Vitaminas D e C na saúde das crianças
Saiba mais sobre a importância dos níveis adequados de vitamina D e C na infância, valores de referência, deficiência, toxicidade e opções para favorecer o aporte ideal.
Vitaminas na infância
Vitaminas são micronutrientes envolvidos em muitos mecanismos essenciais para o funcionamento do organismo. Na infância, o papel delas se torna ainda mais importante para garantir o crescimento e desenvolvimento físico, mental e fisiológico adequados.
Entretanto, garantir o aporte de vitaminas diariamente nem sempre é possível nessa faixa etária. As vitaminas D e C, por exemplo, que possuem funções diretamente ligadas à saúde infantil, possuem alta prevalência de inadequação. Continue a leitura para saber o papel dessas vitaminas, sua importância na saúde das crianças e opções de suplementação.
Vitamina D
A vitamina D está envolvida no metabolismo ósseo, tendo a capacidade de otimizar a absorção intestinal de cálcio e fósforo e auxiliar na formação adequada de matriz óssea. Além disso, também faz a modulação do sistema imunológico. O sistema nervoso central também é afetado por esse micronutriente, uma vez que ela atua na secreção de hormônios e neurotransmissores.
Células importantes, como as β pancreáticas, possuem receptores de vitamina D em sua superfície, indicando que o nutriente tem função regulatória na secreção e sensibilidade à insulina. Moléculas envolvidas na produção ou expressão da vitamina D também já foram encontradas em células do músculo esquelético, dos rins e dos vasos sanguíneos, demonstrando a complexidade e amplitude das funções dessa substância.
Valores de referência, deficiência e toxicidade
A ingestão diária recomendada (IDR) de vitamina D é de 5 µg/dia para crianças e adultos. Para isso, recomenda-se a exposição ao sol por 15 minutos diários, além de manter uma alimentação balanceada. Com relação aos níveis séricos, a recomendação varia entre os países e órgãos de saúde, mas parece haver um consenso de que um nível ótimo é de pelo menos 32 ng/mL. Valores entre 32 e 20 ng/mL são considerados insuficiência, enquanto abaixo de 20 ng/mL caracteriza-se a deficiência.
Em condições de insuficiência ou deficiência, sintomas já podem ser observados. A diminuição da absorção de cálcio acontece, e pode levar ao hiperparatireoidismo, condição caracterizada pelo aumento da secreção de paratormônio (PTH), da absorção de cálcio nos túbulos renais, fosfatúria e defeitos na formação de condroblastos, levando ao achatamento das extremidades ósseas, característico do raquitismo.
O raquitismo, doença causada pela deficiência de vitamina D, possui três estágios:
Caracterizada por osteopenia e hipocalcemia subclínica, é uma fase comumente assintomática que pode passar despercebida e evoluir para condições mais graves;
Sintomas como dor óssea e alterações riquétsias começam a aparecer e, se a deficiência não for revertida, pode progredir para o próximo estágio;
Condição mais grave, caracterizada pelos sinais clássicos do raquitismo, como genu varum (pernas arqueadas) ou genu valgum (joelhos tortos).
Outros mecanismos podem ser alterados em situações de baixa vitamina D. A nível de sistema imunológico, por exemplo, a atividade de magrófagos dependentes de anticorpos e a fagocitose podem ficar comprometidas, visto que sua atividade aumenta a expressão de receptores da vitamina. Isso leva ao aumento de risco de infecções, especialmente as respiratórias, como resfriados e pneumonia.
O desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) também pode ter relação com a vitamina D, visto que envolve alterações das células células-β pancreáticas e resistência à insulina. Pesquisas observaram que indivíduos com menor nível do micronutriente apresentam maior risco de desenvolver a doença.
