Diferentes formas de magnésio: atualização científica
Autores: Rogério R. Rita: Médico Ortomolecular – CRM 4538.
Raquel Rita: Pesquisadora Científica do Departamento de P&D do Essentia Group.
Publicado primeiramente na Revista AMBO – Ano: 2025.
Resumo: Mais de 600 reações químicas no organismo humano envolvem o magnésio elemental. Devido à importância e evidência de níveis inadequados do mineral entre grande parte da população além da segurança de uso, a suplementação de magnésio tem sido usada como meio preventivo e no tratamento de muitas doenças e condições. No entanto, o suplemento de magnésio é comercializado em várias formas, originadas de fontes inorgânicas e orgânicas. Como estão as pesquisas científicas sobre essas diferenças de formas de magnésio? Atendendo a esse questionamento clínico e popular, esta atualização científica investigou as evidências dessa área da pesquisa para compreender se existe evidência de formas de magnésio superiores ou mais biodisponíveis que outras formas, e consequentes benefícios teciduais para a excelência da prática clínica.
Objetivo: magnésio; biodisponibilidade; inorgânico; orgânico; óxido; sulfato; cloreto; carbonato; gluconato; aspartato; citrato; glicinato; taurato; malato; treonato; neuroproteção.
Abstract: More than 600 chemical reactions in the human body involve elemental magnesium. Due to the importance and evidence of inadequate levels of the mineral among a large part of the population, in addition to its safety, magnesium supplementation has been used as a preventive measure and in the treatment of many diseases and conditions. However, magnesium supplements are marketed in various forms, originating from inorganic and organic sources. What is the status of scientific research on these differences in magnesium forms? In response to this clinical and popular question, this scientific update investigated the evidence in this area of research to understand whether there is evidence of superior or more bioavailable forms of magnesium than other forms, and consequent tissue benefits for excellence in clinical practice.
Keywords: magnesium; bioavailability; inorganic; organic; oxide; sulfate; chloride; carbonate; gluconate; aspartate; citrate; glycinate; taurate; malate; threonate; neuroprotection.
Introdução
Escrever um artigo de revisão sobre a biodisponibilidade do magnésio (Mg2+ ou Mg) pode ser um grande desafio, porque, embora se saiba muito sobre a importância desse mineral, muitas perguntas permanecem em aberto e, entre elas, pergunta-se: quais as melhores formas de Mg para a suplementação? Independentemente das alegações comerciais das novas formas farmacêuticas de magnésio, existe evidência científica de uma forma de Mg ser superior a outras? Existem formas de Mg específicas para certos tecidos ou patologias?
Um pouco da história
As propriedades medicinais do magnésio (Mg) começaram a ser descobertas por volta de 1697, quando o Dr. Nehemiah Grew publicou em inglês o seu trabalho que descrevia o sulfato de magnésio (MgSO4) como o principal ingrediente do sal Epsom, extraído de um poço em Epsom, Inglaterra. Na época, o sal Epsom era usado para tratar dores abdominais, constipação, entorses, distensões musculares, doença da membrana hialina e edema cerebral. Posteriormente, o Mg foi reconhecido como um elemento por Joseph Black em 1755 e isolado pela primeira vez por Sir Humphrey Davy da magnésia [Mg3SO4O10(OH)2] e do mercúrio em 1808.1,2
Já o papel do Mg no corpo humano foi reconhecido quando o elemento foi descrito no plasma sanguíneo por Willey Glover Denis, em 1920, e seis anos mais tarde, Jehan Leroy demonstrou a sua essencialidade para a vida em ratos.3,4
Em livros médicos e na literatura científica, o Mg é frequentemente descrito como um cofator para cerca de 300 enzimas. No entanto, esse número expressado por Theodor Günther, em 1980, era uma estimativa. Nas décadas posteriores, muitas novas enzimas dependentes do Mg foram descritas, e, atualmente, os bancos de dados enzimáticos listam mais de 600 enzimas para as quais o Mg serve como cofator, e mais 200 nas quais o Mg pode atuar como ativador.4
Desse resumo histórico sobre a introdução do Mg na medicina, incluindo a sua abrangente ação no organismo, surge um aspecto curioso: a real percepção sobre a sua importância para a saúde geral parece ter se tornado mais clara, de fato, somente após o lançamento do livro da Dra. Carolyn Dean, “The Magnesium Miracle”, em 2003. Embora se observe que a ingestão de Mg na dieta pode diferir muito entre diferentes países e faixas populacionais (jovens vs. idosos, sedentários vs. atletas), no livro, a autora ajudou a trazer à consciência dos profissionais de saúde a prevalência de níveis subótimos do mineral bem como os muitos fatores de estilo de vida moderno influenciadores e causativos dessa prevalência.5
Entende-se que o corpo humano contém aproximadamente 24g de Mg, dos quais 99% são armazenados nos ossos, músculos e outros tecidos moles, estando presente no líquido extracelular somente até 1%. O seu transporte através das membranas celulares mostra variabilidade tecidual e, entre os tecidos do corpo, se mostra maior no coração, no fígado, nos rins, no músculo esquelético, nas hemácias e no cérebro. Assim, o transporte de Mg, a fisiologia da homeostase do Mg e a atividade metabólica da célula estão estritamente correlacionados, e as necessidades fisiológicas de Mg estão entre 3 e 5mg/kg de peso corporal.
Uma dificuldade, entretanto, é que, até o presente momento, não existem métodos fáceis e prontamente disponíveis para avaliar o nível do mineral, estando a análise do Mg sérico o método mais amplamente disponível e prático. Como os valores séricos refletem apenas ~1% do conteúdo corporal do mineral, a limitação é que esse biomarcador geralmente não reflete o conteúdo de Mg nas diferentes regiões do corpo.
