geralmente na direção oposta) e incluiu endotelina-1 (vasoconstritor e alvo terapêutico na biologia vascular), trombina (uma enzima crítica na via de coagulação), e sinalização beta-adrenérgica cardíaca (reduzida na síndrome da insuficiência cardíaca ou nos distúrbios autonômicos).

Fonte:

Contrepois K, et al. Molecular Choreography of Acute Exercise.



Essential Nutrition

Olá!

A relação entre quadros de estresse oxidativo e doenças como Parkinson, Alzheimer, AVC e alguns tipos de câncer já foi estabelecida por inúmeras doenças. Agora, um novo estudo publicado em Open Biology mediu os efeitos de um mix de antioxidantes na prevenção e tratamento da doença de Alzheimer. É um resumo desta pesquisa que abre este Essential Atual. Também nesta edição, trazemos pesquisa que busca analisar a influência da resposta metabólica individual à eficácia de diferentes dietas.

Boa leitura!


Antioxidantes no tratamento da doença de Alzheimer

Uma dieta rica em nutrientes com a integração de antioxidantes pode prevenir ou até reverter os efeitos da doença de Alzheimer (DA). A pesquisa publicada em Open Biology concluiu que tomar uma combinação de antioxidantes em doses crescentes pode ser mais benéfico na prevenção da doença debilitante do que qualquer outro tratamento atualmente disponível.

Segundo as evidências e hipóteses apresentadas na pesquisa, a busca do equilíbrio do pH intra e extracelular é de fundamental importância. Dentre os fatores que contribuem para a acidose metabólica de baixo grau é uma dieta rica em alimentos refinados (carboidratos hiperindustrializados) e carente de alimentos crus (frutas e vegetais). A acidose metabólica pode levar a um aumento do estresse oxidativo e quebra/agregação proteica que, na presença da resistência insulínica, influi no desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes mellitus tipo 2 e hipertensão – todos fatores associados à DA.

O Dr. Gerald Veurink e colegas examinaram uma variedade de antioxidantes possivelmente mais eficazes na proteção de neurônios, chamando a atenção para a glutationa, carotenoides complexos como a astaxantina, bem como as vitaminas C e E em altas concentrações.

Conforme a pesquisa, a integração de um mix antioxidante personalizado e em alta dose à dieta cria sinergismos funcionais, tornando mais eficaz a prevenção e gerenciamento de doenças crônicas.


Fonte:


Veurink G, et all. Role of antioxidants and a nutrient rich diet in Alzheimer's disease



Relação entre níveis de vitamina C e pressão arterial

O entendimento da resposta metabólica de cada organismo à diferentes dietas pode nos ajudar a compreender os elementos que tornam uma dieta benéfica para algumas pessoas, mas não para todas. Um estudo recém-publicado em Nature Food demonstra que existem diferenças interindividuais em resposta à mesma dieta, mesmo quando o ambiente é controlado. Os pesquisadores abordaram a fenotipagem metabólica (metabotipagem) de amostras de urina resultantes de indivíduos sob quatro dietas padronizadas específicas.

Conforme dados coletados, todos temos um metabotipo dietético exclusivo, que se relaciona com a homeostase fisiológica individual. Os autores encontraram na urina dos participantes (saudáveis) do estudo, além de ureia, partículas calóricas como metabolitos de bactérias intestinais.

Em seguida, o grupo recebeu quatro dietas diferentes, variando de uma dieta saudável, contendo muitas frutas, vegetais e fibras, até o equivalente a uma dieta tipo fast food. O metabolismo foi medido através da tecnologia de perfil molecular.

As vias metabólicas ativadas após cada dieta resultaram diferentes entre os participantes, e foram relacionadas aos níveis de glicose no sangue. Vários dos produtos químicos que mudaram na urina foram gerados pelas bactérias intestinais, o que é consistente com o fato de que as pessoas possuem microbiotas diferentes e que o uso do alimento como combustível pode ser diferente entre as espécies de bactérias.

Fonte:

Garcia-Perez I, et al. Dietary metabotype modelling predicts individual responses to dietary interventions.



Essential Nutrition

Olá!

Com a queda na eficiência da síntese muscular, adultos mais velhos e idosos merecem atenção especial na ingestão de proteína. Todo detalhe pode fazer a diferença, inclusive os horários em que ela é consumida. Nesta edição do Essential Atual trazemos estudo publicado em Frontiers of Nutrition, que comparou os horários de ingestão proteica e o aumento na síntese proteica.

Destacando mais uma vez a importância das vitaminas, selecionamos também artigo publicado emCardiovascular Therapeutics, queencontrou quepacientes com hipertensão apresentam níveis relativamente baixos de vitamina C.

Boa leitura!


Efeito da distribuição da ingestão diária de proteína na sarcopenia

Os mecanismos do corpo para a produção de músculos requerem estímulos regulares para funcionar com eficiência. Um estímulo essencial vem através do consumo diário de proteínas. É muito observado que, em adultos mais velhos e idosos, os mecanismos se tornam menos eficientes e, portanto, é necessário um maior empenho na melhora da ingestão proteica para obter a mesma resposta que outrora.

Geralmente se observa o consumo quantitativo (1,0-1,5 g/kg/dia) e qualitativo (perfil de aminoácidos, relação aminoácidos essenciais e não essenciais). Porém, um estudo transversal, publicado em Frontiers in Nutrition, chama a atenção para um terceiro componente dietético para a otimização da síntese muscular. A distribuição da ingestão proteica diária pode ser um detalhe funcional importante.

Os 120 participantes do estudo foram divididos em três faixas etárias: 40 jovens (23,8 ± 4,3 anos), 40 de meia idade (51,6 ± 4,1 anos) e 40 idosos (77,4 ± 7,4 anos). Encontraram 18 padrões de comportamento alimentar diferentes de ingestão proteica ao longo do dia, mostrando uma grande variedade de hábitos alimentares.

A RDA para proteína (0,8g/kg/dia) foi atendida pela maioria dos participantes, no entanto, grande parte dos participantes mais velhos (35%) não atendeu à alternativa quantitativa otimizante de 1,0-1,5 g/kg/dia, em comparação com os indivíduos jovens (60%). Nesta mesma faixa etária de participantes mais velhos, a qualidade proteica também deixou a desejar. Ademais, o que chamou a atenção dos pesquisadores foi a desigual distribuição de proteínas ao longo do dia.