A deficiência grave de vitamina D causa uma miopatia caracterizada por fraqueza muscular, atrofia e instabilidade na marcha. Suas principais causas são o hiperparatireoidismo, hipocalcemia e hipofosfatemia. Além disso, concentrações mais baixas estão associadas a um aumento no risco de síndrome metabólica e hipertensão. Restaurar os níveis de vitamina D pode reduzir a pressão arterial sistólica e, assim, diminuir o risco de doenças cardiovasculares. Em um estudo feito com pacientes hipertensos submetidos à radiação ultravioleta três vezes por semana, durante três meses, foi demonstrado aumento de 180% nos níveis séricos do micronutriente e redução de 6 mmHg na pressão arterial sistólica e diastólica.
A hipovitaminose D é muito prevalente em indivíduos com obesidade. Pesquisadores sugerem que isso acontece devido ao acúmulo dessa nos adipócitos, diminuindo sua biodisponibilidade e levando o hipotálamo a desenvolver uma cascata de reações que culminam com o aumento da fome e diminuição do gasto energético. Esse mecanismo também aumenta os níveis de PTH, diminui a sensibilidade à insulina e aumenta as concentrações intracelulares de cálcio.
A ingestão excessiva de vitamina D pode causar hipervitaminose, resultando em hipercalcemia e hipercalciúria. Porém, a intoxicação é rara e os níveis de ingestão máxima não devem exceder 1.000 UI para bebês de até 1 ano e 2.000 UI para crianças, salvo exceções de terapia em acompanhamento médico.
Crianças e a vitamina D
Na infância, a vitamina D é de extrema importância, visto que é uma fase de crescimento e desenvolvimento. Sua atuação na saúde óssea, por exemplo, se evidencia ainda mais, de modo que o raquitismo é uma doença relacionada ao crescimento ósseo, observada especialmente em crianças.
Dados da pesquisa National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) mostraram que 9% das crianças norte-americanas tinham deficiência de vitamina D e 61% tinham insuficiência. Outro estudo encontrou prevalência de 26,2% de deficiência, sendo maior em meninas, em população urbana, nas de menor idade e com sobrepeso.
Infecções do trato respiratório inferior (ITRI) e pneumonia também são elencadas em pesquisas sobre vitamina D na infância. Uma metanálise verificou que 29,7% das crianças acometidas por ITRI apresentavam deficiência de vitamina D e 21,1% apresentavam insuficiência. Além disso, as diagnosticadas com ITRI tinham uma razão de chance de 3,29 de deficiência em comparação às sadias.
Crianças com obesidade também tendem a apresentar menores níveis de vitamina D sérica. Algumas pesquisas encontraram prevalências significativamente maiores de deficiência de vitamina D nessas crianças em comparação às eutróficas. Uma possível explicação, além do que já foi mencionado acima, seria que aquelas com IMC de obesidade são menos propensas a se envolver em atividades ao ar livre, resultando em menor síntese do nutriente.
O número de cáries também se mostrou significativamente maior em crianças com insuficiência de vitamina D em comparação às com níveis adequados, segundo o mesmo estudo. Ainda, em crianças com doença inflamatória intestinal que receberam suplementação de vitamina D, foi observada diminuição significativa de marcadores inflamatórios (IL-12, IL-17, IL-23 e TNF-a) e na frequência de internações hospitalares.
Por fim, estudos têm proposto um efeito fisiopatológico do baixo nível de vitamina D no transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Além de terem níveis mais baixos do nutriente, a vitamina teria efeito neuroprotetor e dopaminérgico e sua suplementação foi benéfica na avaliação de sintomas da doença em crianças. Sua relação com o cálcio, efeitos antioxidantes e expressão gênica explicariam o fato, melhorando a ação da glutationa e estimulando a liberação de dopamina, agindo no foco, atenção e pensamento organizado.
Vitamina C
A vitamina C, ou ácido ascórbico (AA), é considerada um potente antioxidante natural. Suas funções mais conhecidas são otimizar a absorção de ferro não heme (ou ferro vegetal) no organismo e ser coenzima indispensável para a síntese de colágeno.
Ainda, possui papel importante na regulação hormonal e resposta ao estresse, além de atuar na função cognitiva e no bom funcionamento do sistema nervoso central. O AA também está envolvido no fortalecimento do sistema imunológico.