Por isso muitos médicos ortomoleculares entendem que um nível alto de magnésio sérico pode ser um marcador indireto dos níveis de Mg tecidual. O Mg sérico geralmente está em níveis considerados normais, pois o corpo pode mobilizar dos tecidos quando está carente para manter os níveis plasmáticos. O que se almeja é estar no quartil superior do padrão considerado normal, deduzindo-se que irá sobrar Mg no plasma quando outros compartimentos estiverem repletos.
Atualmente, vemos crescer a disponibilidade de novas metodologias de exame do Mg eritrocitário (intracelular), ou seja, no compartimento celular, representando um possível avanço para a sua avaliação. No entanto, faltam estudos padronizados dos diferentes métodos. Dependendo da condição, do paciente ou da metodologia do teste usado, o exame sérico, que representa o valor circulante (do momento presente do paciente), e o exame eritrocitário, que representa o valor tecidual (médio/longo prazos, como 90-120 dias), ora parecem se comunicar ora não. Com mais pesquisas, espera-se que essas discrepâncias sejam compreendidas. 6,9
Avançar na compreensão da quantificação dos níveis ideais de Mg é essencial. Nas últimas décadas, um grande número de artigos de pesquisa epidemiológica, clínica e experimental mostraram que anormalidades nos níveis de Mg, como hipomagnesemia e/ou deficiência crônica, podem resultar em distúrbios em quase todos os órgãos, contribuindo ou agravando consequências patológicas e causando complicações potencialmente fatais. Além disso, tem-se aqueles pacientes que podem estar com uma deficiência de Mg subclínica, aquela logo acima dos níveis estipulados como hipomagnesemia. 10-14
Com uma boa segurança de uso evidenciada, a suplementação de Mg vem se mostrando cada vez mais um meio preventivo e adicional a diferentes protocolos de saúde. Sob esse racional, é necessário considerar que os suplementos de Mg estão disponíveis sob diversas formas no mercado, derivadas de fontes inorgânicas (solúvel e insolúvel) e orgânica (solúvel). Dessa forma, o objetivo deste artigo é compilar os achados clínicos com o uso do Mg, observando as formas testadas de maneira comparativa. Existe superioridade de uma forma de Mg sobre a outra conforme os tecidos mais almejados?
Diferentes fontes e formas de magnésio
Existem vários sais de magnésio no mercado provindos das fontes inorgânica e orgânica. As formas inorgânicas de Mg são ligadas a sais minerais insolúveis (óxido, carbonato, hidróxido) e sais solúveis (cloreto, sulfato). As formas orgânicas são ligadas a moléculas associadas a organismos vivos, como aminoácidos (glicinato, taurato, treonato) e ácidos orgânicos (citrato, malato, lactato, aspartato, gluconato).
Quase até a década de 90 do século passado, as condições associadas à deficiência de magnésio eram prevenidas e tratadas com compostos inorgânicos. Nas últimas décadas, os cientistas sintetizaram compostos metálicos quelatos utilizando transportadores orgânicos, solúveis, determinando uma melhor biodisponibilidade e eficiência que vem mostrando exceder a das formas inorgânicas. Atualmente, os suplementos de Mg estão disponíveis sob muitas formas diferentes que confundem os médicos na hora da prescrição.
Todas as formas de Mg, seja de fonte inorgânica ou orgânica, não são “puras”. O átomo de Mg 2+ por si só é um metal altamente reativo. Portanto, ele está sempre ligado a outros átomos para formar um dos muitos tipos diferentes de suplementos de Mg. Essas ligações favorecem mais ou menos a sua biodisponibilidade local ou preferência em tecidos e, consequentemente, possíveis efeitos diferenciados.
Os sais inorgânicos fornecem uma elevada carga de Mg, mas exibem uma biodisponibilidade limitada como resultado da sua fraca solubilidade. As fontes orgânicas de sais de Mg, por outro lado, oferecem altos níveis de solubilidade, ótima biodisponibilidade, mas níveis mais limitados de Mg. Com isso em mente, cada forma carrega uma quantidade diferente de Mg elementar, e a sua dose pode ser descrita em quantidade ou em porcentagem. O óxido de Mg (fonte inorgânica), p.ex., carrega uma maior quantidade, mais especificamente, 1g equivalente a 60.3% ou 603mg de Mg elementar. Já o bisglicinato de Mg (fonte orgânica) está numa ponta contrária, carregando 14,1% (ou 141mg) de Mg elementar em 1g. Por isso, na prescrição para farmácias de manipulação ou na compra de produtos comerciais, deve-se sempre observar a quantidade de magnésio total e não a quantidade de magnésio na forma orgânica ou inorgânica.