“O aumento da ingestão de proteínas, especialmente no café da manhã e no almoço, pode atenuar a perda muscular relacionada à idade”, concluíram eles.

Fonte:



Smeuninx B, et al. Source and Pattern of Dietary Protein Intake Across the Adult Lifespan: A Cross-Sectional Study.



Relação entre níveis de vitamina C
e pressão arterial

Como a doença crônica não infecciosa mais comum, a hipertensão está intimamente relacionada a vários fatores de risco, incluindo genética, histórico familiar, sobrepeso e obesidade, tabagismo, inatividade física e dieta não saudável. A ingestão de nutrientes e o nível de eletrólitos são complexos e variados, mas as evidências populacionais demonstram que o consumo de magnésio, sódio, potássio e cálcio está inversamente associado à pressão arterial (PA). Menos conhecida é a associação entre os níveis de vitamina C e a PA.

Recentemente, pesquisadores chineses e japoneses analisaram um total de 18 estudos (n = 22.200 participantes) para verificar os níveis séricos de vitamina C entre indivíduos com hipertensão e sem hipertensão. A revisão e meta-análise foi recém-publicada em Cardiovascular Therapeutics.

Na avaliação, descobriram que pacientes com hipertensão apresentam níveis relativamente baixos de vitamina C, ou seja, 15,13 µmol/L menos que os indivíduos com PA normal [diferença média = -15,13, IC 95% (-24,19, -6,06) e P = 0,001]. A vitamina C sérica apresentou uma relação inversa significativa com a pressão arterial sistólica (P < 0,00001) e pressão arterial diastólica (P < 0,00001).

Considerando-se a estimativa mundial de mais de um bilhão de pessoas com pressão alta, e que pacientes com esta condição apresentam maior risco de complicações no caso de contraírem o coronavírus, a revisão funciona como um lembrete oportuno da importância de garantir níveis adequados deste micronutriente crucial.

Fonte:

Ran L, et al. Association between Serum Vitamin C and the Blood Pressure: A Systematic Review and Meta-Analysis of Observational Studies.



Essential Nutrition

Olá!

Presente em uma grande variedade de vegetais, a quercetina é frequentementeapontada como um fator de promoção da saúde em geral. Nesta edição do Essential Atual, trazemos uma abrangente revisão publicada naNutrition Reviews sobre os efeitos específicos deste flavonoide no controle da pressão arterial. Em outro tópico, abordamos nova pesquisa que aprofunda o conhecimento sobre a relação entre a vitamina C e a prevenção de resfriados.

Boa leitura!


Efeito da quercetina no controle da pressão arterial

Diversas evidências mostram que a ingestão de quercetina, ou alimentos ricos deste flavonoide, confere uma gama ampla de efeitos promotores de saúde, como atividades anticoagulatórias, anti-inflamatórias, anti-hipertensivas e anti-hiperglicêmicas. Com esse acúmulo de achados, uma revisão sistemática e meta-análise de ensaios clínicos randomizados, recém-publicada em Nutrition Reviews, se concentrou em revisar a literatura quanto aos seus efeitos na pressão arterial (PA), perfil lipídico e níveis de glicose.

Dezessete ensaios, com um total de 896 participantes, foram incluídos na análise geral. Os protocolos de duração desses ensaios não ultrapassaram 3 meses, tendo alguns duração de apenas 2 semanas. Resultados combinados mostraram que a quercetina reduziu significativamente a PA sistólica (ADM, -3,09 mmHg; IC 95%, -4,59 a -1,59; P = 0,0001) e a PA diastólica (ADM, -2,86 mmHg; IC 95%, -5,09 a -0,63; P = 0,01). Não foram observadas mudanças significativas no perfil lipídico nem nas concentrações de glicose. No entanto, nas análises de subgrupos, alterações significativas no colesterol e triglicerídeos de lipoproteína de alta densidade foram observadas em ensaios com um desenho paralelo, e nos quais os participantes consumiram quercetina por 8 semanas ou mais.

A quercetina é um componente importante em várias fontes alimentares, como frutas, legumes, nozes, chá-preto e cascas de cebola. Em caso de necessidade de suplementação, a quercetina manipulada pode também ser prescrita por nutricionistas.

Fonte:

Huang H, et al.

Effect of Quercetin Supplementation on Plasma Lipid Profiles, Blood Pressure, and Glucose Levels: A Systematic Review and Meta-Analysis.

Vitamina C para a redução do risco de resfriados

Em 1961, o cientista Ritzel relatou em estudo controlado que crianças de uma escola de esqui na Suíça suplementadas com 1000mg de vitamina C (ácido ascórbico) apresentaram incidência e duração reduzidas de resfriados. Em 1970, Linus Pauling publicou o livro Vitamina C e o Resfriado Comum, onde relatou que a vitamina C pode reduzir a gravidade e a duração de um resfriado. Desde então, muitos foram os estudos sobre infecções respiratórias, incluindo resfriados, e a vitamina C. No entanto, alguns apontam que a falta de um ótimo protocolo padrão (p.ex., controle, número de participantes e doses ótimas da vitamina) gerou resultados não consistentes.

Com o objetivo de investigar se a ingestão de vitamina C poderia prevenir o resfriado comum seguindo um protocolo controlado (atividades, hora do sono e dieta), um estudo randomizado, publicado em 5 de março último no BMJ Military Health, utilizou doses bem mais altas do que as oficialmente recomendadas (100mg/dia) em soldados do exército da República da Coreia.

A pesquisa envolveu 1.444 participantes, que foram divididos em dois grupos: 695 participantes ingeriram 2 cápsulas de vitamina C (2000mg) após as refeições, 3 vezes ao dia, enquanto os demais 749 participantes receberam placebo. No total, 62% dos soldados participantes do estudo eram fumantes. A suplementação foi ministrada durante 30 dias, e os resultados foram:

• Os efeitos da ingestão da vitamina C dependeram do tabagismo e do estado de saúde de cada indivíduo.

• O grupo suplementado com vitamina C teve um risco 20% menor de contrair um resfriado comum do que o grupo placebo.

Fonte:

Kim TK, et al. Vitamin C supplementation reduces the odds of developing a common cold in Republic of Korea Army recruits: randomised controlled trial.

