Tratamento da hiperpigmentação

O que é hiperpigmentação?

A hiperpigmentação é um quadro estético comum, caracterizado por manchas cutâneas, que podem afetar a autoestima e a qualidade de vida das pessoas ⁽¹⁾. Seu surgimento acontece a partir do aumento na produção e no depósito de melanina ⁽²⁾, desencadeado por diversos fatores, como veremos a seguir.

A melanina possui o importante papel fisiológico de promover fotoproteção à pele, refletindo a radiação UV. Por esse motivo, a luz do sol estimula a produção de melanina, e a exposição solar em excesso pode levar ao surgimento de manchas cutâneas.

Outros fatores externos, como as inflamações (lesões, acnes e pós-peeling), variações hormonais (comuns na gestação e na menopausa), o envelhecimento e o uso de medicamentos (contraceptivos e fármacos fotossensíveis) também podem interferir na melanogênese, levando à hiperpigmentação ⁽²⁾.

Para controlar e tratar essas manchas na pele, a dermatologia possui uma variedade de ativos que atuam reduzindo a hiperpigmentação em diferentes formas de aplicação. E, para oferecer alternativas seguras e eficazes para a sua prática clínica, trouxemos neste material o que os estudos recentes apontam sobre as características, os meios de ação e as aplicações dos principais ativos disponíveis para o tratamento da hiperpigmentação cutânea.

SabiWhite^® (95% tetrahidrocurcumina)

Efeito despigmentante comparável à hidroquinona.

Ativo derivado da cúrcuma, padronizado em 95% de tetrahidrocurcuminoides, com potencial terapêutico na diminuição da melanogênese e no tratamento de manchas cutâneas. Um estudo controlado por placebo foi realizado para comparar o efeito despigmentante de um creme contendo 0,25% de SabiWhite^® (95% tetrahidrocurcumina) com a hidroquinona a 4%. No final da avaliação de 4 semanas, foram encontrados resultados no clareamento de manchas cutâneas equivalentes aos resultados obtidos com hidroquinona mas com menor risco de efeitos colaterais. ⁽⁵⁾

Dose sugerida: 0,25 a 0,5% em creme.

Nanoácido kójico

Substância altamente biodisponível e biocompatível.

Substância composta por nanopartículas lipídicas contendo 3% do éster ácido kójico dipalmitato, uma forma estável e lipossolúvel amplamente utilizada em dermatologia. Esse sistema prolonga o tempo de liberação e de contato com a pele desse ácido, conferindo uma maior biodisponibilidade, biocompatibilidade e eficácia ao ativo. Seu mecanismo de ação passa pela quelação do íon cobre presente na enzima tirosinase, inibindo a sua ativação e, consequentemente, sendo eficaz na redução de desordens de hiperpigmentação cutânea. ⁽⁶⁾

Dose sugerida: 0,5 a 4% em sérum, gel-creme, loção ou creme.

Ergotioneína

Controla a hiperpigmentação e protege a pele contra os danos solares.

Ativo muito usado em cosmésticos, demonstrando ser eficaz, estável e bem tolerado para uso tópico. ^{(7, 8)} Estudos apontam a sua capacidade de proteção contra os danos causados pelos raios gama e UV, além do controle da hiperpigmentação e dos sinais relacionados à idade. ^{(7, 9)} Quando associada com outros ativos clareadores, como a hidroquinona, a ergotioneína confere maior estabilidade e melhor tolerância ao uso do creme, reduzindo a irritação da pele comumente causada pelo composto clareador. ⁽⁸⁾

Dose sugerida: 0,1 a 1% em creme ou sérum.

Cisteamina

Reduz a concentração de melanina na epiderme.

Naturalmente presente no corpo humano, a cisteamina reduz a concentração de melanina na epiderme via inibição da melanogênese, melhorando as marcas pigmentadas. ⁽³⁾ Esse efeito foi observado em estudo com pacientes com melasma, nos quais o uso de creme contendo 5% de cisteamina diminuiu a concentração dos pigmentos e as manchas de forma significativa. ⁽³⁾ Quando comparada à hidroquinona, a cisteamina apresentou resultados semelhantes em relação à redução da área e da severidade do melasma. ⁽¹⁰⁾ Além disso, essa substância também pode ser utilizada em clareadores para a área íntima. ⁽¹¹⁾

Dose sugerida: 0,5 a 5% em creme.

Vitamina C tópica

Firmeza, elasticidade, clareamento e proteção contra a hiperpigmentação.