Devido a um efeito osmótico, os sais de magnésio que não são bem absorvidos ou o seu excesso geralmente causam diarreia. Por isso pode-se usar como laxativo osmótico o cloreto ou sulfato de magnésio. Um terço a 50% do Mg ingerido é absorvido no intestino delgado proximal lentamente. Além disso, a excreção renal de magnésio pode ser reduzida ou aumentada pela reabsorção desse cátion conforme a disponibilidade. Sua eliminação pelas fezes é também importante já que atua não só eliminando mas reduzindo sua absorção. Por isso, observa-se que no início da suplementação o paciente absorve maior quantidade e quando saturado de magnésio, reduz sua absorção aumentando o efeito osmótico intestinal. Redução da consistência das fezes pode ser um sinal indireto do excesso de magnésio, indicando a redução da dose ingerida. 15,16
Estudos comparativos de formas de Mg
Ao revisarmos os estudos comparativos de formas de Mg, separamos os estudos realizados em animais dos estudos realizados em humanos, pois a fisiologia do magnésio em animais é diferente da dos humanos. Fisiologicamente, o transporte paracelular passivo de Mg nos ratos, p.ex., é o componente predominante da absorção intestinal, aparentemente mais no jejuno e no ceco. O pH ao longo do trato gastrointestinal varia, aumentando à medida que avança do estômago para o reto. Isso faz com que a solubilidade dos sais também varie, diminuindo gradualmente. A solubilidade mostra ser de 85% no intestino proximal, 50% no distal e 40% no ceco de ratos. Dessa forma, alimentos capazes de modificar o pH intestinal podem alterar a absorção de minerais, como a fibra fermentável, que favorece a absorção de Mg ao reduzir o pH no ceco e aumentar sua solubilidade. Por outro lado, não há evidências de qualquer aumento adaptativo compensatório na fração de Mg absorvida à medida que a ingestão de Mg é reduzida. 17-20
Em humanos, o mecanismo de absorção de Mg pode ocorrer ao longo de todo o comprimento do trato gastrointestinal através de um processo cinético duplo que envolve dois mecanismos: uma via ativa saturável (transcelular) e uma via passiva não saturável (paracelular). No entanto, devido à natureza complexa da absorção do mineral, segmentos do trato GI podem variar em sua contribuição para a absorção. Sob condições fisiológicas normais, estima-se que o duodeno absorve 11%, o jejuno 22%, o íleo 56% e o cólon 11%. No caso do jejuno e do íleo, p.ex., a absorção ocorre via paracelular, que é regulada pelas junções estreitas (tight junctions) do epitélio intestinal, auxiliado por proteínas claudina associadas ao magnésio. No ceco e no cólon, ocorre um ajuste fino da captação de Mg através da via transcelular mediada por proteínas do canal TRPM6/7 da membrana e da via paracelular. Já sob concentrações intestinais mais baixas de Mg, o transporte transcelular pode predominar. 21-23
Lembrando também que a absorção do mineral apresenta muitas variáveis como a microbiota intestinal, interações ou não com níveis de outros nutrientes (dietas), concentrações intestinais de Mg, pH intestinal, condições hormonais e outros mecanismos regulatórios que necessitam de mais pesquisas.
Os estudos comparativos entre várias formas de Mg foram realizados em roedores. Quando realizados em humanos, geralmente comparam no máximo duas ou três formas. Uma outra limitação é o marcador da biodisponibilidade utilizado nos estudos humanos, que usam predominantemente a excreção urinária e o nível plasmático.
Em animais
Em animais, Coudray et al. (2005) realizaram um experimento comparativo de 10 formas de Mg em 80 ratos Wistar (machos; 6 semanas de idade) com ambas abordagens clássica e isotópica. Após uma dieta para induzir a deficiência de Mg, os ratos foram randomizados em 10 grupos (8 ratos/grupo) e, durante duas semanas, cada grupo recebeu a mesma dieta semipurificada e uma forma diferente de sal: óxido; cloreto; sulfato; carbonato; acetato; pidolato; citrato; gluconato; lactato; ou aspartato de Mg.
A absorção intestinal de Mg dos diferentes sais testados pareceu adequada e excedeu 35% do Mg ingerido. Os resultados mostraram que a absorção de Mg ocorreu melhor com os sais orgânicos (+ 13%) do que com os sais inorgânicos de Mg, especialmente o gluconato de Mg, que exibiu uma maior absorção intestinal de Mg de 56% acompanhada de alta excreção urinária de Mg. O status de Mg foi monitorado no final do estudo através da medição dos seus níveis no plasma, hemácias e osso (fêmur) e não foi encontrada diferença significativa nesses três parâmetros de status de Mg. 20
Na discussão do estudo, Coudray et al. mencionam o estudo comparativo de Cook (1973), que testou somente formas inorgânicas (carbonato, cloreto, óxido, fosfato, sulfato e silicato) de Mg em ratos. No experimento, não foi encontrada diferença estatisticamente significativa. O carbonato de Mg resultou na forma mais biodisponível com base nas porcentagens de absorção, de retenção e concentração de Mg no fêmur, e o cloreto de Mg atingiu resultado quase equivalente, e todos os diferentes sais inorgânicos foram quase equivalentes em sua capacidade de sustentar o crescimento, os níveis de Mg no plasma bem como sua concentração nos rins. 20
Por sua vez, Uysal et al. (2018) dividiram ratos em 6 grupos (n=7 por grupo) para receberem: sulfato; óxido; citrato; taurato; malato de Mg; ou controle.14 Esse estudo mostra fragilidades ou erros de interpretação gráfica, e é nítida a necessidade de uma revisão, mas, no geral, na 8ª hora após a administração:
No cérebro:
• os níveis de Mg cerebral se mostraram significantemente maiores no grupo taurato, em comparação com o grupo controle, sulfato, óxido e malato (p<0,05), e o grupo citrato seguiu de perto o grupo taurato;
• os grupos taurato e sulfato de Mg demonstraram gastar mais tempo nas áreas abertas do labirinto, em comparação com o controle, o que indica redução de ansiedade; adicionalmente, o grupo taurato também passou mais tempo na área aberta central, em comparação com o controle.
No músculo:
• o menor nível de Mg muscular foi encontrado no grupo taurato, em comparação com todos os grupos, no entanto, nenhuma diferença significativa de força e atividade motora (teste de rotarod) foi encontrada entre os grupos.
No sangue:
• entre todos os grupos, o grupo malato apresentou maior aumento de Mg sanguíneo, e o grupo taurato o menor. No entanto, nenhuma diferença foi observada nos níveis de Mg eritrocitário entre os grupos experimentais e controle.
Mais atualmente, Ates et al. (2019) realizaram um estudo comparativo de biodisponibilidade entre alguns Mg orgânicos (citrato, malato, acetil taurato e glicinato) com 91 camundongos, especialmente importante pelos resultados com foco no tecido cerebral. Todos os compostos de Mg foram testados sob diferentes doses, 45 (baixa dose), 135 (média) e 405 (alta) mg/70kg de magnésio elementar por via oral. As doses mais altas de Mg foram as mais efetivas, com alguns diferenciais.25
No cérebro:
• os níveis de Mg atingiram as maiores elevações com todas as doses do acetil taurato de Mg, quando comparado com o controle (p < 0,0001).
• ocorreu uma diferença significativa nos níveis de Mg entre os grupos acetil taurato e citrato de Mg em altas doses (p < 0,001), enquanto nenhuma diferença foi observada entre os grupos de acetil taurato de Mg e glicinato de Mg em altas doses.
• tanto o glicinato quanto o citrato de Mg em altas doses aumentaram os níveis de Mg no cérebro quando comparados ao controle (p < 0,0001 e p < 0,05, respectivamente).
• nenhuma diferença foi observada nos níveis de Mg cerebral após a administração das diferentes doses de malato de Mg (p > 0,05).
No músculo:
• os níveis de Mg aumentaram apenas no grupo de citrato de Mg em alta dose, quando comparado ao controle (p < 0,0001).
• os grupos suplementados com baixas doses de malato e taurato de Mg tiveram seus níveis reduzidos, em comparação com o controle (ambos de p < 0,05).
No sangue:
• todas as doses de malato, acetil taurato e glicinato de Mg, e a dose mais alta de citrato de Mg obtiveram aumento nos níveis de Mg sanguíneo.
Se fosse para tirarmos algum aprendizado desses estudos animais, poderia se dizer que a forma acetil taurato apresenta mais habilidade para atravessar a BBB, seguida pelo citrato, glicinato e sulfato de Mg. Uma recomendação seria a não suplementação de Mg acetil taurato por si só para uma disponibilização de Mg mais abrangente pelo corpo. Quando em altas doses, o citrato mostrou elevar o Mg muscular. Já o malato de Mg poderia ser a escolha para elevar os níveis sanguíneos. Cabe lembrar que esses estudos são de curto prazo, sendo que no longo prazo, provavelmente, o corpo equilibrará os níveis teciduais de Mg, conforme a necessidade.
Com exceções pontuais, as formas inorgânicas se mostraram inferiores quando comparadas com as orgânicas. Entre as formas orgânicas (aminoácidos e ácidos), Ates et al. discorrem sobre a potencial superioridade do Mg quando ligado a aminoácidos: “Os compostos de aminoácidos de magnésio se comportam de forma diferente quando comparados a outros compostos orgânicos de magnésio. As ligações entre magnésio e aminoácidos são mais fortes, mais estáveis e sobrevivem mais tempo na corrente sanguínea. Os compostos de magnésio-aminoácido são transportados para dentro da célula por meio de canais dipeptídicos. Existem muito mais canais dipeptídicos no intestino do que canais iônicos. As ligações estáveis dos compostos de magnésio-aminoácidos protegem o magnésio de reações químicas que podem levar a precipitados não absorvidos”. 25
Estudos humanos
Em humanos, os estudos comparativos, mesmo que limitados, confirmam os achados animais da superioridade de absorção das formas orgânicas sobre as inorgânicas. No entanto, é importante ter em mente que, com metodologias díspares, o design de cada estudo se torna único e os resultados entre si podem não ser comparáveis para a formação da evidência científica. Segue um apanhado dos resultados dos estudos clínicos que compararam diferentes formas de Mg nas últimas décadas:

Em meio a vários fatores confundidores, observam-se aqui: vários estudos que incluíram o citrato e o óxido de Mg, resultando no citrato com superior biodisponibilidade; doses altas de Mg bem como formulações slow release podem reduzir a sua absorção. Não foram encontrados estudos comparativos humanos com a inclusão de novas formas de Mg, como a taurato, malato e treonato de Mg.
Análise da alegação comercial do treonato de Mg para o cérebro
Durante a busca por estudos clínicos comparativos de formas de Mg, observou-se a ausência de designs de estudos que fundamentassem as afirmações comerciais de que o treonato de Mg atravesse a barreira hematoencefálica de maneira mais efetiva do que outras formas que já mostraram seu potencial, como o taurato, o bisglicinato e o citrato de Mg (estudo animal de Ates et al. 2019).