Essential Nutrition

Olá!

A relação entre a dieta e o sistema imune está no foco da Essential Atual #10. Trazemos uma revisão que estudou o papel que a suplementação de vitamina D pode desempenhar na redução do risco de infecção do trato respiratório pelo coronavírus. Em outra linha, estudos mostram a íntima relação do metabolismo da glicemia e quadros infecciosos, indicando caminhos que podem ajudar na prevenção e na redução de seus efeitos danosos.

Boa leitura!


Vitamina D para a redução do risco de infecção respiratória

Conscientes de que nenhum suplemento ou alimento consiga por si só tratar as epidemiologias de influenza e de infecções causadas pelo coronavírus, incluindo a COVID-19, muitos cientistas vêm explorando o papel que a suplementação de vitamina D (25(OH)D) pode desempenhar na redução do risco de infecção do trato respiratório. De acordo com o Centro Americano de Controle e Prevenção de Doenças, durante o período de 2010–2019, só nos Estados Unidos, a influenza afetou entre 9 e 45 milhões de pessoas. Com esses e muitos outros dados em mente, pesquisadores agora vêm aumentando a recomendação da suplementação em grupos vulneráveis, e com urgência.

Entre os estudos de revisões da literatura científica recém-publicados, uma revisão (Nutrients, 03/2020) observa que o surto de COVID-19 teve início no inverno do Hemisfério Norte, um momento em que as concentrações de 25(OH)D se tornam naturalmente mais baixas. Também, as taxas de letalidade aumentam entre adultos mais velhos com comorbidade (de doenças crônicas) – ambos fatores já evidenciados com uma menor concentração de 25(OH)D.

Na discussão do estudo, a ação proposta pelos pesquisadores é: “Para reduzir o risco de infecção, recomenda-se que as pessoas em risco de influenza e/ou COVID-19 considerem tomar 10.000 UI/dia de vitamina D3 por algumas semanas para aumentar rapidamente as concentrações de 25(OH)D, seguido por doses de 5000 UI/dia. O objetivo deve ser aumentar as concentrações da vitamina acima de 40–60 ng/mL (100–150 nmol/L). Para o tratamento de pessoas infectadas com COVID-19, doses mais altas de vitamina D3 podem ser úteis”. Conjuntamente, eles afirmam que a suplementação de magnésio ajuda a ativar a vitamina D, que, por sua vez, ajuda a regular a homeostase do cálcio e do fosfato (crescimento e manutenção da saúde óssea).

Fonte:

Grant WB, et al.

Evidence that Vitamin D Supplementation Could Reduce Risk of Influenza and COVID-19 Infections and Deaths.

A variabilidade da glicose

sanguínea e o sistema imune

Qual seria um fator em comum entre obesidade, hipertensão, doenças vasculares, incluindo aterosclerose, o sistema imune, condições metabólicas, como o diabetes, e a gripe (influenza A)? De acordo com novos estudos: a alta variação do metabolismo da glicose.

Estudos pré-clínicos mostram que o aumento do metabolismo da glicose serve de força energética para a resposta imune desregulada – chamada de “tempestade de citocinas” –, que afeta o sistema imune de muitos pacientes com doenças infecciosas, seja a gripe sazonal, o Ebola, a infecção do trato urinário ou o COVID-19.

Pouco se sabe sobre o conjunto de fatores que instiga o aumento descontrolado da secreção de citocinas pró-inflamatórias, mas algumas peças deste quebra-cabeça começam a se encaixar. Sabe-se que o fator de transcrição de regulação do interferon 5 (IRF5) é crítico para a produção dessas citocinas e, quando geneticamente excluído em camundongos, os animais se tornam protegidos durante a influenza.

Sabe-se também que a resposta inflamatória às infecções por influenza aumenta o metabolismo da glicose, em parte para que as células imunológicas tenham a energia necessária para gerar uma resposta forte, mas também porque o vírus demanda açúcar para se replicar.

Wang et al. adicionam a este conhecimento achados de mecanismos moleculares recém-publicados em Science Advances, onde identificaram uma via específica do metabolismo da glicose necessária para ativar a produção de citocinas induzidas pelo IRF5 em células e camundongos. Eles mostram que essa chamada via de biossíntese da hexosamina é necessária para a replicação viral. Nela, o açúcar nucleotídeo chamado de difosfato de uridina N-acetilglucosamina é adicionado à proteína (O-GlcNacilação) do IRF5 para a atividade produtora de citocinas. A equipe também observa que os pacientes infectados com influenza têm níveis mais altos de glicose no sangue e mais O-GlcNacilação do IRF5 do que os controles saudáveis.

De acordo com outro estudo recém-publicado em mBio, mais do que a hiperglicemia per se, a variabilidade glicêmica gera uma superprodução de espécies reativas de oxigênio, que, por sua vez, impulsionam o aumento da produção endotelial de mediadores inflamatórios. Na discussão, Marshall et al. fazem a hipótese de que, caso esses dados sejam extrapolados para a população humana, a administração em longo prazo de antioxidantes (isto é, antes da infecção pelo vírus influenza) possa ser uma abordagem terapêutica viável para reduzir a carga de influenza em pessoas com diabetes ou variabilidade glicêmica.

No entanto, se o “efeito de legado” ou memória metabólica for evidenciada in vivo, chama-se a atenção para a importância do controle glicêmico precoce e sustentado para mitigarconsequências duradouras para a suscetibilidade de um indivíduo a condições infecciosas.

Fontes:

Wang et al. O-GlcNAc transferase promotes influenza A virus–induced cytokine storm by targeting interferon regulatory factor–5.

Marshall et al. Glycemic Variability in Diabetes Increases the Severity of Influenza.

Richardson et al. Presenting Characteristics, Comorbidities, and Outcomes Among 5700 Patients Hospitalized With COVID-19 in the New York City Area.

Essential Nutrition

Olá!

Esta é a nona edição do Essential Atual, seu boletim com novidades científicas nas áreas de nutrição e saúde.

Boa leitura!


Estudo mostra níveis significantes de colina no óleo de krill

Além de fonte de ômegas (EPA e DHA) sob a forma de fosfolipídios, um pequeno ensaio clínico cruzado, randomizado e controlado por placebo adicionou mais um benefício ao óleo de krill. O estudo publicado em Nutrients analisou os níveis de colina nos participantes, como também um metabólito da própria colina, o TMAO (N-óxido de trimetilamina).