Ativo que está naturalmente presente na pele e que exerce um papel essencial para a saúde desse órgão, estimulando a síntese de colágeno e protegendo-a contra os danos dos radicais livres.⁽³⁶⁾ Estudos apontam que a administração tópica da vitamina C contribui para a firmeza, elasticidade, hidratação e uniformidade da pele, protege contra os danos solares, melhora a aparência de peles fotoenvelhecidas e possui ação despigmentante. ^{(12, 13, 36)} Sua ação no clareamento das manchas cutâneas envolve a inibição da tirosinase e a redução da L-dopaquinona em L-dopa, bloqueando a formação de melanina. ^{(12, 13)} Pode, também, proteger contra a hiperpigmentação causada pelos raios UVA, segundo resultados in vitro. ⁽¹⁴⁾

No entanto, a estabilidade e a absorção da vitamina C na pele são desafios para a dermatologia, sendo necessária a escolha de ativos que potencializem a sua ação, como as duas alternativas mencionadas abaixo.

Rednano C^®

Vitamina C lipossolúvel nanoencapsulada.

Associação nanoencapsulada de palmitato de ascorbila (forma mais lipossolúvel da vitamina C) aos óleos de açaí e framboesa (ricos em vitamina C e outros antioxidantes). O nanoencapsulamento confere maior estabilidade, melhor permeabilidade e um tempo superior de ação ao ativo, potencializando a atividade da substância na pele.

Dose sugerida: 1 a 10% em emulsões, gel-creme, cremes, loções, shampoo e condicionadores.

VC-PMG^®

Complexo de vitamina C hidrossolúvel.

É um complexo de vitamina C hidrossolúvel (Fosfato Ascorbil Magnésio) exclusivo para uso tópico, com alta estabilidade à oxidação e rápida penetração até a derme. A utilização do VC-PMG^® é indicada em produtos regeneradores, clareadores de manchas e de antienvelhecimento cutâneo. Pode ser utilizada em áreas sensíveis, como a região íntima.

Dose sugerida: 1 a 10% em géis, géis-creme e loções.

Belides^TM

Controla a formação de melanina e reduz sua concentração na epiderme.

Extrato botânico obtido das flores de Bellis perennis (margarida), rico em fitoquímicos e capaz de modular a melanogênese via redução da síntese de tirosinase, além de diminuir a transferência dos melanossomos formados para as células epidermais, controlando a pigmentação da pele. ⁽¹⁵⁾ Belides^TM atua também como antioxidante, reduzindo a formação de radicais livres durante o processo de melanogênese. Além disso, protege os queratinócitos do dano causado pelos raios UVA, indicando efeito fotoprotetor do extrato. ^{(15, 16)} Pode ser utilizado na gestação e em peles sensíveis, inclusive na área íntima.

Dose sugerida: 2 a 5% em cremes, géis-cremes e loções.

Phloretin

Uniformização do tom da pele e proteção contra o fotoenvelhecimento.

Composto polifenólico, encontrado originalmente na maçã. Apresenta potente atividade antioxidante e anti-inflamatória, protegendo a pele dos efeitos nocivos dos radicais livres que aceleram o envelhecimento celular. ⁽¹⁷⁾ É capaz de controlar a hiperpigmentação cutânea via redução da atividade da tirosinase e pela redução da l-dopaquinona em l-dopa, inibindo a formação de melanina. ⁽¹⁸⁾ Além disso, pode ser usado nas áreas sensíveis, como a região íntima.

Dose sugerida: 0,2 a 2% em séruns e cremes.

TGP-2 Peptídeo^®

Análogo de TGF-β, com ação anti-inflamatória e inibidora da síntese de melanina.

Ativo oligopeptídeo análogo ao fator de crescimento transformador beta (TGF-β), eficaz no tratamento de manchas hipercrômicas faciais e na redução do crescimento de pelos. O fator de crescimento TGF-β é capaz de inibir a melanogênese via degradação do seu fator de transcrição (MITF), ^{(19, 20)} além de controlar níveis de mediadores inflamatórios. Dessa forma, o TGP-2 Peptídeo^® pode ser indicado para a prevenção e tratamento do melasma, quadros de hiperpigmentação pós-inflamatória e para o clareamento de peles e áreas sensíveis, incluindo a área íntima.

Dose sugerida: 1 a 3% em emulsão, gel e gel-creme.