Um dos estudos clínicos mais atuais (Hausenblas et al. 2024), que teve a participação de 80 pessoas (35 a 55 anos), comparou o treonato de Mg (Magtein®) com a proteína de arroz em pó. A fórmula Magtein contém cerca de 75mg/g de magnésio elementar. Os participantes foram orientados a consumir 1g/d (2 cápsulas, cada uma contendo 500mg de MgT) ou controle, 2h antes de dormir, durante 21 dias. O treonato de Mg melhorou significativamente (p < 0,05) várias pontuações do sono e consequências diurnas como a energia e produtividade diurnas (p < 0,05), em comparação com a proteína de arroz (e não uma outra forma de Mg).35
Hausenblas et al. (2024) afirmam no estudo que a forma treonato de Mg “é a mais biodisponível para o cérebro”, oferecendo como referência científica um único estudo animal (Slutsky et al. 2010), custeado em parte pela Magceutics (empresa produtora do Magtein®), que comparou o L-treonato de sódio versus o L-treonato de sódio + cloreto de Mg, versus o gluconato de Mg no leite versus o Magtein®. Por sua vez, Slutsky et al. (2010) explicaram em seu estudo animal que a escolha das formas testadas tem por base os dados de um estudo anterior, realizado pelo mesmo time de pesquisa, mas não publicado.35,36
Anteriormente, outros estudos clínicos já haviam encontrado efeitos positivos da suplementação de treonato de Mg, entretanto, sem comparar com outras formas de Mg, e sim comparando com controles. Por exemplo, Zhang et al. (2022) realizaram um estudo clínico duplo-cego, onde encontraram que a formulação à base de treonato de Mg, fosfatidilserina e vitaminas C e D melhorou as funções cognitivas cerebrais em adultos chineses saudáveis, em comparação com o amido.37,38
Desses estudos clínicos não comparativos bem como os realizados em animais (também não comparativos, como o de Zhang et al. 2021; Li et al. 2024; Fu et al. 2025) saem as alegações ou afirmações que a forma treonato de Mg é a superior para o cérebro. Por exemplo, o ClariMem® (treonato de Mg + vitaminas C, B6 e D), lê-se “Suplemento Cerebral Nootrópico – para Memória Geral, Foco, Clareza e Suporte Cognitivo” e que foi testado em estudo clínico. No entanto, ao ler o referido estudo (Liu et al. 2016), o produto foi testado contra um placebo (não especificado).38,42
Não está-se negando os benefícios neuroprotetores do treonato de Mg, junto ao seu alto valor comercial, questiona-se aqui, como uma forma de Mg pode se sobressair como “a melhor para o cérebro” e adentrar os consultórios clínicos sem passar por estudos comparativos com outras formas de Mg.
Magnésio na neuroproteção
Se faltam estudos comparativos de formas de magnésio para tecidos específicos, esses tipos de estudos para o tecido cerebral são atualmente raros, mas de grande importância pelo grande potencial de ajuda para a longevidade independente. Citando um dos raros estudos comparativos, temos um pré-clínico de Cazzaniga et al. (2022) que comparou o sulfato de Mg (inorgânico) e o pidolato de Mg (orgânico) em organoides cerebrais gerados a partir de células-tronco pluripotentes induzidas humanas (iPSCs). Esses dois sais foram testados anteriormente em um modelo in vitro da barreira hematoencefálica murina (BHE), e o pidolato de Mg demonstrou atravessar a BHE de forma mais eficiente do que a forma sulfato, aumentando os níveis de receptores GABA e BDNF, e diminuindo aqueles do receptor N-metil-D-aspartato (NMDA-R).43
Acima de tudo, por natureza, o Mg em si atua como um neuroprotetor. Além do seu papel crítico no metabolismo, o Mg é crucial no sistema nervoso através da sua ação neuroprotetora contra a excitotoxicidade, agindo como um antagonista do NMDA-R. O Mg também potencializa a sinalização do GABA, controla a condução nervosa e a transmissão neuromuscular, previne o estresse oxidativo e regula negativamente os mediadores inflamatórios.44 Pode surpreender muitos, mas os estudos clínicos sobre essa área da pesquisa são iniciais e relativamente recentes:
• 500mg/dia de óxido de Mg por pelo menos 8 semanas melhorou a pontuação do teste de Beck e o Mg sérico em pacientes com depressão. (Afsharfar et al. 2021)45
• 250mg/dia de Mg e 50.000 Ui de vitamina D aumentaram os níveis circulantes de BDNF e reduziram a TNFα e IL-6 séricos em mulheres com obesidade e depressão moderada. [A forma de Mg não foi especificada no estudo randomizado (n=108) de Abiri et al. (2021), mas pesquisando o fornecedor, provavelmente, foi o óxido de Mg.]46
• Uma meta-análise de 21 estudos publicados nos últimos 20 anos relatou que os níveis circulantes de Mg em pacientes com Alzheimer eram significativamente menores do que em pessoas saudáveis. (Du et al. 2021)47
• A alta ingestão de Mg na dieta está inversamente correlacionada com o risco de desenvolver comprometimento cognitivo. (Ozawa et al. 2012)48
• Um estudo multicêntrico de caso-controle no Japão relatou que uma maior ingestão de Mg foi associada a um risco reduzido da doença de Parkinson. (Miyake et al. 2011). Outro estudo observou que os níveis de Mg no líquido cefalorraquidiano diminuíram com a duração e a gravidade da doença em pacientes com Parkinson (Bocca et al. 2006).49,50
• Níveis reduzidos de Mg citosólico foram encontrados nos lobos occipitais de pacientes com diferentes tipos de enxaqueca e cefaleia em salvas (Lotti; Malucelli. 2018).51
• O glicerofosfato de Mg (100mg de Mg elemental) oral melhorou significativamente a espasticidade em uma jovem com paraplegia espástica grave devido à esclerose múltipla avançada quando outros agentes antiespásticos orais falharam. (Rossier et al. 2002)52
• Pacientes que tomavam óxido de Mg tiveram menor probabilidade de desenvolver demência, em comparação com os que não tomavam. (Tzen et al. 2017)53
• Tanto a hipermagnesemia quanto a hipomagnesemia estão associadas a um maior risco de coagulopatia em pacientes com TCE. (Wang et al. 2024)54
• Sulfato de Mg pré-natal reduz paralisia cerebral após parto prematuro. (Luyt K. 2024)55
• Em 60 mulheres com fibromialgia, os níveis de Mg eritrocitário e sérico eram significativamente menores, em comparação com 20 controles. Foram administradas 300mg de citrato de Mg e 10mg de amitriptilina, isoladamente e em combinação, durante 8 semanas. O grupo que recebeu Mg + amitriptilina relatou uma redução significativa da dor em várias pontuações do índice de dor e sensibilidade, enquanto o citrato de Mg isoladamente resultou em uma melhora no número de pontos sensíveis e na intensidade da dor da fibromialgia. (Bagis et al. 2012)56
• Meta-análises sugerem que o aumento da ingestão de Mg, bem como níveis mais elevados de Mg sérico, parecem ser benéficos na redução do risco total de AVC. O sulfato de Mg atua na neuroproteção, como uma parte importante do tratamento de pacientes em UTI para corrigir a hipomagnesemia, diminuir a taxa de mortalidade, diminuir o tempo de internação na UTI e reduzir os resultados negativos, incluindo resultados pós-AVC. (Panahi et al. 2017; Kirkland et al. 2018)57,58
Diante do crescimento das evidências do efeito neuroprotetor do Mg, uma das questões importantes nessa área da pesquisa, portanto, é o aprimoramento do conhecimento clínico sobre a entrega desse mineral no cérebro. Essa entrega ou transporte pode depender de cada paciente, incluindo a condição de sua BHE. O estudo de Guosong et al. (2015), que testou uma formulação de treonato de Mg, encontrou efeitos positivos para a cognição, em comparação ao controle, e mesmo assim, 31.8% dos indivíduos não responderam ao tratamento, ou seja, um percentual significativo. Achados como esse nos trazem uma questão importante: o que diferencia os respondedores dos não respondedores, e como pode-se melhorar ou facilitar a biodisponibilidade do Mg aos não respondedores.38
Discussão
Os estudos de biodisponibilidade de formas de Mg presentes na literatura abrangem uma ampla gama de administração de carga de diferentes formas de Mg (ou seja, de <100 a >1000mg/dia) em diferentes períodos de tempo. Além das diferentes formas de Mg incluídas nos estudos, outras variáveis, como a idade dos indivíduos, sua condição física, níveis basais de Mg, se a dose diária é fracionada ou não, a proximidade da administração de Mg às refeições e diferentes matrizes de refeições, não permitem uma comparação de resultados, levando a resultados confusos e aparentemente conflitantes. Além disso, alguns estudos realizam abordagens simples para responder à questão da biodisponibilidade dos suplementos, usando um único parâmetro de monitoramento, e muitas vezes exigem a aceitação da premissa de que a captação de Mg e sua liberação pelos tecidos estão em equilíbrio, tornando a excreção urinária útil para estimar a biodisponibilidade. Entretanto, em experimentos agudos, p.ex., a análise das frações de urina isoladamente fornece informações sobre o comportamento farmacocinético da eliminação, mas possivelmente não a absorção.
Abordando uma dessas variáveis confundidoras, ou seja, o fracionamento ou não da dose, em 1961, Graham et al. observaram pouca absorção do Mg após 12h da ingestão em seu estudo humano.59
Em um estudo com três bebês, Schuette et al. (1990) encontraram que a absorção e a retenção fracionada de Mg (20mg) foi aumentada após o fracionamento da administração versus bolus.60 Além de Lönnerdal (1995) observar o mesmo achado em bebês,61 Sabatier et al. (2011) também encontraram o benefício do fracionamento da dose em homens (média, 24,5 anos), que ingeriram 126mg de Mg através de 1L de água mineral, diariamente, durante 4 semanas antes da avaliação. A absorção do Mg da água mineral ingerida 2 vezes por dia foi de ~32,4%. Quando consumida em sete porções, a absorção média de Mg aumentou para ~50,7%. O aumento absoluto na retenção de Mg foi de 18,5% (P = 0,0008).62 Possivelmente, além do fracionamento da dose, a ionização completa do Mg na água mineral e a sua ingestão na forma diluída podem ser responsáveis pela boa absorção do Mg das águas minerais. Também pode ser explicado pela absorção de baixas quantidades de Mg através do canal iônico TRPM6, um membro da subfamília relacionada à melastatina de canais iônicos de receptor de potencial transitório (TRP). O canal iônico TRPM6 é de particular importância para a absorção no intestino e a reabsorção de Mg excretado na urina primária. Em caso de deficiência de Mg, esse canal é superexpresso para aumentar a absorção no intestino e diminuir a excreção pela urina, sinalizando assim mais um processo para a homeostase do Mg.63
Já o racional de uma formulação de Mg “slow release” precisaria ser melhor investigado. Fine et al. (1991) demonstraram que a absorção de Mg de comprimidos revestidos entéricos (ftalato de acetato de celulose) de cloreto de Mg foi 67% menor do que a de acetato de Mg em cápsulas de gelatina, sugerindo que um revestimento entérico pode prejudicar a biodisponibilidade de Mg. O ftalato de acetato de celulose requer 3-5h antes de ser completamente dissolvido e o cloreto de Mg ser expelido. Não é sabido, mas esse atraso pode estar reduzindo a área de absorção no intestino delgado, onde o Mg é predominantemente absorvido. Já em seu estudo humano, White et al. (1992) não encontraram vantagem da tecnologia slow release para o Mg.28,64
Pode existir uma diferença na biodisponibilidade entre as diferentes formas de Mg também segundo a apresentação, se formulações efervescentes, em grânulos, IV, comprimidos ou cápsulas devido à sua solubilidade. Adicionalmente, estudos em humanos são realizados a partir dos níveis plasmáticos basais de Mg, em vez da indução do déficit para observar a resposta na biodisponibilidade de diferentes formas de Mg. Eles também não esclarecem a absorção de Mg em adultos mais velhos, nos quais o déficit pode ser causado por alterações fisiológicas na absorção de nutrientes e/ou devido aos efeitos de qualquer tratamento farmacológico.
Dito isso, no geral, observa-se que a porcentagem de absorção de Mg diminui com o aumento da dose e o óxido de Mg é menos absorvível que as formas orgânicas de Mg bem como a sua porcentagem de absorção depende da dose ou, possivelmente, da formulação com outras formas de Mg. Aparentemente, os ácidos orgânicos de baixo peso molecular, como o ácido cítrico e os aminoácidos, promovem a absorção de minerais aumentando sua solubilidade. Mesmo com o uso de óxido de Mg, observa-se melhora nos níveis de Mg e nas condições estudadas, mas o aprofundamento da pesquisa nessa área pode fazer uma grande diferença para diversos pacientes em risco ou pós-AVC, com nefrolitíase cálcica ou doenças neurodegenerativas, entre outras.
Conclusão
É indiscutível a importância do magnésio e da sua suplementação trazendo benefícios em inúmeras patologias. A pergunta inicial que tentamos responder através desta revisão é se existem formas de Mg superiores a outras para atuar em diferentes tecidos. Sem estudos clínicos comparativos entre as formas de Mg nem protocolos padronizados, cada estudo se torna único, e os resultados não são comparáveis. A suplementação com qualquer forma de Mg parece ser útil para manter níveis ótimos de Mg, mas não há evidências da sua utilidade em uma situação de déficit. Entretanto, os estudos comparativos iniciais indicam uma superioridade das fontes orgânicas de magnésio sobre as inorgânicas, e um blend de diferentes formas orgânicas de magnésio parece poder atingir tecidos de maneira mais abrangente ou segundo as necessidades teciduais.

Fiorentini D, et al.(2021)
Fatores que ajudam a explicar níveis reduzidos de magnésio5,14,21,65-91
Os distúrbios na homeostase do Mg ocorrem predominantemente na forma de sua deficiência. A hipermagnesemia é um fenômeno raro e geralmente reflete uma redução na taxa de filtração glomerular. Já a hipomagnesemia em diferentes graus pode ser cronicamente comum. Além dos distúrbios adquiridos, os distúrbios hereditários associados à perda renal de Mg afetam um subconjunto significativo de pacientes, especialmente na primeira infância. Percebe-se o pêndulo mais acentuado em direção à hipomagnesia através de estudos epidemiológicos de diversos países, que indicam que a ingestão diária não atinge os atuais valores de doses diárias recomendadas (RDA), de 320 a 420mg/dia segundo a faixa etária e sexo biológico, e as causas podem ser variadas:
1. Esportistas e trabalhadores braçais podem perder, no mínimo, aproximadamente 15mg de Mg através do suor por dia, mas as perdas são provavelmente maiores, especialmente em condições de aumento da transpiração (exercício, calor e umidade).
2. O álcool causa depleção de magnésio devido ao seu efeito diurético. Nos hepatócitos, o etanol pode bloquear completamente a captação de Mg (75). Um mecanismo semelhante pode ocorrer no rim. Indivíduos com alcoolismo frequentemente apresentam níveis reduzidos de PTH, o que pode contribuir ainda mais para níveis séricos baixos de Mg e, consequentemente, para o aumento da incidência de osteoporose e doenças cardiovasculares observadas nessa população.
3. A maior frequência de consumo de refeições preparadas fora de casa foi associada à inadequação na ingestão de minerais, como o magnésio e o cálcio, possivelmente associada à qualidade da água de fervura dos alimentos e à menor ingestão de fibras alimentares (presentes em vegetais).
4. A chuva ácida é rica em ácido nítrico, que retira cálcio e magnésio do solo para tentar neutralizar a acidez e, consequentemente, esgota esses minerais do solo.
5. A cafeína em níveis não moderados causa depleção de magnésio com seu efeito diurético. Também estimula as glândulas suprarrenais, causando picos de adrenalina e perda de Mg.
6. A maioria dos medicamentos causa depleção de magnésio, especialmente os que contêm átomos de flúor. Os antiácidos, como o Omeprazol, neutralizam o ácido estomacal, prejudicando a absorção passiva do magnésio. Outros exemplos incluem a insulina, os inibidores do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR), os inibidores da calcineurina, cisplatina/carboplatina e alguns antimicrobianos (como os aminoglicosídeos, a pentamidina, a rapamicina e a anfotericina B).
7. Os fertilizantes não substituem os minerais necessários, mas são ricos em fósforo, potássio e nitrogênio. O excesso de potássio e fósforo é preferencialmente absorvido pelas plantas, inibindo a absorção de magnésio.
8. O flúor na água, em procedimentos odontológicos, em cremes dentais e em medicamentos liga-se ao magnésio, tornando-o indisponível para o corpo. O fluoreto de magnésio (MgF2), denominado selaíta, é um composto insolúvel e substitui o magnésio nos ossos e cartilagens por uma substância cristalina frágil e instável.
9. O processamento e cozimento de alimentos pode diminuir os níveis de magnésio. O teor de água de Mg pode ser significativo não só na água utilizada para beber, mas também na água utilizada para cozinhar. Uma concentração mais elevada de Mg na água utilizada para ferver pode reduzir a fuga de Mg nos alimentos durante a cozedura, e pode reduzir a perda de Mg nos alimentos fervidos. (Importante considerar que a biodisponibilidade de Mg na água potável é geralmente mais alta do que a sua biodisponibilidade em alimentos. Enquanto adicionar Mg na água serve como uma via de solução, adicionar Mg em alimentos é virtualmente impossível.)
10. Herbicidas como o Roundup ligam-se ao magnésio, tornando-o indisponível para utilização pelas plantas por décadas.
11. Os pesticidas sintéticos matam os microrganismos e, portanto, perde-se a sua função de processar o solo e decompor os minerais, o que significa que menos minerais são absorvidos pelas plantas.