Reconhecida como um nutriente essencial, a colina pode ser formada por síntese de novo, mas precisa ser obtida adicionalmente através da dieta e/ou suplementação para atender aos requisitos do organismo. Entre outros, a colina é um componente das lipoproteínas estruturais e lipídios das membranas, e serve como precursora do neurotransmissor acetilcolina, que é crucial para a função cerebral.

Doze indivíduos receberam 620g de colina sob a forma de bitartarato ou 8g de óleo de krill (marca Superba Boost, que fornece 572mg de colina sob a forma de fosfotidilcolina), e 6 indivíduos receberam o produto-controle (óleo de peixe).

Embora a quantidade de colina encontrada no plasma sanguíneo por 24 horas não tenha sido estatisticamente diferente entre aqueles que tomaram o óleo de krill e aqueles que tomaram o bitartarato de colina, no grupo bitartarato foi encontrado um aumento de treze vezes na concentração plasmática de TMAO (níveis excessivos de TMAO podem atuar contra a saúde). O óleo de krill, portanto, mostrou-se uma forma segura e eficaz de aumentar os níveis de colina.

Fonte:

Mödinger Y, et al.

Plasma Kinetics of Choline and Choline Metabolites After A Single Dose of SuperbaBoostTM Krill Oil or Choline Bitartrate in Healthy Volunteers.

Fator de longevidade: quantidade de passos vs intensidade da caminhada

Um novo estudo publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA) investigou a associação entre o número diário de passos e a intensidade de passos (passos por minuto) com a mortalidade entre adultos nos EUA. Sem haver um número “mágico” de passos, para surpresa dos investigadores, o estudo encontrou que o que foi associado à maior longevidade foi um maior número de passos dados diariamente, e não a intensidade dos passos.

No estudo, 4.840 pessoas com idade média de 57 anos (54% mulheres; 36% indivíduos com obesidade) usaram um acelerômetro durante cerca de 5 a 6 dias, por uma média de 14,4 horas por dia. O número médio de passos por dia foi de 9.124.

Durante o acompanhamento de 10 anos ocorreram 1.165 mortes, incluindo 406 mortes por doenças cardiovasculares e 283 por câncer. A incidência não ajustada para mortalidade por todas as causas foi de 76,7 por 1.000 pessoas-ano para os 655 indivíduos que deram menos de 4.000 passos por dia; 21,4 por 1.000 pessoas-ano para os 1.727 indivíduos que realizaram de 4.000 a 7.999 passos por dia; 6,9 por 1.000 pessoas-ano para os 1.539 indivíduos que deram de 8.000 a 11.999 passos por dia; e 4,8 por 1.000 pessoas-ano para os 919 indivíduos que deram pelo menos 12.000 passos por dia.

Independentemente se um indivíduo se sente mais confortável de caminhar mais rápido ou mais devagar, o importante é o fato de caminhar mais.

Fonte:

Saint-Maurice PF, et al. Association of Daily Step Count and Step Intensity with Mortality Among US Adults.

Olá!

Esta é a oitava edição do Essential Atual, seu boletim com novidades científicas nas áreas de nutrição e saúde.

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Integrando nutracêuticos para o alívio de infecções por vírus RNA

Em artigo recém-publicado em Progress in Cardiovascular Diseases (Elsevier), pesquisadores propõem que certos nutracêuticos podem ajudar a aliviar sintomas de infecções causadas por vírus RNA, como influenza e coronavírus.

Tanto o vírus da gripe quanto o coronavírus causam inflamação nos pulmões, levando ao estresse respiratório agudo e possíveis sérias complicações. Certos nutracêuticos podem ajudar a reduzir a inflamação nos pulmões dos vírus RNA. Outros podem ajudar a aumentar a resposta do interferon tipo 1 a esses vírus, que é a principal maneira de o organismo criar anticorpos antivirais para combater infecções virais.

Os autores chamam a atenção para vários estudos clínicos randomizados em humanos que descobriram que suplementos, como a N-acetilcisteína (NAC) e o extrato de sabugueiro, já apresentaram evidências para encurtar a duração da gripe em cerca de dois a quatro dias e reduzir a gravidade da infecção.

Também foi observado que vários nutracêuticos, como espirulina, betaglucana, glucosamina e NAC, foram encontrados para reduzir a gravidade da infecção ou reduzir a taxa de mortalidade pela metade em animais infectados com influenza. Além disso, um estudo clínico em humanos que testou a espirulina, ou algas verde-azuladas, rica em cromóforo da ficocianobilina (PCB), observou reduções significativas na carga viral naqueles infectados pelo HIV.

Fonte:

Mc Carty MF; DiNicolantonio JJ. Nutraceuticals have potential for boosting the type 1 interferon response to RNA viruses including influenza and coronavirus.


Melhores dietas de 2020 nos EUA

Acaba de ser publicado o ranking anual de melhores dietas do US News & World Report. Agora em seu décimo ano, a “Best Diets” classifica 35 dietas em vários níveis, desde a saúde do coração até a probabilidade de ajudar no emagrecimento. Neste ano, a Dieta Mediterrânea ganhou pela terceira vez consecutiva como a melhor dieta geral. Em segundo, um empate entre as dietas DASH e a flexitariana.

Entre as categorias estão as melhores dietas para perda de peso, melhores dietas comerciais, melhores dietas para perda rápida de peso, melhores dietas para uma alimentação saudável, dietas mais fáceis de seguir, melhores dietas se você tem diabetes, melhores dietas se você tem doença cardíaca e melhores dietas à base de plantas. Na listagem, cada perfil dietético é classificado, explicando como a dieta funciona, se suas alegações vêm aumentando ou não, possíveis riscos à saúde, e é descrito sobre sua parte prática no dia a dia. Ao final, são resumidos os lados positivos e negativos de cada dieta para uma melhor consideração conforme a necessidade e estilo de vida do indivíduo.

O painel votante é constituído por 25 especialistas da área da saúde, incluindo nutricionistas e especialistas em diabetes, saúde do coração, comportamento humano e perda de peso, que avaliam em especial resultados de estudos e componentes da dieta.

Fonte:

Best Diets 2020.

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Esta é a sétima edição do Essential Atual, seu boletim com novidades científicas nas áreas de nutrição e saúde.

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Estudos associam dietas a alterações na fertilidade masculina

A contagem e a qualidade médias de espermatozoides vêm diminuindo gradualmente há anos, em homens do mundo todo. Os cientistas teorizaram várias causas potenciais, e uma delas pode estar ligada à dieta.

Estudo recém-publicado em JAMA Network Open, realizado com 2.935 jovens dinamarqueses, mostrou que a adesão a padrões de dieta caracterizados por uma maior ingestão de pizza, batata frita, carnes processadas e vermelhas, beliscos, grãos refinados, bebidas açucaradas e doces resultou em graus de atividade hipotalâmica reduzida e a uma redução na espermatogênese.

Este é mais um dentre vários estudos que concluíram que a saúde masculina, aqui especificamente representada pela função testicular, está intimamente conectada com a dieta e, portanto, nutrientes assimilados. De fato, uma grande revisão sistemática publicada no ano passado em Andrology examinou 16 estudos sobre o ômega-3 (mais de 1.000 indivíduos com possíveis problemas de fertilidade) e associou a sua ingestão com uma melhor qualidade do sêmen. Em janeiro último, um outro estudo transversal (1.679 dinamarqueses) obteve um resultado positivo similar.

Fontes:

Nassan FL, et al. Association of Dietary Patterns with Testicular Function in Young Danish Men.

Falsig A-ML, et al. The influence of omega-3 fatty acids on semen quality markers: a systematic PRISMA review.

Jensen TK, et al. Associations of Fish Oil Supplement Use With Testicular Function in Young Men.


O papel dos fungos intestinais em protocolos de nutrição

Os fungos intestinais respondem rapidamente às mudanças na dieta e no estilo de vida. Dentro de 24 horas, pode-se transformar o micobioma (parte do microbioma intestinal formada por fungos), apoiando o caminho para a perda de peso, melhor digestão e mais energia.

Estas afirmações estão no livro Total Gut Balance (Equilíbrio Total do Intestino, em tradução livre), do Dr. Mahmoud Ghannoum, lançado no fim de 2019. Na publicação, Ghannoum apresenta essa importante comunidade, explica como a dieta afeta essa população e como seu equilíbrio ou desequilíbrio pode afetar diversos processos no organismo.

Nomeada de “Dieta do Micobioma”, sua proposta foca, entre outros temas, nos biofilmes danosos e nos alimentos específicos para quebrá-los, como, por exemplo, probióticos, fibras resistentes, D-manose, e alimentos ricos em proantocianidinas tipo A, como o cranberry americano.

O livro contém planos de dieta de 7 e 20 dias, com mais de 50 receitas testadas por nutricionistas, para cultivar um micobioma (além do microbioma) e métodos para ajustar o estilo de vida em longo prazo.

Fonte:

Total Gut Balance – Fix Your Mycobiome Fast for Complete Digestive Wellness, de Mahmoud Ghannoum.

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Esta é a sexta edição do Essential Atual, seu boletim com novidades científicas nas áreas de nutrição e saúde.

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Palatinose impulsiona dietas de emagrecimento

Um estudo científico publicado recentemente mostrou que a Palatinose apoia a perda de peso corporal e de massa gorda em adultos com sobrepeso ou obesidade em uma dieta com esta finalidade. A Palatinose (isomaltulose) é um carboidrato de liberação lenta e de baixo índice glicêmico. Esses achados indicam que, além do total calórico, a escolha do carboidrato para adoçar os alimentos (ou como fonte de energia) afeta o metabolismo na queima de gordura.

Durante um período de 12 semanas, 50 adultos com sobrepeso ou obesidade consumiram 40g de Palatinose ou sacarose durante quatro refeições por dia, como parte de sua dieta de emagrecimento (aproximadamente 1700 kcal/dia).

Os grupos Palatinose e sacarose reduziram o peso durante o período de estudo. No entanto, apenas os participantes que consumiram Palatinose emagreceram um quilo extra. Além disso, o grupo Palatinose também experimentou uma redução no percentual de massa gorda (aproximadamente 2%) e um aumento no percentual de massa magra.

Quanto ao metabolismo na queima de gordura, o café da manhã contendo Palatinose, por exemplo, levou a um quociente respiratório significativamente menor do que o café da manhã idêntico contendo sacarose, demonstrando uma taxa de queima de gordura mais alta, de até 15%.

Fonte:

Changes in weight and substrate oxidation in overweight adults following isomaltulose intake during a 12-Week weight loss intervention: A randomized, double-blind, controlled trial.


Meta-análise: dieta mediterrânea protege a função endotelial

A dieta mediterrânea está mais uma vez fazendo notícia dentro do meio científico. Uma revisão sistemática e meta-análise publicada agora em fevereiro no The Journal of Nutrition confirma sua influência para melhorar marcadores da função endotelial.

Os pesquisadores do Reino Unido analisaram 14 estudos, totalizando 1920 indivíduos adultos. A dieta rica em azeite de oliva, oleaginosas, vegetais e frutas, leguminosas, grãos integrais, temperos, peixes e crustáceos exerceu um efeito benéfico na função endotelial [diferença média padronizada (SMD): 0,35; IC 95%: 0,17, 0,53; P <0,001; I2 = 73,68%].

Houve melhora na dilatação mediada por fluxo (FMD) – o método de referência para mensuração clínica não invasiva da função endotelial – em 1,66% (alteração absoluta; IC95%: 1,15, 2,17; P <0,001; I2 = 0%). E os efeitos positivos provocados não foram modificados pelo estado de saúde, tipo de intervenção, duração do estudo, desenho do estudo, IMC ou idade dos participantes (P> 0,05).

Como conclusão, os efeitos protetores deste estilo mediterrâneo de alimentação parecem evidentes nos estágios iniciais do processo aterosclerótico, com implicações importantes para a prevenção precoce das doenças cardiovasculares.

Fonte:

Mediterranean Diet Increases Endothelial Function in Adults: A Systematic Review and Meta-Analysis of Randomized Controlled Trials.

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Esta é a quinta edição do Essential Atual, seu boletim com novidades científicas nas áreas de nutrição e saúde.

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Meta-análise indica quercetina para controle de pressão alta

Uma revisão sistemática e meta-análise recém-publicada em Nutrition Reviews confirmou efeitos favoráveis da quercetina na pressão arterial. O flavonoide, encontrado em muitas frutas, legumes, folhas e grãos, em especial na cebola roxa, brócolis, maçã e framboesa, teve uso indicado como terapia adjuvante em pacientes com hipertensão.

Suas propriedades anti-hipertensivas foram encontradas em pacientes que receberam o suplemento em menos de 8 semanas, em doses maiores que 100 g/d. Resultados combinados mostraram que a quercetina reduziu significativamente a pressão arterial (PA) sistólica (ADM, -3,09 mmHg; IC 95%, -4,59 a -1,59; P = 0,0001) e a PA diastólica (ADM, -2,86 mmHg; IC 95%, -5,09 a -0,63; P = 0,01).

Além disso, quando suplementados por 8 semanas ou mais, os participantes apresentaram redução nos níveis de triglicerídeos e aumento dos níveis do colesterol HDL.

A hipertensão é um fator de risco bem conhecido para várias doenças cardiovasculares (DCV), demência, para a saúde dos rins e dos olhos. Quanto à saúde do coração, por exemplo, uma redução na pressão arterial de mais de 10 mmHg reduz o risco cardiovascular em 50% para insuficiência cardíaca, em 35% a 40% para AVC e em aproximadamente 20% a 25% para infarto do miocárdio.

Fonte:

Effect of quercetin supplementation on plasma lipid profiles, blood pressure, and glucose levels: a systematic review and meta-analysis.


Gordura abdominal é fator isolado para recorrência de infarto

O excesso de gordura na circunferência da cintura é, mais uma vez, apontado como fator de risco para a saúde. De acordo com uma grande pesquisa publicada no European Journal of Preventive Cardiology, indivíduos que já tiveram infarto do miocárdio e que possuem excesso de gordura abdominal correm maior risco de ter outro infarto.

Estudos anteriores mostraram que o excesso de gordura abdominal (medida pela circunferência da cintura) é um importante fator de risco para um primeiro infarto. Agora, o novo estudo afirma que este mesmo fator aumenta o risco para a repetição de infarto do miocárdio (ataque cardíaco) ou acidente vascular cerebral (AVC).

Os pesquisadores acompanharam mais de 22.000 pacientes após o primeiro infarto do miocárdio e analisaram especificamente novos eventos causados por artérias entupidas, como infarto e AVC fatal e não fatal. Os pacientes foram seguidos por uma média de 3,8 anos e, em sua maioria – 78% dos homens e 90% das mulheres –, apresentavam obesidade abdominal (circunferência da cintura igual ou maior que 94 cm para homens e 80 cm para mulheres).

Os resultados se mostram independentes de outros fatores de risco, como tabagismo, diabetes, hipertensão, pressão arterial, lipídios no sangue, índice de massa corporal (IMC), e até mesmo de tratamentos de prevenção secundária. A circunferência da cintura se mostrou como o marcador mais importante de eventos recorrentes do que a obesidade corporal geral.

Na prática clínica, os autores recomendam o uso da circunferência da cintura para identificar um maior risco de eventos recorrentes em pacientes que tiveram infarto do miocárdio.

Fonte:

Belly fat linked with repeat heart attacks.

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Sociedade Brasileira de Cardiologia inclui espiritualidade em diretriz

A nova diretriz de prevenção elaborada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia integra a espiritualidade como parte do protocolo da arte da medicina. A orientação é consequência de diversos estudos que evidenciam que meios capazes de aliviar o estresse e/ou integrar o meio ambiente interno de um indivíduo à prática clínica resultam em melhor saúde.

Ao trazer para dentro do consultório a busca das pessoas por conexão ou propósito em suas vidas, a Sociedade Brasileira de Cardiologia se mostra em alinhamento com a profunda transformação que a ciência médica mundial vem passando. O reconhecimento da espiritualidade pode ser visto como parte essencial do medicamento "centrado no paciente", cada vez mais visto como crucial para o atendimento de alta qualidade.

Ao ouvir a palavra “espiritualidade”, muitos a associam à religião ou à religiosidade. No entanto, atualmente, os termos religião e espiritualidade vêm sendo vistos de forma independente. As pessoas podem ter sua espiritualidade sem “se encaixar” em nenhuma religião. Em outros casos, religião e espiritualidade se encontram sobrepostos. Já a religiosidade é o quanto um indivíduo acredita, segue e pratica uma religião.

A inédita diretriz se mostra como uma contribuição para todos os profissionais da área de saúde. Em um contexto amplo, a melhor compreensão dos valores internos dos pacientes e da comunidade pode ajudar a aumentar o impacto de iniciativas de saúde e melhorar o contexto político-administrativo de saúde. No nível individual, o reconhecimento do papel da espiritualidade para a saúde pode ajudar os profissionais e clínicos a abordar seus pacientes com mais empatia, o que gera mais confiança e fortalece as colaborações entre os envolvidos.

Fontes:

Atualização da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019. Steinhauser KE, et al. State of the Science of Spirituality and Palliative Care Research Part I: Definitions, Measurement, and Outcomes. Journal of Pain and Symptom Management, 2017.

Como o óleo de peixe pode atuar no combate à inflamação

Há algum tempo que evidências mostram a característica anti-inflamatória do óleo de peixe. Isso o fez muito útil para cuidados de saúde preventivos e para condições crônicas, como doenças cardiovasculares, doença inflamatória intestinal, condições neurodegenerativas e câncer.

Agora, estudos vêm desvendando o mecanismo sob o qual o óleo de peixe – constituído de ácidos graxos ômega-3 (EPA, DHA e DPA) – pode estar exercendo esta função.

Tomados em conjunto, os achados levam às chamadas SPMs (specialized pro-resolving mediators, ou, em tradução livre, “mediadoras especializadas em resolução”). Elas fazem parte de uma longa lista de outros agentes fisiológicos, como glicocorticoides, a IL 10, e a anexina A1, que tendem a limitar a inflamação.

Já era sabido que o corpo produz SPMs através da quebra de ácidos graxos essenciais, incluindo alguns ácidos graxos ômega-3. Agora se descobriu que os constituintes do óleo de peixe atuam também como precursores da biossíntese destas moléculas.