Valores de referência, deficiência e toxicidade
A ingestão diária recomendada (IDR) de vitamina C é de 15 a 45 mg/dia para crianças até 13 anos e de 65 a 75 mg/dia para aquelas entre 14 e 18 anos. Frutas cítricas são a principal fonte dietética, de modo que podem contribuir com até 90% do AA alimentar. É importante pontuar que alguns órgãos indicam que uma ingestão de vitamina C entre 100 e 200 mg/dia manterão as concentrações sanguíneas em estado adequado.
A literatura mostra altas taxas de deficiência global de AA. Concentrações no plasma <0,2 mg/dl indicam deficiência, enquanto concentrações de 0,2 a 0,5 mg/dl caracterizam um estado de deficiência marginal com reservas teciduais inadequadas. Os sintomas iniciais podem aparecer entre 30 e 40 dias de consumo inadequado e englobam fadiga, letargia e alterações de humor, como irritabilidade e depressão. Caso não haja tratamento, a condição pode evoluir para o escorbuto, doença grave caracterizada por inflamação e sangramento gengival, hemorragias perifoliculares e cicatrização comprometida. Além disso, há enfraquecimento de estruturas colágenas, causando dor nas articulações, distúrbios ósseos e do tecido conjuntivo.
A anemia também é uma condição comum na hipovitaminose C, devido ao seu papel na absorção e no estoque de ferro. Finalmente, a deficiência de AA pode prejudicar o bom funcionamento do sistema imunológico. Há evidências de que a vitamina C atua na prevenção e tratamento de resfriados. Uma metanálise observou que a combinação do micronutriente com terapia antiviral foi mais eficaz no tratamento de infecções virais do que o medicamento isolado. Além disso, o tempo médio de melhora dos sintomas foi menor em grupos suplementados em comparação aos controles. Nesse sentido, a deficiência de vitamina C também tem sido associada a infecções respiratórias como pneumonia.
A absorção de AA no intestino delgado é dose-dependente, e os rins também regulam seu conteúdo corporal. Dessa forma, a ingestão excessiva do nutriente é improvável de causar efeitos adversos. Casos de desconforto gastrointestinal e diarreia osmótica já foram relatados com doses altas, mas são raros de acontecer.
Crianças e a vitamina C
A vitamina C é especialmente importante na infância, onde o crescimento e o desenvolvimento adequados são primordiais. Seu papel na síntese de colágeno e, consequentemente, no desenvolvimento ósseo e dos tecidos moles, além da influência na absorção de ferro, tornam clara a relevância desse nutriente para as crianças.
Uma pesquisa verificou 38% de hipovitaminose C e 23% de deficiência em crianças em idade escolar, com ingestão média de apenas 44 mg/dia. Na infância, o escorbuto é resultado de alimentação complementar atrasada e hábitos alimentares inadequados com baixo consumo de frutas e vegetais, levando a fraqueza, incapacidade de andar, dor óssea e queixas musculoesqueléticas. Sangramento e anemia também são características comuns.
Vitaminas em goma: opção divertida e saborosa
Por mais que a alimentação seja equilibrada e saudável, rica em frutas e vegetais, nem sempre é possível atingir os níveis de recomendação necessários para garantir o crescimento e desenvolvimento adequados. Além disso, a exposição à luz solar está cada vez menor em todas as faixas etárias, de modo que a produção de vitamina D também pode ficar comprometida.
As gominhas vitaminas são um formato interessante para os pequenos. São opções que ajudam a suprir possíveis carências e a manter os níveis ideais das vitaminas, além de serem divertidas e saborosas.
Diferenciais das gomas vitamínicas Essential Nutrition
150mg de vitamina C
por goma
400UI de vitamina D
por goma
Mesma biodisponibilidade
das cápsulas
Sabores naturais de morango,
maçã verde e manga
Adoçantes naturais,
como o maltitol
Sem corantes
nem aromatizantes artificiais
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