12. Doenças intestinais, incluindo síndrome do intestino irritável (SII), intestino permeável, sensibilidade ao glúten e à caseína, fungos e parasitas, interferem na absorção de Mg.
13. Alimentos nutricionalmente “vazios”, especialmente produtos açucarados, drenam o magnésio. O fígado precisa de 28 átomos de magnésio para processar uma molécula de glicose. A frutose requer 56 átomos de magnésio.
14. Carne de animais que ingerem alimentos com baixo teor de magnésio apresentam baixo teor de magnésio, um alerta para dietas paleo.
15. Dietas ricas em proteínas podem diminuir a absorção de magnésio, exigindo maior quantidade do mineral para digestão e assimilação. Por outro lado, dietas com baixos níveis de proteína também podem inibir a sua absorção.
16. Os ácidos graxos trans e a deficiência de minerais alteram a integridade da parede celular, tornando-as mais rígidas, o que afeta a função do receptor local e impede o fluxo de nutrientes para dentro ou para fora das células.
17. O sal marinho não refinado é de fato rico em magnésio (cerca de 12% da massa de sódio), embora o sal refinado, popularmente mais utilizado, seja em nível industrial ou doméstico, não possua esse mineral.
18. A perda de Mg durante o refino de alimentos é considerável: farinha branca (−82%), arroz polido (−83%), amido (−97%) e açúcar branco (−99%). Desde 1968, ocorreu uma redução de 20% no teor de Mg no trigo, provavelmente devido ao solo ácido, diluição da produção e fertilização desequilibrada da cultura (altos níveis de nitrogênio, fósforo e potássio).
19. A terapia com sauna pode causar perda mineral suficiente através da transpiração para criar sintomas de deficiência de Mg.
20. Uma dieta deficiente em vitamina B6 pode levar a um balanço negativo de Mg através do aumento da sua excreção.
22. Estresse ou trauma de qualquer tipo – físico, mental, emocional, ambiental – pode causar deficiência de magnésio. A deficiência de ácido estomacal devido ao estresse resulta na diminuição da absorção de magnésio.
23. As necessidades de Mg dependem da faixa etária. Pessoas mais velhas, p. ex., o absorvem menos no intestino, além de perdê-lo mais devido a uma excreção renal aumentada. Pesquisa inicial vem reportando sobre a importância do Mg nos níveis hormonais, especialmente em mulheres nas fases de transição da pré, peri e pós-menopausa.
24. Os taninos do chá ligam e removem minerais, incluindo o Mg.
25. Baixos níveis de potássio podem aumentar a perda urinária de Mg.
26. A suplementação com cálcio em alta dose pode competir com a absorção de Mg, bem como a suplementação com altas doses de vitamina D pode influenciar negativamente nos níveis de Mg por meio do aumento da absorção de cálcio, o que implica num maior risco de calcificações arteriais. No entanto, em relação ao cálcio numa faixa etária jovem, Andon et al. (1996) demonstraram em um estudo com 26 meninas adolescentes que a alta ingestão de cálcio (1,667mg/d) não teve impacto relevante nas medidas de utilização de Mg, incluindo a taxa de absorção ou excreção urinária ou fecal. Da mesma forma, Wastney et al. (1997) encontraram que a alta ingestão de cálcio (1,800 mg/d) por meninas adolescentes não alterou a cinética ou o equilíbrio do Mg, em comparação com uma ingestão de cálcio de 800mg/d. Isso indica que são necessários estudos para investigar os mecanismos de equilíbrio entre o Mg e o Ca em faixas etárias diferentes.
27. Altas doses de zinco podem interferir com o Mg. Nielsen e Milne (2004) relataram que uma ingestão de 53mg de zinco/dia ao longo de 90 dias pode diminuir o equilíbrio do Mg. O mesmo pode ocorrer com o excesso de ferro, cobre, fósforo e manganês. Entretanto, os estudos utilizaram doses não fisiológicas dos minerais. Quando essas substâncias são consumidas dentro de uma faixa fisiológica, como a presente em uma dieta regular, os efeitos inibidores não foram observados.
28. O alumínio dietético pode levar ao déficit de magnésio, reduzindo a sua absorção em aproximadamente cinco vezes, reduzindo a retenção de magnésio em 41% e causando uma redução de magnésio nos ossos.
29. O tratamento urbano da água potável reduz o magnésio, incluindo a técnica de dessalinização da água.
30. Hipomagnesemia genética.
Obs.: Alguns componentes das plantas como o ácido oxálico, o ácido fítico bem como a celulose podem inibir a absorção de Mg. No entanto, a queda aparente na absorção de Mg causada por essas moléculas pode ser compensada pelo aumento da ingestão de Mg presente nas mesmas plantas. Adicionalmente, foi demonstrado que as fibras alimentares fermentáveis, como os fruto-oligossacarídeos, também presentes nas plantas, diminuem o pH cecal, aumentando consideravelmente a absorção de Mg em humanos e animais (10-25%). Portanto, mais estudos sobre o Mg ligado à clorofila e outros elementos são necessários para alguma afirmação relacionada aos atualmente chamados “antinutrientes” vegetais.
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Excelente!!!
Olá Dra. Márcia, agradecemos imensamente seu feedback ♥ Um grande abraço, Essentia Group
Excelente matéria sobre magnésio! Muito esclarecedora e totalmente imparcial. Parabéns por mais um valioso conteúdo para o Blog.
Olá Dr. Fabiano, agradecemos imensamente seu feedback ♥ Um grande abraço, Essentia Group