A conclusão vem de estudo publicado na revista Circulation Research. A pesquisa mostrou um aumento nos níveis SPMs no sangue nas 24 horas seguintes à ingestão de ômega-3. Os testes também revelaram que a suplementação levou a um aumento nos ataques contra bactérias que poderiam causar uma resposta inflamatória do organismo.

Além disso, foi observado um enriquecimento significativo dos genes envolvidos na regulação imune e nas respostas dessas células após a suplementação com óleo de peixe. Juntos, esses achados indicam que as alterações nas concentrações de SPMs estão ligadas à reprogramação das respostas das células sanguíneas periféricas em direção a um fenótipo protetor.

Fonte: Souza PR, et al. Enriched Marine Oil Supplements Increase Peripheral Blood Specialized Pro-Resolving Mediators Concentrations and Reprogram Host Immune Responses: A Randomized Double-Blind Placebo-Controlled Study. Circulation Research; 2019.

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Exposição ao sol e o controle de doenças autoimunes

Estudo clínico recém-publicado na Frontiers in Microbiology atualiza o entendimento da relação entre a exposição ao sol - especificamente à luz Ultravioleta de Banda Estreita (UVB) - e a prevenção de doenças. Segundo a pesquisa, a exposição aumenta os níveis de vitamina D, o que influencia positivamente as comunidades do microbioma intestinal. Como consequência, há um melhor controle da inflamação crônica – presente em tantas condições associadas ao estilo de vida moderno.

Por outro lado, o déficit da vitamina D causa uma superabundância de bactérias nocivas, causando uma inflamação que aumenta o risco de doenças autoimunes, como doença inflamatória intestinal, esclerose múltipla, diabetes, lúpus e alguns tipos de artrite.

Com base nos achados de que a luz UVB pode modular rapidamente o microbioma intestinal (sem alterações na dieta das participantes do estudo), não se pode excluir que a exposição ao sol contribua para a variação sazonal na composição do microbioma. Várias doenças inflamatórias crônicas exibem padrões sazonais. Especificamente, a natureza recorrente e remitente de doenças inflamatórias intestinais e esclerose múltipla estão fortemente associadas aos níveis de vitamina D.

Os pesquisadores apontam que, embora essa variação possa não ter efeitos evidentes em indivíduos saudáveis, ela pode ser de maior importância para pessoas com disfunção imunológica.

Fonte::

BOSMAN, E.S. et al. Skin Exposure to Narrow Band Ultraviolet (UVB) Light Modulates the Human Intestinal Microbiome. Front. Microbiol; 2019. Doi:10.3389/fmicb.2019.02410.

A parte dos pacientes no controle do uso de antibióticos

Um em cada três americanos com idade entre 50 e 80 anos acredita que tomar antibiótico ajuda a acelerar a superação de um resfriado ou gripe. Um em cada cinco efetivamente toma esses remédios sem consultar um médico. Essas são algumas das conclusões de um estudo feito pelo Institute for Healthcare Policy & Innovation, da Universidade de Michigan, com a participação de 2.256 pessoas.

Esses resultados são bastante preocupantes no cenário atual, quando a eficiência dos antibióticos desafia a sua própria utilidade em longo prazo. A mutabilidade natural dos micróbios possibilita que patógenos desenvolvam uma crescente autoproteção, tornando o tratamento com antibióticos não tão efetivo.

Confira outras conclusões da pesquisa junto aos pacientes:

  • Quase metade dos participantes da pesquisa (48%) relatou ter recebido pelo menos uma prescrição de antibióticos nos últimos dois anos.
  • Entre os participantes que tiveram sobras de antibióticos, 65% relataram tê-los guardado.
  • Esses antibióticos restantes são usados com mais frequência do que os profissionais de saúde imaginam, especialmente por pessoas na faixa dos 50 e início dos 60 anos, em comparação com aqueles com mais de 65 anos.

Fonte:

Institute For Healthcare Policy & Inovation. University Of Michigan.

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Nobel de Medicina premia pesquisa sobre efeitos do oxigênio nas células

O Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2019 foi para um trio de cientistas (dois americanos e um britânico), por seu trabalho em mostrar como as células sentem, adaptam e respondem a mudanças nos níveis de oxigênio. Segundo o comitê do prêmio, William Kaelin Jr., da Escola de Medicina de Harvard, Peter Ratcliffe, da Universidade de Oxford, e Gregg Semenza, da Universidade Johns Hopkins, identificaram um dos processos adaptativos mais essenciais da vida. As descobertas abriram o caminho para entender como os níveis de oxigênio afetam a função celular, tanto na saúde quanto em doenças.

Cientistas sabiam desde a década de 1970 que, quando os níveis de oxigênio são baixos, o rim secreta uma proteína chamada EPO (eritropoietina), que viaja para a medula óssea e aumenta a produção de glóbulos vermelhos. A resposta à hipóxia também influencia o principal interruptor do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF).

Consequentemente, a regulação da hipóxia na expressão gênica governa todos os tipos de processos e doenças biológicos, desde a retinopatia da prematuridade em recém-nascidos e o crescimento de vasos sanguíneos nos tumores até o treinamento de atletas em alta altitude. “Suas descobertas também abriram o caminho para novas estratégias promissoras para combater a anemia, o câncer e muitas outras doenças”, concluiu o comitê do Nobel em seu comunicado.

Acesse o comunicado no site do prêmio Nobel.

Kaatsu: a técnica que promete efeitos de treino longo em 30 minutos

Uma nova técnica começa a chamar a atenção de muitos profissionais e leigos: um treino de corpo inteiro – do tipo que geralmente leva horas para exercitar o máximo de músculos – que dura aproximadamente 30 minutos. O Kaatsu é um treinamento inventado pelo cientista do esporte, Dr. Yoshiaki Sato, em 1966. De baixo impacto, produz um estresse reduzido nas articulações e é limitado a aproximadamente 15 minutos na parte superior do corpo e a 20 minutos no core e parte inferior. Pode ser executado atrelado a curtas corridas, na musculação, natação e exercícios diversos. Portanto é um treino que pode abranger desde adolescentes até idosos – atletas ou não.

Para praticar, é necessário o uso de bolsas pneumáticas (ou bandas elásticas), que exercem pressão adicional no local exercitado através da modificação da circulação sanguínea. Com isso, vários capilares (que geralmente não são mobilizados) se alongam e se expandem para ajudar a melhorar a circulação e a vascularidade. Ao mesmo tempo, as concentrações de fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), óxido nítrico (NO) e ácido lático também aumentam, em processo semelhante ao que acontece durante exercícios prolongados.

Estudos científicos vêm apresentando bons resultados desta técnica de exercícios de carga baixa para o aumento de força e hipertrofia muscular, inclusive para pacientes com hipertensão. Isto porque, ao liberar mais NO, que permite melhor constrição e relaxamento dos vasos (elasticidade), ocorre uma melhor modulação da inflamação celular nas paredes dos vasos sanguíneos. Já o acúmulo de ácido lático nos músculos faz com que a hipófise secrete hormônio do crescimento em maiores quantidades, ativando o metabolismo do corpo.

Aplicação prática

A técnica vascular pode ser aplicada com um aparelho e bandas especiais KAATSU que permitem que a pressão só seja alta o suficiente para bloquear o retorno venoso para o torso (~ 50-100 mm Hg). A largura e flexibilidade das bandas não obstruem o fluxo arterial para os membros.

Quando a pressão é aplicada através de bandas elásticas comuns, estas exercem uma oclusão vascular, fazendo uma pressão mais forte enquanto restringem um pouco mais o fluxo sanguíneo (BFR, blood flow restriction) – o que difere ligeiramente da técnica Kaatsu original, mas que também vem obtendo bons resultados.

O treinamento Kaatsu pode ser aplicado em atletas; pacientes em reabilitação pós-operatória, com lesões do ligamento cruzado anterior ou em reabilitação cardíaca; em idosos, para combater a atrofia e a hipertensão; e em indivíduos saudáveis para a indução de hipertrofia muscular.

Estudos sobre o Kaatsu:

Cezar MA, et al. Effects of exercise training with blood flow restriction on blood pressure in medicated hypertensive patients. Rev educ fis; 2016. Doi:10.1590/S1980-6574201600020002.

Manimmanakorn A, et al. Effects of resistance training combined with vascular occlusion or hypoxia on neuromuscular function in athletes. Eur J Appl Physiol; 2013. Doi:10.1007/s00421-013-2605-z

Ooshima A; et al. Combination of KAATSU training® and BCAA intake for a patient after aortic valve replacement surgery: A case study. Int. J. KAATSU Training Res. 2018.

Patterson S, et al. Blood Flow Restriction Exercise Position Stand: Considerations of Methodology, Application, and Safety. Front Physiol. 2019; Doi:10.3389/fphys.2019.00533

Paz CLSL; et al. Efeito do kaatsu training na força e hipertrofia muscular de idosos: revisão sistemática. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício; 2018.

Science Behind KAATSU.”

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Ação do ômega-3 na redução de triglicerídeos e prevenção cardiovascular

Associação Americana do Coração (AHA) reforçou em agosto a indicação dos ácidos graxos ômega-3 (EPA + DHA) como uma maneira "eficaz e segura" de reduzir os níveis elevados de triglicerídeos.

A efetividade na redução de triglicerídeos e o excelente grau de segurança e tolerabilidade dos ácidos graxos ômega-3 os tornam "ferramentas valiosas para os profissionais de saúde", escreveram os cientistas do painel consultivo.

A declaração científica da AHA de 2002 sobre peixes e ácidos graxos ômega-3 já recomendava a prescrição de ômega-3 (EPA e DHA), regulamentados pela agência americana FDA, a um nível de 2 a 4g/dia para redução de triglicerídeos sob a supervisão de um médico.

No atual comunicado, lê-se:

"Concluímos que a prescrição de ácidos graxos ômega-3 (EPA + DHA ou apenas EPA) na dose de 4 g/d (> 3 g/d total de EPA + DHA) é uma opção eficaz e segura para reduzir triglicerídeos como monoterapia ou como um adjunto a outros agentes hipolipemiantes”..

Acesse o comunicado no site da AHA.

MCT para força e função muscular em idosos

A suplementação combinada de triglicerídeos de cadeia média (MCTs), aminoácidos ricos em l-leucina e colecalciferol já tem efeitos reconhecidos no aumento de força e função muscular em idosos frágeis.

No entanto, pesquisa publicada neste ano no American Journal of Clinical Nutrition indicou que o tratamento apenas com MCTs já pode ser suficiente para aumentar a força muscular, a função e as atividades da vida diária nesses indivíduos.

O estudo de intervenção randomizado, controlado e cego, de 3 meses, envolveu 48 participantes (85,5 ± 6,8 anos), com 100% de adesão ao tratamento.

Entre outros achados positivos, em três meses, os participantes do grupo MCT tiveram um aumento de 48,1% no desempenho de teste de abertura e fechamento de perna. Os pesquisadores concluíram que uma suplementação diária de 6g de MCT pode “aumentar a força e a função muscular de idosos frágeis e também melhorar suas atividades diárias".

Confira o estudo na íntegra.

Ação do citrato de sódio no desempenho atlético

Estudo publicado recentemente no Journal of the International Society of Sports Nutrition investigou os possíveis efeitos da suplementação com citrato de sódio no desempenho de tenistas. A pesquisa registrou melhora em parâmetros metabólicos, incluindo o pH, e no desempenho de atletas suplementados com 500 mg de citrato de sódio (CS) por kg de massa corporal.

Os tenistas receberam aleatoriamente placebo ou citrato de sódio (CS) duas horas antes dos testes de desempenho de habilidade e testes repetidos de sprint. Esses testes foram seguidos por uma partida simulada de uma hora.

"É importante ressaltar que nenhum jogador relatou qualquer desconforto gastrointestinal significativo após a suplementação com CS. Na prática, parece que a suplementação de CS pode ser utilizada com segurança e eficácia em tenistas para melhorar o desempenho qualificado”, afirmam os pesquisadores na conclusão do estudo.

Estudos anteriores mostram que tenistas profissionais perdem, em média 2,5 l de suor por hora de jogo em circunstâncias quentes. Como um litro de suor contém cerca de 920 mg de sódio (Périard JD, et al.), estima-se que os atletas percam cerca de 2,3 gramas (1 colher de chá) de sódio por hora de jogo.

Confira o estudo na íntegra.