Cognição infantil: nutrientes e o desenvolvimento cerebral

As discussões relacionadas ao desenvolvimento cognitivo infantil se tornam extremamente relevantes quando sabemos dos impactos que ocasionam na aprendizagem, no comportamento, e para ter uma longevidade saudável em um cenário onde os transtornos relacionados à saúde cerebral aumentam.

Dentre as estratégias para estimular a cognição infantil está a atuação de importantes nutrientes e perfil nutricional da dieta. Há estudos que relacionam a baixa carga glicêmica com o desempenho da cognição das crianças. Pesquisas também indicam a ação benéfica dos ácidos graxos do ômega-3 nas funções do SNC, no desenvolvimento da leitura, no comportamento, na redução do transtorno de déficit de atenção e na hiperatividade.

Baixo índice glicêmico, carga glicêmica e as habilidades cognitivas

O índice glicêmico (IG) é um conceito que tem recebido cada vez mais atenção na nutrição, inclusive em relação ao desempenho cognitivo infantil. Sabe-se que o IG de um alimento é uma medida relacionada aos níveis de glicose no sangue. Logo após a ingestão de um alimento de alto IG, ocorre um aumento relativamente rápido nos níveis de glicose no sangue, seguido por uma diminuição rápida.

Além da velocidade desse aumento de glicose, pode-se também mensurar a quantidade de carboidrato presente no alimento, por meio da medida de carga glicêmica (CG), a qual confere o potencial glicêmico do alimento.

Dessa forma, quanto maior for a CG do alimento, maior será o impacto sobre a glicose na corrente sanguínea e, consequentemente, a resposta insulinêmica.

Em um estudo duplo-cego recente feito com crianças, foram comparados dois cafés da manhã que ofereceram níveis idênticos de energia e macronutrientes, mas com carga glicêmica diferentes. Em um deles, a Isomaltulose (Palatinose™) foi usada para adoçar a refeição dos pequenos, e no outro, a glicose.

Para isso, 75 crianças de 5 a 11 anos frequentaram um clube de café da manhã escolar em duas ocasiões, com pelo menos uma semana de intervalo. Após 1 e 3 horas de cada refeição, os pesquisadores avaliaram a memória verbal imediata e tardia, memória espacial, atenção sustentada, tempos de reação, velocidade de processamento de informações e humor.

Velocidade de processamento de informações

No primeiro dia de teste, aqueles que comeram as duas refeições não diferiram, mas quando testados no segundo dia, aqueles que ingeriram a refeição com baixa CG foram significativamente mais rápidos no processamento de informações.

Memória imediata

Quando a memória foi avaliada 1 hora após o café da manhã, o resultado foi similar nos 2 grupos. Mas após 3h, aqueles que comeram a refeição com IG mais baixo tiveram memórias significativamente melhores (p <0,01). A memória diminuiu significativamente naqueles que comeram a refeição com maior IG (p <0,001). Os dados são o número médio de palavras recuperadas pelas crianças.

Memória espacial

Depois de comer, a memória espacial das crianças que fizeram a refeição com CG inferior foi significativamente melhor no segundo dia (p <0,03), mas não no primeiro dia de teste.

Humor

Não houve diferenças significativas após 1h, embora o humor tenha melhorado significativamente 3h após o consumo de isomaltulose (Palatinose ™), fonte com CG mais baixo.

Pode-se perceber que a natureza das refeições não influenciou nenhuma medida de cognição ou humor após uma hora; no entanto, após 3 horas, a memória e o humor das crianças melhoraram após o café da manhã com carga glicêmica mais baixa proporcionado pela Palatinose™, que resulta em respostas de insulina e glicose no sangue pós-prandial mais baixas por um período prolongado.

Como resultado, o estudo apresentou que o café da manhã com menor carga glicêmica resultou em melhor humor e aspectos do funcionamento cognitivo nas crianças.

Somado a isso, o estudo ainda sugere que as crianças podem ser particularmente suscetíveis à taxa de liberação de glicose no sangue. Portanto, pode-se relacionar que o declínio do fornecimento de glicose ao cérebro de uma criança, por exemplo, 2-3h após uma refeição com alta CG, com o impacto negativo no funcionamento das habilidades cerebrais.

Em um segundo estudo foi investigado se o IG do cereal matinal pode afetar a atenção e a memória dos pequenos. Para isso, 64 crianças com idades entre 6-11 anos receberam um cereal de alto IG e um cereal de baixo IG em duas manhãs consecutivas.

Os resultados indicam que o desempenho das crianças diminui ao longo da manhã e que esse declínio pode ser significativamente reduzido após a ingestão de um cereal de baixo IG em comparação com um cereal de alto IG nas medidas de precisão de atenção e memória secundária.

Precisão da atenção

Memória secundária

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Atuação dos ácidos graxos nas funções neurais

Além da Palatinose™, o ômega-3 também é um nutriente relacionado em estudos à cognição infantil. Sabe-se que os seu ácidos graxos (PUFAs) desempenham um papel importante no desenvolvimento do cérebro e do SNC.

O EPA e o DHA encontrados no ômega-3 estão envolvidos em vários processos neuronais. Um estudo sobre o significado dos ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa (PUFAs) para o desenvolvimento e comportamento de crianças indica que as deficiências e desequilíbrios desses nutrientes, não apenas durante a fase de desenvolvimento, mas ao longo de toda a vida, têm efeitos significativos na função cerebral, como:

  • Circulação e suprimento de oxigênio prejudicados.

  • Incorporação reduzida de DHA em fotorreceptores e em sinapses.

  • Resposta imunológica anormal com elevada propensão a inflamações.

  • Desenvolvimento prejudicado e transtornos psiquiátricos, como depressão, esquizofrenia e demência.

Em outro estudo, o DHA foi associado ao desempenho da leitura de 362 crianças de 7 a 9 anos. Como resultado, foi identificado o benefício da suplementação de DHA nas 224 crianças cujo desempenho inicial de leitura foi menor ou igual ao percentil 20. Há destaque para os resultados percebidos nas crianças cujo desempenho inicial de leitura era = 10 percentil.

A redução dos sintomas de desatenção também foi foco de estudos que associam a suplementação de ômega-3 com o desempenho cognitivo das crianças. Após a suplementação dietética com ácidos graxos ômega-3 em meninos com e sem transtorno de déficit de atenção / hiperatividade, o referido estudo identificou como resultado a redução dos sintomas de TDAH, tanto para os meninos que apresentam o quadro clínico de hiperatividade quanto para crianças com desenvolvimento típico.

Outro benefício associado ao ômega-3 e às habilidades cognitivas foi evidenciado em estudo feito com ressonância magnética funcional controlado por placebo em meninos: o aumento da ativação do córtex pré-frontal, área do cérebro relacionada aos mecanismos de atenção e memória.

Para ampliar seus conhecimentos sobre ômega-3 e DHA, assista ao vídeo do Dr. Marcelo de Carvalho, nutricionista e educador físico.

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