Alpha-arbutin

Ação despigmentante com melhor tolerabilidade que a hidroquinona.

Derivado glicosilado da hidroquinona, considerado seguro e melhor tolerado que seu precursor. Estudos clínicos demonstram a sua ação despigmentante, que ocorre pelo bloqueio da biossíntese epidermal da melanina. ⁽²¹⁾ Seu uso é considerado seguro para peles sensíveis, área íntima e gestantes. ^{(22, 23)}

Dose sugerida: 0,5 a 2% em cremes faciais e até 0,5% em loções corporais. A associação com outros despigmentantes potencializa sua ação. ⁽²³⁾

Ácido retinoico

Benefícios rejuvenescedores para o combate de manchas e linhas finas.

Ácido amplamente utilizado em dermatologia, com mecanismos de ação que incluem o estímulo à proliferação e à diferenciação dos queratinócitos, o aumento da produção de colágeno, a inibição da atividade da tirosinase e da síntese de melanina e a redução da transferência de melanossomas para a epiderme. ^{(37, 38)} Através disso, ele é capaz de promover a renovação celular e a redução de manchas cutâneas, melhorando a uniformidade do tom e da textura da pele.

Ainda, uma revisão sistemática concluiu que o ácido retinoico também reduz rugas finas e linhas de expressão em peles fotoenvelhecidas. ⁽³⁸⁾ Sua ação sobre a pele também facilita a penetração de outros tratamentos tópicos e ajuda na prevenção da hiperpigmentação pós-inflamatória, mostrando resultados positivos em pacientes em tratamento para vitiligo. ⁽³⁹⁾

Dose sugerida: 0,025 a 0,1% em cremes.

Hidroquinona

Inibidor altamente eficaz da tirosinase.

Considerada o tratamento padrão para o clareamento de manchas cutâneas, a hidroquinona é o ativo despigmentante mais estudado. Pesquisas indicam que o seu uso, isolado ou combinado com ácido retinoico e corticoides tópicos, apresenta a maior eficácia no tratamento do melasma. ^{(37, 40)} Isso, porque ela age inibindo a conversão de DOPA em melanina, por meio da inativação da tirosinase, e degrada melanossomos e melanócitos, contribuindo para o clareamento de manchas causadas pelo excesso de produção de melanina. ⁽⁴⁰⁾ No entanto, a hidroquinona pode causar efeitos adversos em pacientes sensíveis, como irritação cutânea, eritema e descamação. Além disso, é sensível à luz solar, não sendo recomendado seu uso durante o dia ou no verão. ⁽⁴⁾

Dose sugerida: 2 a 4% em cremes.

Vitamina C tópica

Segundo a literatura, seu uso é seguro durante a gravidez. ^{(13, 27)} Dessa forma, sugerimos o ativo VC-PMG^®, forma estável e bem tolerada da vitamina C para uso dermatológico.

Concentração recomendada para gestantes: 1 a 5%.

Niacinamida

Seu mecanismo de ação envolve a redução da transferência de melanina para os queratinócitos, diminuindo o acúmulo desse pigmento na pele. Além disso, essa substância atua como anti-inflamatório e protege contra os danos solares, contribuindo para a prevenção do melasma gestacional. ⁽²⁵⁾

Concentração recomendada para gestantes: 2 a 4%.

Alpha-arbutin

De acordo com estudos, a baixa absorção sistêmica e a menor toxicidade desse ativo, em comparação com a hidroquinona, o tornam seguro para o uso durante a gravidez. ⁽²²⁾

Concentração recomendada para gestantes: 0,5 a 2% em cremes faciais; 0,5% em loções corporais.

Ácido azelaico

Ativo inibidor de tirosinase, com bom perfil de segurança e raros casos de efeitos adversos, como eritema e ardência. Um estudo com gestantes observou redução das manifestações do melasma, sem efeitos tóxicos sistêmicos. ⁽²⁶⁾ Sugere-se o uso em pequenas áreas após o primeiro trimestre da gestação. ⁽²⁸⁾

Concentração recomendada para gestantes: até 15% em gel.

Belides^TM

Substância segura para uso no clareamento do melasma gestacional, com proteção contra os danos causados pelos raios UV, contribuindo para a prevenção do surgimento de manchas nessa fase. ⁽¹⁶⁾

Concentração recomendada para gestantes: até 3%.

Produtos Essential Nutrition e Noorskin

Opções para complementar os tratamentos sugeridos e potencializar os resultados: